O exame

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     - Bom dia mãe! Pronta pra mais uma surpresa? - digo sorrindo.
     - Não Kevin. Eu não quero surpresa nenhuma.
     - Como assim mãe? Por que não? - o sorriso que estava em meu rosto vai se desmanchando.
     - Eu não quero sair daqui. Eu não posso sair daqui...
     - Mãe mas você precisa sa...
     - Me deixa em paz! Por que você insiste tanto? Será que eu não posso ter paz na minha própria casa. Eu sei o porque você quer que eu saia, mas eu não vou sair você não vai conseguir me fazer mal.
     - Mal? Como assim mãe? Pelo contrário, eu só quero o seu bem.
     - Mãe? Agora eu entendi tudo, você está tentando fingir ser o meu filho Kevin, só pra tentar me tirar daqui e me fazer mal. Mas você não vai conseguir, eu sei que você não é o meu filho. Ele não está mais aqui, Ele foi embora, me deixou, porque aquela lá, convenceu ele a fazer isso, mas eu sei que ele não queria, porque ele me ama e nunca me deixaria aqui sozinha com vocês.
Eu fico chocado com a reação da minha mãe, fico paralisado ao ouvir ela dizer essas coisas.
     - Saia daqui! Agora! Você não é o meu filho. Eu sei que você só quer me fazer mal. Sai! - ela começa a me empurrar da cama dela.
     - Mãe sou eu o Kevin. Sou eu sim mãe. Para com isso! Tá tudo bem.
Ela para de me empurrar e olha fixamente pro meu rosto por alguns segundos.
     - Kevin! Que bom que você está aqui. - ela começa a chorar e me abraça. Eu choro junto.
Minutos depois ela se acalma e acaba dormindo.
Eu desço pra sala correndo atrás do meu pai.
Ele não estava, vou à biblioteca porque sabia que ele estaria lá.
Encontro meu pai sentado na poltrona chorando enquanto via um álbum de fotografias.
     - Pai!
     - Eu ouvi. Eu ouvi os gritos dela. Me desculpa, mas eu não suporto ver ela assim, eu não aguento...
Eu o abraço e choro com ele.
     - Eu pensei que ela estivesse melhorando pai.
     - Tem dias que ela acorda bem, mas em outros ela tem crises horríveis, que ficamos horas tentando acalma-la.
     - Pai! Por que você não me contou antes que era assim tão grave? Eu já teria vindo faz tempo, eu pensei que essas crises fossem raras e não tão agressivas assim.
     - E não eram. Mas parece que quanto mais o tempo passa, mais grave fica.
     - Não dá pra esperar. Precisamos levar ela ao hospital agora pra fazer novos exames.
     - Sim. Vamos aproveitar que ela se acalmou e colocar ela dentro do carro pra levá-la até o hospital.
     - Ok.
Pegamos minha mãe e a levamos para o hospital.
Chegando lá ela acordou, mas estava calma, fez todos os exames que o doutor exigiu.
No fim do dia os resultados estavam prontos.
     - E então doutor o que ela tem?
     - Além dos problemas psicológicos que já havíamos diagnosticado antes, ela está com um tumor no estômago...
     - E?
     - O tumor está grande, vários órgãos próximo e já foram afetados.
Eu sinto um frio na barriga, meu coração acelera, e sem eu controlar começam a descer lágrimas dos meus olhos.
Meu pai abaixa a cabeça e começa a chorar como uma criança.
     - Eu lamento muito, muito mesmo... mas... mas agora é irreversível, não há mais nada que podemos fazer, além de através de tratamentos dar mais alguns meses de vida pra ela.
     - Seu irresponsável! Seu médico de merda! Já fazem cinco meses que a minha mãe se trata com você e você foi descobrir agora essa droga de câncer?
     - Os nossos exames só foram psicológicos,  pois ela só apresentava sintomas de síndrome do pânico. Mas agora que ela alegou já fazer tempo que sente uma dores no estômago, nós resolvemos fazer esse exame.
     - Seu médico de merda! Seu incompetente! - pego o médico pela gola da camisa e vou pra cima dele com socos, ele revida, eu caio no chão e minhas vistas escurecem...
    

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