Sabor de Nicotina [TRADUÇÃO PT-BR]

Capítulo 4 - Concertado

Chanyeol não se sentiu de nenhum jeito especial quando Baekhyun se foi. Estava deslocado e surpreso, sim, mas não teve o impulso de correr atrás dele e pedi-lhe uma explicação, porque tampouco queria uma. Preferia não entender o que diabos havia acontecido.

Chanyeol pegou o seu violão e sua melancolia e compôs outra canção de amor mais doloroso que os demais.

E enquanto as horas continuavam passando, fumou um cigarro, se encheu de comida barata e viu dois capítulos de um drama que estava sendo reprisado na madrugada por falta de mais programação. Ele deixou-se dormir em algum momento, ainda não sabe exatamente quando; e ao acordar numa manhã letiva e descobrir que eram oito e meia e que tinha aula em menos de trinta minutos, Chanyeol não teve muito tempo de se perguntar se Baekhyun havia voltado para casa ou não.

Correu como um desesperado para chegar a uma de suas últimas aulas do semestre, e enquanto a professora se dedicava a dar instruções ridículas sobre coisas que ele já sabia, Chanyeol se perguntou se Baekhyun chegou ou não em casa, e se o veria na faculdade. Mas, não se aprofundou muito em nada, porque achava que se preocupar era um absurdo.

Na mente de Chanyeol, Baekhyun sempre estava ali para ele. Ainda que acontecesse o pior, ainda que discutissem ou um dos dois passasse por situações vergonhosas, um sempre voltaria para o outro. Esse pensamento o fazia permanecer tranquilo e não prestar verdadeira atenção no problema real que tinha bem na frente de seu nariz.

Pensou que a primeira pista de que algo não ia bem, foi o olhar profundo que Jongdae lhe deu. Chanyeol não podia dizer se Jongdae estava sem vontade ou mal humorado quando o respondeu, mas tampouco se tratava do mesmo cara animado e divertido de costume.

— Hoje nós terminamos mais cedo e ele foi embora.

Não houve mais explicações e Chanyeol tampouco perguntou mais alguma coisa. Aceitou que Jongdae não estivesse a fim de conversar hoje com ele e seguiu o seu caminho para a sua próxima aula. No fundo, sentia o desgosto da dúvida raspando em sua mente. Porque Baekhyun sempre avisava sobre as suas saídas; porque Baekhyun sempre voltava para casa com Chanyeol.

E também não houve mensagem, não houve nada e Chanyeol fez o seu caminho sozinho para casa. Por algum motivo que desconhece, parou quando passou pela loja de antiguidades que Baekhyun e ele tanto gostavam de visitar. Não se atreveu a entrar.

(Havia muitas coisas que não se atrevia a fazer).

E ao entrar em casa, a única coisa que o recebeu foi silêncio duro e esmagador. Não houve sorrisos e nem um bem-vindo de volta animado e nem nada. Baekhyun não estava e Chanyeol obrigou a si mesmo a ignorar a porta fechada do quarto do seu melhor amigo e atender as suas próprias tarefas. A ira, a irritação fazendo mais uma fenda nele, assim como o seu orgulho ferido por ser afastado para o segundo plano.

Uma hora se passou e Chanyeol continuava envolto em silêncio e cigarros e não suportou mais. A porta de Baekhyun não estava fechada com chave e quando entrou, não tinha nada ali. Os armários estavam vazios, a cama perfeitamente feita e nenhuma pista de que Byun Baekhyun havia estado ali, e nem sequer de que, de fato, ali fora o seu quarto.

Chanyeol passeou pelo cômodo como um leão enjaulado, com vontade de atirar qualquer coisa contra o chão, mas sem ser capaz de quebrar a perfeita combinação de solidão e vazio do quarto.

Baekhyun havia ido embora. Não houve despedida, explicações ou um adeus. Chanyeol tinha que ficar com cigarros, escuridão e o cheiro insistente de nicotina impregnando tudo ao seu redor.

(Baekhyun já não cheirava a Baekhyun porque era fumaça).

Mas em alguma parte entre ele e no que havia se tornado, Chanyeol continuava pensando que Baekhyun voltaria. Porque esse garoto pequeno e pálido sempre voltava, sem se importar com que merda Chanyeol havia o feito passar ou passasse com ele. Porque Baekhyun era a única coisa constante na vida de Chanyeol e ele não conseguia aceitar que ele, precisamente ele, não voltaria.