Eu posso conviver com toda essa bagagem.

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Após um banho bem longo eu visto uma saia e uma regata.

Vou para a sala e me jogo no sofá.

Alguns minutos se passam e a campainha toca.

Não é preciso pensar muito para saber quem é.

....

Abro a porta e lá está ele com um buquê de rosas brancas nas mãos

__ Flores não vão limpar a sua barra, Grey.
__ Posso entrar?
__ Não quero conversar agora, Christian. — Passo as mãos pelo rosto.
__ Eu pensei no que você falou e de fato, eu errei.

Respiro fundo e caminho em direção ao sofá.

Christian entra, fecha a porta e me segue.

__ Ana, fala comigo.
__ Não foi nada legal o que você fez, Christian.
__ Eu sei, me desculpa.
__ Você me pede em namoro e em seguida marca jantarzinho com outra na sua casa.
__ Foi um erro.
__ Eu preciso de mais, Christian.
__ Como assim?
__ Eu quero um namorado que não me exclua das coisas, que seja transparente comigo.
__ Eu não quis te excluir. — Diz aproximando-se de mim. — A Gia é só uma velha amiga, ela me ligou ontem a tarde e me convidou pra jantar.
__ E ai você a levou pra sua casa. — Digo chateada.
__ Eu estava cansado demais pra ir a qualquer restaurante.
__ E por que não me convidou, por que não me disse nada?
__ Ela disse que queria minha ajuda para uns projetos.
__ Posso imaginar os tipos de projetos.
__ Não pense besteira, Ana, não aconteceu nada.
__ Como você quer que eu acredite, Christian? Se a idiota aqui não tivesse ido te fazer uma surpresa nunca saberia desse jantar. Christian, eu só quero que você seja honesto.

Eles parece pensar nos segundos seguintes.

__ Como prova de que eu realmente estou sendo sincero quando digo que gosto muito de você, eu vou te contar tudo.
__ Tudo?
__ Se você quiser que eu vá embora depois, eu juro que vou.
__ Está bem. — Sussurro.

Ele respira fundo algumas vezes e encarando os dedos das mãos Christian começa a falar.

__ Minha mãe era uma prostituta viciada em todos tipos de drogas que você imaginar.
__ A Grace...
__ Grace me adotou quando eu tinha 4 anos.
__ Caramba. — Digo perplexa.
__ O cafetão da mulher que me colocou no mundo me batia todo santo dia e a matou na minha frente.

MEU DEUS.

Eu estou chocada.

Christian tira a camisa, pega a minha mão e passa a ponta do meu dedo indicador em alguns pontos do seu peitoral.

__ Eu fiz tratamento, são quase imperceptíveis.

Sinto algumas saliências redondinhas.

__ O que são?
__ Queimaduras. Ele apagava os cigarros em mim.
__ Que monstro. — Meu estômago revira.
__ Monstro é elogio para aquele desgraçado, ele era a personificação do diabo.
__ É por isso que você fica tenso quando eu toco o seu peito. — Constato.
__ Ninguém me toca desse jeito a muito tempo, Ana, mas com você é diferente. A minha vontade de sentir seus carinhos é muito maior do que a minha aversão em ser tocado.
__ Só eu toco em você? — Pergunta pasma.
__ Sim, eu não consigo suportar o toque de ninguém mais.
__ Mas a Mia e a Grace...
__ Elas não me tocam assim.

Christian coloca a minha mão espalmada sobre o lado esquerdo do seu peitoral.

__ Eu estou... — Não encontro palavras.
__ Com pena?
__ Não, compaixão talvez, mas o que eu estou sentindo é ódio do filho da puta que machucou você.
__ Isso é passado.
__ Claro que não é passado, da pra ver que isso ainda te machuca.
__ Machuca. — Assume. — Mas isso não é tudo.
__ O que mais tem pra me contar?
__ Lembra que eu disse pra você que eu não era o tipo de homem que namora?
__ Lembro.

Ele parece está envergonhado.

__ Antes de conhecer você, eu me relacionava apenas com mulheres que... — Ele passa as mãos pelo rosto. — Eu transava apenas com mulheres que se pareciam com a prostituta viciada. — Revela

Ok, isso é muuuito fodido!

__ Eu batia nelas como forma de descontar a raiva que eu sinto pela mulher que me colocou na porra desse mundo e nunca moveu um dedo pra me defender daquele verme.

Puta merda!

__ Batia? — Engulo em seco.
__ Eu as tinha como submissas.
__ E você queria que eu fosse uma submissa também?
__ De início eu vi como uma possibilidade.
__ Então eu sou parecida com ela, a sua mãe?
__ Sim.
__ Porra.
__ Mas tudo mudou quando fizemos amor, eu me senti diferentes, eu... eu não senti vontade de bater em você e foi isso o que me assustou.

Levanto-me do sofá e começo a andar de um lado para o outro.

__ Se eu sou parecida com a sua mãe, então ela era morena.
__ Era.
__ E você disse que só se relacionava com mulheres parecidas com ela, portanto, eram todas morenas.
__ Onde quer chegar com isso?
__ Você e Gia tiveram um caso.
__ Sim.
__ Ela é loira.
__ Gia me apresentou a esse tipo de relacionamento, chama-se BDSM.
__ O que é “BDMS”?
__ BDSM é a sigla de Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo. Consiste basicamente em uma relação que traz prazer sexual através do poder.
__ Ahh.
__ Eu não quero mais isso, Ana.
__ Como pode ter tanta certeza?

Christian vem apressadamente até mim e segura meu rosto com a duas mãos.

__ Só a possibilidade de te causar dor me faz ter vontade de morrer.

Eu o encaro.

__ Eu faço qualquer coisa pra te fazer feliz. Me desculpa por ter te chateado ontem, não vai se repetir, baby.

Depois de muito encará-lo, eu encosto meus lábios nos dele.

__ Você vai continuar comigo mesmo depois de tudo o que eu te contei, não é? — Pergunta feito um menino assustado.
__ Eu posso conviver com toda essa bagagem. — Sussurro contra os seus lábios e volto a beijá-lo.

Interrompemos o beijo quando já estávamos sem fôlego.

__ Eu te amo! — Ele fala.


__ Eu também te amo.

Ele sorri.

__ Você fica ainda mais linda com essa carinha de surpresa.

Escondo eu rosto no peitoral dele.

__ Eu te amo. — Digo novamente.
__ Minha princesa. — Beija minha cabeça.

Passamos algum tempo abraçados.

Começo a beijar o peitoral e o pescoço de Christian.

__ Me leva para o quarto. — Sussurro.

Christian dá uma risadinha e me pega no colo.

Me leva para o quarto e nós nos amamos até não aguentamos mais.

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Sweet girlOnde histórias criam vida. Descubra agora