A gente nunca sabe

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     - E como tá o relacionamento de vocês Bel? Ele te trata bem?
     - Sim, quando raramente a gente se vê ele é muito carinhoso comigo, trata o bebê como se fosse dele.
     - Por que raramente ? - pergunto intrigado.
     - Porque ele é médico e vive fazendo plantões e quando não tá nos plantões surge uma emergência, ligam pra ele e Ele tem que sair correndo.
     - Nossa Bel! Agora eu fiquei preocupada com você, porque uma mulher grávida não pode ficar assim tão sozinha. Se eu sem estar grávida preciso do Kevin comigo vinte e quatro horas por dia imagine você.
     - Pois é Frô! Mas não fique preocupada não, a mamãe vem aqui todos os dias me ver.
     - A nossa mãe é um anjo mesmo. Eu também queria estar com você todos os dias mas a gente mora tão longe.
     - Frô já disse que não precisa se preocupar, eu tô bem, a gravidez têm sido super tranquila, quase não sinto enjoo e raramente sinto dores, só tô um pouquinho inchada como vocês podem ver. Mas tá sendo tão tranquilo sabe. Tá sendo uma delícia estar grávida, é muito boa a sensação de estar gerando uma vida dentro de você, e a conexão com o bebê é coisa de outro mundo, eu nem vi o rostinho dele ainda, mas é tanto amor que eu sinto por ele que nem dá pra explicar. Só você sentindo pra saber. Aliás, quando vai sair o meu sobrinho? Daqui a pouco vocês fazem vinte anos de casado e nada do meu sobrinho. Frô você tem que experimentar estar grávida, é tão bom, eu nunca me senti tão bem comigo mesma e tão feliz assim. Vocês já são um casal perfeito agora só faltam os filhos.
     - Isso Bel! Incentiva a sua irmã aí! Porque tá difícil dela querer um filho, o que adianta eu querer e ela não? Ela sabe que eu sou louco pra ter um filho com ela.
     - Amor a gente já conversou sobre isso. Ainda mais agora que estamos abrindo outro restaurante, a nossa vida vai ficar mais corrida ainda.
     - Vocês estão abrindo outro restaurante?
     - Sim Bel. Graças à Deus conseguimos um bom dinheiro pra abrir outro...
     - Outro de muitos meu amor.
     - Eu tenho certeza que sim Kevin. Nossa! Tô tão feliz por vocês. Que maravilha hein! Que vocês cresçam mais e mais.
     - Obrigada Bel!
     - Vocês merecem.
     - A Frô merece. Porque foi com o talento dela que nós conseguimos recursos pra abrir outro.
     - Bel ele tá sendo modesto, vinte e cinco por cento do dinheiro foi do processo que ele ganhou contra a mãe dele.
     - Por falar nisso e como tá a sua mãe Kevin? Ela melhorou?
     - Ela tá passando por tratamento, tá fazendo acompanhamento psicológico e tomando medicamentos.
     - Caramba! Então é grave o que ela têm?
     - Não muito, é excesso de cansaço e estresse que ela acumulou por trabalhar  mais que o corpo podia aguentar por muitos anos sem parar.
     - Igual a mamãe né Frô? Ela também trabalhava pra caramba.
     - Era mesmo. Mas graças a Deus ela não teve sequelas. Acho que foi porque a dona Milena começou muito nova.
     - É deve ser.
...
Algumas horas depois...
     - Bel eu e o Kevin já vamos ok? - diz Frô se levantando do sofá.
     - Mas já? Vocês não querem esperar o Gabriel chegar? Daqui a mais ou menos vinte minutos ele tá aí.
     - Nós infelizmente temos que ir Bel, tá tudo muito corrido no restaurante, a gente ainda tem que passar lá pra fechar...
     - Tudo bem. Mas vê se não some viu Frô! E você também Kevin! Porque a última vez que nós nos vimos foi à três meses atrás no meu casamento.
     - Mas essa demora toda Bel foi por conta da correria pra abrir o novo restaurante e por conta do processo contra a minha mãe. Mas agora que já vamos inaugurar o restaurante e eu já venci o processo, vamos ter mais tempo de sobra.
     - É verdade. Aí eu prometo que vou estar aqui tanto que você vai até enjoar de me ver.
     - Nunca!
     - Então vamos meu amor?
     - Vamos meu bem.
     - Tchau Bel! - Frô a abraça.
     - Tchau Frô!
     - Tchau! - a abraço.
     - Tchau Kevin!
     - Vão com Deus!
     - Obrigada Bel!
...

Tempo depois chegamos no litoral. Mais precisamente no restaurante.
     - Oi gente e aí como estão as coisas?
     - Tudo sob controle seu Kevin.
     - Já dá pra fechar?
     - Ainda não dona Frô. Estamos terminando o pedido daquele cliente ali.
     - Que cliente Dan? - ela sai da cozinha.
Começo a ajudá-los.
Quando tudo estava pronto fomos levar o pedido ao cliente.
Me deparo com Afrodite sentada na mesa conversando com o cliente, chego mais perto e vejo que o cliente era Anderson, o filho do seu Lourenço.
     - Olha amor quem é! Lembra do Anderson, filho do seu Lourenço? - diz ela empolgada.
     - Me lembro sim amor.
     - Não vai dizer "Oi", Kevin? - diz ele sorrindo.
     - Tá aqui o seu pedido! Bom apetite! - coloco o prato na mesa.
     - Você é garçom daqui Kevin?
     - Não. Sou o chefe. Mas quando chega um cliente na hora de fechar, geralmente é alguém que vale a pena ai eu mesmo tenho o prazer de vir servir, mas a gente nunca sabe né?!
     - Kevin! - Afrodite da uma cotovelada no meu braço.
     - Frô estamos precisando de você lá dentro.
     - Eu já estou indo meu bem.
     - Meu anjo, no caso é agora! - começo a perder a paciência.
     - Caramba Kevin! Faz dez anos que eu não vejo o Anderson, ele deve ter tanta coisa pra contar. Senta aqui com a gente!
     - Não obrigado! Eu tenho mais o que fazer, tenho um restaurante pra fechar. Se você não se preocupa eu me preocupo. Fica aí conversando que eu tenho muito o que fazer! - saio de lá e entro na cozinha novamente.
     - O que que tá pegando seu Kevin?
     - Esse cara. Ele não presta. E a Afrodite insiste em ficar lá com ele.
     - Vocês se conhecem da onde?
     - É uma longa história Alexsander, pra outra hora.
     - Entendi.
...
Minutos depois tudo estava pronto pra fechar o restaurante, e ela continuava sentada conversando com ele.
     - Vamos embora Frô?
     - Vamos meu amor! Desculpa Andy, mas a gente tá fechando, temos que ir.
     - Tudo bem Frô! Logo nos veremos de novo. Ai a gente mata toda saudade desses dez anos sem se ver. Foi um prazer te ver de novo. - ele beija a mão dela. - Foi bom te ver também Kevin. - ele sorri.
     - Eu já não posso dizer o mesmo.
     - Kevin! - ela pisa no meu pé. Não liga não Andy ele só está muito cansando porque trabalhou muito hoje.
     - Entendo.
     - Vamos embora logo Afrodite!
     - Vamos minha vida. Tchau Andy!
     - Tchau Frô! - ele a abraça.
Meu sangue ferve, me seguro pra não tirar aquele sorrisinho da cara dele no murro.
     - Tchau Kevin!
Não respondo. Ele vai embora, mas antes de sair da porta pisca pra Afrodite, e ela olha pra mim com cara de "Não tenho nada a ver com isso".
Nós logo vamos embora também.
    

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