Capítulo 19

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Era difícil a hora de partir, sentia como se algo cortante passasse em meu coração.
As pessoas ao redor pensam que é tão cedo para nos amarmos tanto, mas eles não imaginam como o amor é imprevisível.
Me encontrei em James, e ele se encontrou em mim, talvez fôssemos almas gêmeas, sinto uma ligação tão forte que nos prende de uma maneira anormal que explicar seria impossível.
 
Resolvi ir para o sebo, as vendas talvez me fizessem ocupar a mente, e esquecer por um momento apenas o que me perturbava noite e dia.
De longe avistei que estava aberto, estranhei por que geralmente estava sob responsabilidade minha.

Entrei e vi Sara andando de um lado pro outro, parecia inquieta e então eu lhe perguntei o que estava acontecendo.

- Meu vaso chinês desapareceu, custava uma fortuna, era o bem mais valioso que eu tinha, e a caixa de discos antigos do Peter não estão mais aqui.

- Tia Sara mas até a última vez que abri aqui estavam aqui, como é possível?

- Como eu saberei que é verdade? Hannah não minta pra mim.

- Não acredito que você está desconfiando de mim, eu não roubei nada, não sou uma ladra, eu não preciso disso. - falei chorando e sai correndo para fora do sebo.

Julgar os demais está na moda. Bom, de certo modo, é algo que todos nós fazemos quase que constantemente
Formamos opiniões principalmente do que nos rodeia.

Não imaginaria que um dia a Tia Sara fosse desconfiar de mim, corri para casa escorrendo lágrimas pelo rosto me tranquei no meu quarto.

Se o James estivesse aqui estaria tudo bem, ele sabia como me fazer sentir melhor e me abrigava com seu abraço quente e seu beijos de amor.

A vida foi e está sendo tão cruel comigo, as pessoas me apontam o dedo, e me culpam me massacrando sempre, as vezes imagino que não existe nada além da minha alma dolorosa dentro de mim.

Fiquei horas no quarto chorando e me perguntando o que eu fiz para ser tão julgada por todos, em meio aos pensamentos eu escutei um bater na porta.

- Hannah, vamos conversar, por favor! - Sara clamava desesperadamente.

- Por favor me deixe sozinha.

- Eu não quis que você sentisse culpada, me perdoe, abra a porta.

Abri a porta e voltei a sentar na cama abraçada ao meu travesseiro.

- Eu fui precipitada, não quis lhe chamar de ladra, não é isso, aquele vaso era importante pra mim, não só como bem material, mas também era a única lembrança que eu tinha do Peter.

- Eu tenho o dom de perdoar as pessoas com facilidade tia Sara, eu juro que não roubei nada. - Cai no choro novamente e dessa vez Sara me abraçou.

- Desculpe. Irei voltar ao sebo, talvez eu tenha alguma pista de quem entrara no sebo depois de você.

Dei de ombros e percebi que ela já tinha saído do quarto.
Deitei na minha cama, peguei um livro que estava sem cima do criado mudo e comecei a ler.
Esses romances antigos me fazem lembrar do James, na verdade tudo que acontece a cada 5 segundos me faz lembrar de algum lugar ou momento que passamos juntos.

Um tempo depois eu escutei um barulho, vindo da cozinha.
Era um soar de talheres caindo no chão
Me levantei o fui verificar o que estava acontecendo, e desci as escadas correndo.

Havia um homem revirando a casa, parecia conhecer cada canto, e seu porte físico não me era estranho, deixei cair o livro das minhas mãos trêmulas, fazendo com que um barulho estrondoso se expandisse pela sala. O rapaz se virou para e deu um sorriso descarado.

- Peter? O que está fazendo aqui? - falei olhando fixamente para suas mãos coberta por sacolas plásticas.

- Hannah, minha querida, como você cresceu, está uma moça linda. - ele continuava agindo com sarcasmo.

- Por que está levando os objetos da Tia Sara, não toque nas coisas dela. Saia daqui, você não sabe o que ela passou depois de tê-la deixado para ficar com uma mulherzinha qualquer, eu odeio você por tê-la feito sofrer daquela maneira.

- Você ainda é jovem, não vai entender nada do que eu dizer, e outra, tenho os meus motivos para ter me separado da sua tia.

- O motivo é que ela não conseguia te dar um filho, grande merda! Você preferiu deixá-la Peter, no fundo do poço e sozinha. Você foi um tremendo idiota por isso, agora saia daqui.

- Será que eu vou ter que te prender e fazer você calar a boca garota? Essa casa ainda é minha e você não tem nenhum direito de falar nada, e se falar... - ele puxou um canivete da calça e começou a vim em minha direção.

Saí correndo o mais rápido que pude  e pulei a janela da cozinha, eu estava desesperada, e muito assustada.

Corri para o sebo e disse a Sara tudo que tinha acontecido na casa.

Ela ficou assombrada e já tínhamos achado o suposto ladrão, que era no caso o ex marido dela.

Sara não expressou nada em seu rosto, apenas parecia irritada, talvez tivesse superado a traição e não tinha mais dor guardada dentro do seu peito, nem parecia a Tia que eu encontrei ao chegar em Netherby, estava sendo fria, e apenas me disse que íamos a delegacia prestar queixa desse indivíduo que agora mais do que nunca ela tinha nojo.

E foi isso que fizemos, fomos até a polícia e denunciamos o Peter.

Minha cabeça estava muito mais tranquila em saber que a Sara teve força pra fazer o que eu não imaginava nunca, finalmente eu sentia que agora ela poderia ser feliz sem a sombra do homem que mais fez ela sofrer.

Os obstáculos existem por algum motivo. Não estão ali para nos impedir de entrar. Eles existem para nos dar uma chance de mostrarmos as forças que temos e saber recomeçar é essencial.

A estrada para o verdadeiro amor sempre é repleta de desafios.

Mágoas, tristeza, frustrações e até mesmo raiva são apenas alguns dos sentimentos comuns envolvidos em um término de namoro ou casamento. Dar a volta por cima depois de uma decepção amorosa não é fácil, especialmente quando você descobre que o ex já seguiu em frente. Entender a situação é dar tempo ao tempo.






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