CAPÍTULO TRÊS: O Redguardiano.

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    Após correr quase o dia todo, Koralline finalmente avistou as costas do redguardiano que andava tranquilamente assobiando "A volta de Dragonborn". 

    Collen parou de repente, ainda assobiando, pegou seu arco, armou uma flecha e virou-se para trás mirando a flecha para o peito de Koralline. 

    Ela ficou ficou em estado de choque.

— Escuta aqui garotinha — disse Collen fazendo uma careta — não é nada particular, mas Collen odeia ser seguido. Ainda mais por garotinhas perdidas. Então ou você diz a Collen o que você deseja ou você terá essa ponta de flecha atravessada na sua testa antes de poder dizer "coelho".

     Koralline ficou pensando por que diabos ela diria "coelho" em uma situação como aquela, mas então disse:

— Eu quero... — hesitou por um momento — quero me juntar a você!

      Collen a encarou perplexo e confuso, como se Koralline tivesse acabado de dizer que queria voar.

— Para de bobagem garota. Volte para sua casa — Collen colocou o arco em suas costas novamente e voltou a caminhar.

— Não tenho mais casa — insistiu Koralline o seguindo — não tenho mais família. Você viu que fizeram com meu pai.

— E o que diabos Collen tem a ver com isso? — perguntou ele demostrando a verdade dura daquelas palavras — Collen não tem filhas loiras e brancas como leite de cabra azedo. 

— Por favor, eu quero ser forte — Koralline estava quase chorando, mas decidiu que não iria chorar. Não na frente dele.

— Come alguns nabos — recomendou Collen — Nabos, repolhos e carne de touro. Sim! Nada deixa um homem mais forte do que carne de touro.

      Collen parou de andar e começou a fitar Koralline por um longo momento, curioso.

— Mas você é uma garotinha! — disse ele por fim. Como se só tivesse notado isso agora – então não sei se touro seria bom para você. Já sei! Carne de bode. Isso! Carne de bode seria o ideal, mas verdade seja dita garota. Ache seu próprio caminho e que seja bem longe de Collen.

        Teimosa como sempre, Koralline continuou seguindo Collen, carrancuda. Se ele acha que palavras duras irão me desanimar está muito enganado, pensou ela decidida. Logo anoiteceu e Koralline estava insegura e exausta. Collen não parava de caminhar nem à noite. Acompanhar ele estava se mostrando ser uma tarefa muito difícil. Esse maldito deve está cheio de nabos, não é possível!

— Você não tem medo de ser atacado por bandidos? — perguntou Koralline cansada do silêncio sufocante. Demorou quase cinco minutos até Collen decidir responder.

— Os bandidos que tem medo de serem atacados por Collen, garotinha — esse aí ama se vangloriar,  pensou Koralline cansada.

— Nem mesmo gigantes? — insistiu.

      Collen parou de caminhar olhou novamente para Koralline e disse:

— Collen está cagando e andando para esses gigantes.

       É só um idiota, concluiu.

      Caminhar quase o dia todo havia deixado Koralline muito exausta. Seus pés latejavam em protesto. Estava cansada e faminta demais para continuar caminhando. O pior era que a cada minuto Collen se distanciava mais e mais, até que chegou uma hora que ela o perdeu completamente de vista. 

        Koralline então decidiu parar em uma árvore para descansar. Amanhã eu o alcanço novamente, pensou tranquila, ele está indo para Riverwood. Essa estrada não tem outro destino. Ela então deitou-se e não demorou muito para entrar em um sono profundo.

          Após uma boa noite de sono, Koralline foi despertada por um cheiro tão gostoso de carne assada e temperada que podia quase sentir o gosto. Sua boca se encheu de água. Será que estava sonhando? 

         Quando finalmente despertou e recuperou sua visão ela viu dois homens mortos em sua volta. Mas que porra é essa? Pensou assustada dando um salto para trás. Um deles tinha a garganta cortada e o outro tinha um buraco no peito.

         Entre os dois homens mortos estava Collen, tranquilo assando um pernil de veado cantarolando. Dando tanta importância para os falecidos homens quanto dava para ervas daninha na estrada. Quando percebeu que Koralline havia despertado ele sorriu.

— Finalmente acordou — comentou virando o pernil — Collen pegou esses dois tentando abusar de você enquanto dormia. Bando de covardes — cuspiu na cara de um.— Eram fracos demais.

— Por que voltou? — perguntou Koralline confusa — se tivesse me deixado teria se livrado de mim.

          Collen pensou por um longo momento e nada disse. Pelo jeito nem ele mesmo sabia o porquê de ter voltado.

— Hum... — resmungou ele — Ah, sim! Não podia deixar você morrer sem provar do pernil de veado assado de Collen. Deve está com fome não é mesmo?

          Ele cortou um pedaço bem generoso do pernil assado e ofereceu para Koralline e por Talos o pernil estava divino. Enquanto comia, Koralline ficou observando atentamente o Redguardiano.

           Não sei dizer se ele é idiota ou se é uma boa pessoa, pensou. Mas não podia negar que ele era sim um guerreiro formidável e que salvou sua vida não uma, mas três vezes. Mesmo alegando ser por causa do ouro e Koralline não duvidava que boa parte disso era verdade.

— Garota — chamou Collen — quantos anos você tem?

            Koralline o encarou desconfiada.

— Tenho dezesseis. Estou próxima dos meus dezessete.

— Uma garotinha com o corpo de uma mulher feita. Você deveria ter mais cuidado andando por ai sozinha.

— Não sou uma garotinha — disse Koralline cansada de ser tratada como criança por ele — Sou uma caçadora e sou tão boa no arco quanto você.

— Bom, muito bom — Collen coçou a cabeça e encarou-a com preguiça – se fosse tão boa com o arco não deixaria aqueles bandidos fazerem isso com sua roupa.

         Com um gesto ele apontou o dedo para a camisa de pele de Koralline. Bem na direção onde ficava seus seios e somente agora que ela notou que eles estavam praticamente a amostra. Então rapidamente ela os protegeu com a mão e o encarou com repugnância. Ele pareceu se divertir com a situação.

— Ora vamos, pare com isso garotinha — disse ele desviando o olhar sem nenhum interesse — Collen teria mais interesse em seus lobos do que uma garotinha leitosa como você — ele se abaixou e retirou de um dos homens mortos, um colete de pele grossa — toma, use isso. É fedido, tem sangue, mas ao menos irá esconder esses projetos de tetas.

        Koralline aceitou o colete de bom grado.

— O que você pretende fazer em Riverwood? — perguntou ela curiosa enquanto fechava o colete do bandido. Não era nada confortável e era bem maior do que ela. Fora o fedor horrível de suor, sujeira e sangue. Ela ficou imaginando o quanto estava ridícula com aquilo. Pelo menos é melhor do que andar com os seios amostra.

— Não seja idiota garotinha — resmungou Collen, ofendido. — O que haveria nesse buraco chamado Riverwood para Collen? Sim, Collen está indo na direção de Riverwood, mas o destino de Collen é a grande cidade de Whiterun. Infelizmente pra chegar lá tem que sempre passar primeiro por Riverwood. Isso se não quiser fazer uma enorme viagem e dá a volta por essas montanhas que beijam o céu e Collen não tem esse tempo todo.

        Assim que terminou de comer e dar outro pedaço do pernil de veado para Koralline. Ele se levantou.

— Bem, Collen não pode mais perder tempo — disse ele retirando-se rumo à estrada.

         Koralline também se levantou e começou a segui-lo novamente. Parece que dessa vez Collen não deu muita atenção para ela. Koralline não sabia dizer se ele tinha aceitou sua companhia ou se estava apenas ignorando sua existência.

Skyrim: As Aventuras de KorallineOnde histórias criam vida. Descubra agora