Sempre que seu irmão a acordava, àquela hora da manhã, significava que era o seu dia de sair para caçar com o pai. Koralline e seu irmão, Wellin, revezavam de semana a semana quem iria com o pai e quem iria à cidade de Riverwood, tentar vender, carnes, chifres, couros e algumas peles para os ferreiros. Koralline gostava muito de caçar com o pai. Ele sempre dizia que ela era muito hábil com o arco, o que não era exagero, já que Koralline quase sempre acertava o alvo.
Koralline era bem alta para a sua idade. Com apenas dezesseis anos tinha o corpo de uma mulher feita. O seu cabelo era longo e loiro, ela o prendia em um rabo de cavalo para não atrapalhar seu campo de visão. Quando Koralline chegou ao pequeno cômodo, onde faziam suas refeições, encontrou seu pai de pé já com tudo preparado. Ele era um homem corpulento e alto com cabelos tão loiros, quanto o dela. Era um ótimo e honesto caçador, mas com a guerra civil que se espalhou por toda Skyrim, ficou difícil ganhar a vida dessa maneira. Tinha bastante tempo que não conseguiam ganhar uma quantidade razoável de ouro.
– Já está pronta? – perguntou ele assim que a viu.
– Sim, estou – respondeu Koralline ajeitando o arco que um dia pertenceu a sua mãe. Não havia um único dia, em que seu pai não falava o quanto sua mãe era uma ótima arqueira e que Koralline crescia como um reflexo dela. Isso sempre a deixava feliz.
Ela não tinha muitas lembranças da mãe. Seu pai disse que ela havia morrido quando Koralline tinha apenas meses de vida. Ela foi morta por um Tigre-de-dente-de-sabre e Koralline não tinha nem um ano de vida quando isso aconteceu. Seu pai havia matado a fera e desde então usava sua pele como tapete em seu quarto.
– Muito bem, então vamos – disse seu pai já saindo da pequena cabana – Pretendo voltar até a próxima alvorada e com uma boa caçada. Hoje nós iremos mais profundo na floresta. Próximo ao acampamento dos gigantes.
Koralline não conseguia disfarçar o medo e a ansiedade quando ouviu a menção dos gigantes. Ela nunca vira um de perto e seu pai jamais se aproximava de seus acampamentos. Seu irmão vivia enchendo-a de histórias, de como eram enormes e que a cada passo a terra tremia. Havia também os mamutes, que eram maiores do que a própria cabana onde moravam. Os gigantes usavam eles como montaria e era incrível de imaginar. Koralline se perguntava quanto ouro conseguiriam se vendesse pele e presas de mamute.
Seu pai disse alguma coisa para Wellin antes dos dois finalmente saíram para a caçada e Koralline estava entusiasmada por talvez ter a chance de ver, ao menos de relance, os tão temíveis gigantes. Seu pai a encarou como se tivesse lido sua mente e balançou a cabeça em negação.
– Se eu fosse você não ficaria muito animada com essa caçada, minha filha – disse ele em um tom de censura – os gigantes podem ser pacíficos, mas se eles por acaso se sentirem ameaçados não hesitarão em matar. Já vi um homem ser lançado a quinze metros do chão por apenas ter encarado por tempo demais os olhos de um gigante – seu pai deu uma pausa no que estava dizendo e olhou para os lados. Parecia ter escutado alguma coisa, mas após perceber que não era nada, voltou-se para Koralline – bem, de qualquer forma não queira ver um gigante, e se isso ocorrer não olhe para ele, apenas siga seu caminho calmamente. Está me entendendo?
Koralline assentiu nervosamente com a cabeça. Nunca tinha visto seu pai tão sério.
Quando chegaram mais fundo na floresta, o animal mais comum que encontravam eram somente pequenos coelhos que não valiam ouro nenhum, mas mesmo assim enchiam a barriga e por isso Koralline havia capturado três para o jantar. Seu pai disse que da última vez que veio caçar com Wellin eles avistaram um veado enorme naquela área, por isso trouxe Koralline para essa região mais ousada. Passou quase que metade do dia, quando finalmente acharam o que procuravam, o pai de Koralline pediu para ela ficar parada e avançou silencioso como uma sombra. Ela tirou seu arco, puxou uma flecha e acertou o veado enorme bem no olho esquerdo. O pobre animal caiu e se contorceu por breves segundos até morrer.
Pele de veado era a principal fonte de renda da família. Faturavam no mínimo umas quinhentas moedas de ouro e a sua carne era apetitosa o suficiente para fazer um ótimo ensopado com alguns legumes.
Quando anoiteceu Koralline e seu pai acenderam uma fogueira e comeram os três coelhos. Seu pai lhe ensinou tudo o que ela precisava saber para sobreviver na floresta: Caçar, esfolar animais e até pescar com uma lança improvisada. Koralline carregava sempre contigo uma pequena adaga de ferro presa ao seu cinto, não muito afiada, mas dava para o gasto. Com aquele enorme veado seu pai já parecia satisfeito.
– Assim que amanhecer nos iremos voltar para casa – Ele disse enquanto colocava alguns galhos na fogueira, pois estava muito frio aquela noite. Queria ao menos ter visto os gigantes ou as costas de algum mamute Koralline pensou chateada.
Ao amanhecer os dois recolheram a caça e pegaram o caminho para sua cabana. Seu pai sempre evitava as estradas, pois segundo ele era o lugar favorito para ladrões atacarem viajantes desprevenidos.
– Espero que seu irmão tenha conseguido ao menos duzentas peças de ouro com nossa última caçada – disse seu pai dando um sorriso satisfeito – você foi ótima hoje filha. Está se tornando uma ótima caçadora. Amanhã iremos treinar mais um pouco sua arquearia.
Koralline não disse nada. Ainda estava pensando nos gigantes que ela não teve chance de ver, mas não era bom pensar neles. Como seu pai havia dito, gigantes não eram nada amigáveis e ela não ganharia nada vendo algum. Exceto uma grande história para Wellin, lamentou.
Eles estavam quase chegando, mas seu pai parou bruscamente quando avistou uma enorme nuvem de fumaça negra subindo rapidamente da direção onde ficava sua cabana.
– Por Talos, o que é isso? – sem perder tempo, ele correu em direção à cabana deixando sua caça para trás – não me siga, Koralline! – ordenou bruscamente. – Vigie nossas coisas e se eu não voltar em dez minutos corra em direção a Riverwood, me entendeu?
Sem esperar por uma resposta seu pai correu em direção à cabana. Koralline estava tremendo de medo e seus olhos começaram a se encher de água, mas ela fez o que lhe foi pedido e ficou junto com os seus pertences. Que Talos nos dê forças rezou em silêncio.
– Mas olhe o que temos aqui – disse uma voz rouca, recheada de prazer atrás de Koralline que nem teve a chance de se virar.
Uma mão enorme a agarrou por trás e outra encostou uma adaga em sua garganta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Skyrim: As Aventuras de Koralline
FanfictionKoralline é uma jovem caçadora nórdica de 16 anos que vivia uma vida pacífica com seu pai e irmão, até o dia em que um grupo de ladrões nomeados de "Ratos de Riften" atacam a cabana onde eles viviam e matam todos a sangue frio, exceto ela. Após ser...