Prólogo

165 34 296
                                    

Poder, se você procurar essa palavra no dicionário provavelmente achará alguma coisa do tipo: possuir força física ou moral. Pra mim, a palavra poder vai muito além disso. Ela é o motivo pelo qual as pessoas lutam diariamente, para poder sobreviver nessa sociedade injusta. Elas querem poder ter dinheiro para ter uma vida, no mínimo, confortável. Sempre estão em busca de mais poder, porém, não sabem do poder que já possuem. O ser humano pode ser muito melhor que isso.

Pode ser mais justo, bondoso e honesto. Infelizmente, as coisas não são do jeito que eu quero.

Ás vezes me pego pensando em super-heróis. São apenas pessoas que receberam ou nasceram com uma peculiaridade, não precisam fazer nada para ninguém, mas mesmo assim se sentem no dever de salvar vidas e falar frases bonitas para motivar as crianças. Claro que também existem os vilões, que se aproveitam do poder que têm e realizam atos terríveis que muitas vezes não têm um objetivo, os caras maus só gostam de fazer maldades.

Se por acaso eu recebesse um poder, eu não sei se seria uma heroína ou a vilã. Por mais que eu goste da ideia genuína de justiça, não sei se conseguiria me controlar em certos crimes. Existe a punição por lei e a penitência que o indivíduo merece, ou que pelo menos eu acho que merece. E é por isso que o poder é muito perigoso, ele mexe com a cabeça das pessoas, confunde e se não tiver cuidado, mata.

Meu nome é Anne Collins, tenho dezoito anos e a única coisa que eu posso fazer no momento é me esconder. Não importa como, eu preciso passar despercebida. Preciso fazer isso pelo bem de todos que são especiais pra mim. Não quero chamar atenção de ninguém, só preciso sobreviver um dia de cada vez com a minha mãe, é mais do que o suficiente.

Não sei como deixei minha vida chegar a esse ponto, eu era uma garota boa, de verdade, sem fingimentos. Tinha pais maravilhosos e tudo para ser uma pessoa de sucesso. Mas então, a vida jogou a realidade na minha cara, nada é eterno, obviamente o meu estado de felicidade era efêmero. Meu pai morreu, minha mãe se afastou e eu cresci sendo influenciada pelas pessoas erradas. Elas me ensinaram que quem manda é quem tem poder e eu nunca tive nada de especial para me gabar. Sem fama, sem dinheiro e completamente sozinha em busca de alguma coisa que nem eu sabia o que era.

Na minha perspectiva, a minha avó, dona Rosa, era a pessoa mais poderosa do mundo, porque ela sabia de coisas que nunca me passaram pela cabeça. Era extremamente criativa e sempre me contava histórias de aventuras incríveis. Minha avó sempre dizia que acreditava que a consciência de cada ser humano é formada por duas partes: a boa e a ruim. Os dois lados vivem brigando pelo controle da sua mente. A primeira é quem você realmente é, sua essência pura. A outra é a parte forte, destemida, gananciosa e vingativa. Fica responsável pela defesa e só é ativada quando não se tem mais nenhuma solução. Ela também disse que em cada um esses lados agem de maneiras diferentes. Há pessoas que trancam um deles e só usam um, alguns tem características dos dois ao mesmo tempo. 

Eu sempre ache engraçado ela falar sobre isso, pois, se a minha "essência pura" não é a parte mais forte, quem eu sou de verdade? Rosa me respondeu.

Todos nós somos fracos por natureza.

Nunca levei a sério o que ela dizia até que senti as duas partes brigando dentro de mim e, finalmente, entendi porque ela me disse que quando "não se tem mais nenhuma solução" a pior parte entra em ação, ela te enlouquece de tão insuportável que é.

Abri meus olhos e encarei a expressão preocupada da minha avó. Me encontrava deitada no chão da cozinha da casa dela. Senti algo úmido e quente escorrer pela minha mão direita, mexi os dedos lentamente e fiquei imóvel quando um ponto específico da minha mão ardeu, havia me machucado com alguma coisa.

A cor do poderOnde histórias criam vida. Descubra agora