Capítulo 5 - Nicotina

3.9K 251 139
                                    

Durante este longo período de tempo muitas vezes se perguntou como foi que suportou ficar tanto tempo sem Chanyeol. Estavam juntos desde a infância, unidos como unha e carne um ao outro, sem realmente estarem distantes, sem falar ou se ver. Nunca. E Baekhyun percebia que ele era quem mais dependia dessa amizade.

Os outros não perceberam até que foi destruído, mas Baekhyun sabia que Chanyeol podia viver sem ele. Mesmo que procurasse por sua ajuda em mínimas coisas e todos os seus amigos negassem com a cabeça e pensassem que Baekhyun era quem liderava todas as decisões dos dois, não era verdade.

Nunca foi assim. Chanyeol era autossuficiente; demonstrou isso repetidas vezes ao tomar importantes decisões sozinho e depois avisar a Baekhyun. E Baekhyun não era assim, quem sabe era porque estava apaixonado por seu melhor amigo e não podia evitar pensar em Chanyeol para qualquer coisa... Como naquela vez em que preferiu não sair de férias para a casa da sua avó e fingiu que lá era chato. Ou quando recusou a oferta de estudar em outra universidade com um plano melhor de literatura.

(Você podia fazer tantas coisas, Baekhyun).

Porque sem Chanyeol, Baekhyun se sentia vazio e não era ninguém. Continuava levantando-se, cumprindo os seus deveres nas aulas e ajudando em seu trabalho. Concentrou-se em continuar respirando e isso estava dando certo e ao mesmo tempo não estava. Ele continuava sentindo falta de uma peça fundamental, o buraco que tinha com Chanyeol se tornou outro tipo de vazio e Baekhyun chamou-se de estúpido por acreditar que a dor desapareceria de repente.

Baekhyun podia dizer que havia se desintoxicado de Chanyeol e estaria mentindo. Ele tinha melhorado, mas não estava curado. O seu vício não se manifestava na vontade de fumar, beber ou beijar; a saudade de Chanyeol queimava-o por dentro, mas estar com ele o destruía. Era estranho, era amor, um que dói e te quebra.

E ainda que precisasse de Chanyeol, não cedeu exatamente porque ele o asfixiou, o usou e gritou o nome de Jongin. Baekhyun se foi porque estava quebrado e não servia mais para Chanyeol. Baekhyun não podia curá-lo, reconstruí-lo e criar para ele uma fantasia onde Jongin estava de volta e ele poderia destruí-lo de dentro para fora.

Por isso correu, correu sem rumo e quando não encontrou mais oxigênio, as lágrimas o afogavam e não sentia o seu coração pesado em sua insaciável batida desenfreada, e foi assim mesmo que ele se encontrou batendo numa porta com Jongdae do outro lado, sonolento e com cara de poucos amigos.

As palavras morreram em sua boca e Jongdae tampouco precisou de uma explicação, o fez entrar, o sentou em uma cadeira da cozinha e, enquanto Minseok lhe preparava algo quente, Baekhyun não podia parar de se perguntar se tinha fechado a porta ou não ao sair. Algo estúpido, irrelevante, e muito idiota, porque há muito tempo queria sair por ela e Chanyeol estava dentro para fechá-la.

E quando os seus olhos se encontraram com os de Jongdae mais uma vez, ele soube que o seu amigo sabia o que caralhos estava acontecendo e que ele estava mordendo a língua para não fazer o tipo de comentário sarcástico que foderia Baekhyun mais do que ele já estava.

Ele fez a pergunta com a cabeça e os ombros abaixados; a xícara de leite fumegava fumaça nublando o seu rosto.

— Eu posso ficar?

Jongdae pegou sua mão e Minseok lhe deu um cálido sorriso. Porque no fundo, não era isso o que ele tinha para dizer, porque ele havia reformulado a resposta para que terminasse em uma pergunta e que a sua voz não se quebrasse de novo assim como o seu coração estava quebrado.

(Eu abandonei o Chanyeol).

Esses dois se tornaram a sua maior fonte de apoio. Jongdae e Minseok assumiram um papel fraternal involuntariamente e Baekhyun começou a se sentir protegido na casa dos dois, mesmo que sentisse remorso por tirar a privacidade deles.

Sabor de Nicotina [TRADUÇÃO PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora