Versace no chão!

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- Senhor Vênus, já é hora de acordar, vai se atrasar para o segundo dia.

Vênus arrancou sua máscara de dormir preta dos olhos e a jogou de lado, as janelas estavam abertas e as cortinas estiradas enquanto Jaqueline punha do lado da cama um carrinho de mão feito de madeira com variedades para o café da manhã de Vênus, como de costume repleto de alimentos saudáveis e bem selecionados. Vênus sentou-se sem dizer mais nada e deu uma bola olhada em seu quarto. Amplo e arejado, sua cama encontrava-se encostada em uma das paredes, atrás dela subia um enorme encosto almofadado e no pé da cama havia uma poltrona dupla e sem costas para o descanso. O chão de madeira era quase todo coberto por um grande tapete com cores exóticas e bem desenhados que ornavam muito bem com os cristais do lustre de seu quarto, menor que o da sala mas igualmente fabuloso com pedras coloridas e geométricas. As paredes tinham desenhos feitos a mão pelo próprio Vênus, um talento do qual se orgulhava – haviam pinturas de passarelas e croquis de roupas elegantes e high fashion, outras pinturas eram mais abstratas com rostos femininos e detalhes mitológicos, todos em cores neutras ou sempre pretos e brancos, com poucos detalhes coloridos. Vênus empurrou o cobertor para o lado e se acomodou na cabeceira da cama para que Jaqueline pudesse colocar a bandeja de prata em cima do acolchoado, e havia muito espaço para isso.

Para a surpresa da governanta, Vênus estava se alimentando bem em comparação aos últimos dias, na verdade, bem até demais. Enchi a boca com frutas e boas mordidas de croassant e pães diversos, além de goladas de suco e leite.

- Sabe Jaqueline, eu não entendo essa necessidade dos meus pais, é ridículo – ele não conteve ao desabafar, mesmo de boca cheia, e a enchia ainda mais.

- Como assim senhor Vênus?

- Essa palhaçada de me exilarem, até parece que eles se importam de verdade.

- Creio que o senhor tenha errado muito e isso irritou os seus pais, é tudo pelo seu próprio bem.

- Próprio bem, foi tudo culpa deles, tá eu errei, mas isso não teria acontecido se eles não me ignorassem e me enchessem de babás o tempo todo.

- Se o senhor não gosta de meus serviços, é só dizer. – Jaqueline parecia ter ficado estressada e no mesmo momento empurrou o carrinho para longe da cama de Vênus.

- Que? Não é nada disso, não viaja, eu hein. Acontece que é injusto.

- Muitas coisas são injustas senhor Vênus, eu posso te alegar isso.

- É eu sei, mas ainda sim, é injusto.

- Talvez devesse parar de reclamar de barriga cheia – Jaqueline estava prestes a terminar o ditado quando viu que Vênus realmente estava de barriga cheia, pois a bandeja estava vazia. – e começar a se arrumar para a escola.

Vênus revirou os olhos e se ergueu, caminhando para uma das portas do quarto, a do meio para ser exato. A porta da esquerda era a entrada de seu quarto, a da direita era seu banheiro o qual ele visitaria logo em breve, mas a do meio era seu principal amor e refúgio. Ele abriu as portas duplas uma para cada lado e deu de cara com a entrada de seu magnífico closet. O piso e as paredes eram de madeira escurecida, com inúmeras portas e gavetas de vidro cheias de roupas e joias. As paredes eram iluminadas com lamparinas e bem no meio do closet tinha um grande criado mudo de mármore com gavetas que subiam e desciam todos os lados octogonais repletas de óculos, acessórios e perfumes. As araras suspensas e terrestres estavam cheias de casacos assim como os armários e na extremidade oposta da porta havia uma parede livre com um único e majestoso quadro que ia do chão até o teto com uma moldura ornamentada, tratava-se do quadro de sua maior inspiração: era uma réplica de Maria Antonieta. Vênus suspirou feliz por ainda ter um pouco de seu antigo eu antes de ir para a escola. Nos cantos do closet haviam muitas sacolas das compras do dia anterior e ele foi direto para elas escolher seu vestuário do dia de hoje.

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