Te Esperarei

Término

    Clara sentiu seu sangue gelar.
      - Patrick por favor - ela suplicou com o olhar.
      - Não Clara, deixa esse babaca falar - Celso falou enfurecido.
      - Não me chame de babaca, você não me conhece cara.
      - Conheço, claro que conheço o babaca que você é. Você é o Patrick de Sá Junqueira, que abandonou essa mulher maravilhosa grávida e agora volta depois de dez anos querendo fazer o papel de pai.
     - Celso você não tem direito de falar assim com ele - Clara gritou.
     - Deixa ele falar Clara. Pra sua informação, Celso né? Eu não abandonei ninguém e isso eu vou provar e outra você não tem nada haver com a minha vida.
      - Claro que tenho seu babaca. Sou namorada da Clara.
      - Você tem um vocabulário amplo em cara, só sabe me chamar de babaca. Você pode ser até marido dela, mais isso nunca vai mudar o que eu e ela vivemos, e para piorar a situação para você temos um filho que nos liga para sempre... Ah antes que me esqueça, você não poderia ser o marido dela, até porque ela ainda é minha esposa. - Patrick sorriu irônico.
    - Patrick...- Clara olhou como se ele tivesse falado algo indevido.
    - Esposa? Que história é essa Clara - Celso apertou o braço dela.
    - Solta ela cara, desculpa Clara eu pensei que ele sabia.
    - Tudo bem Patrick. Eu e o Patrick nos casamos a dez anos atrás, antes dele ir para Nova York e  acontecer tudo que você já sabe.
    - É cara, a Clara ainda é minha esposa. A coisa tá difícil para você ein...
   Celso pulou pra cima de Patrick e começou bater nele, ele estava enforcando Patrick, Clara gritava pedindo para que parasse.
     - Celso larga meu pai - Tomás estava atrás deles.
     - Filho ele me provocou - Celso tentou se justificar assustado por ver o olhar de acusação de Tomás.
     -Eu não sou seu filho Celso, e não tente se explicar porque eu ouvi tudo. Mãe manda ele embora de casa.
     - Filho vamos conversar - Clara pediu.
    - Não tem conversa mãe, ele pode continuar sendo seu namorado, mais não quero viver embaixo do mesmo teto de um homem que faz de tudo para nos colocar contra o meu pai, sei que o Patrick tem muito defeitos mais ele é o meu pai e isso ninguém pode mudar.
     Clara lançou um olhar para Celso, então ele entendeu que as coisas tinham mudado, foram questões de minutos até ele estar na porta de saída com a mala.
     - Celso, calma, as coisas não precisam ser assim - falou Clara.
     - Precisam sim, na real Clara, eu sabia que isso iria acontecer. Sabia que mais cedo ou mais tarde, esse cara iria voltar na sua vida e bagunçar tudo que eu tinha arrumado. Você sempre esperou que ele voltasse Clara. Que ele ressurgisse das cinzas como a fênix. Eu olho pro Tomás e vejo uma cópia viva do seu marido - ele sorriu irônico - marido, um detalhe que você escondeu por anos. Você passou esses dez anos fazendo o seu filho ser ele, para que a lembrança dele ficasse pra sempre viva na sua vida.
    - Você não sabe do que tá falando Celso, você não tem direito de dizer que eu forjei uma personalidade artificial para o meu filho. Sim Tomás é a cópia viva do pai dele, mais não porque eu fiz ele ser assim, mais porque existe uma coisa chamada genética que a mais forte prevalece, estudamos isso em biologia meu querido. - Clara estava com raiva da maneira que Celso havia lhe falado.
    - Viu, você tá me tratando com tanta ironia, você mudou em questão de horas, não adianta negar mais esse homem ainda mexe com você. Clara eu queria não dizer isso mas, o que você sente pelo Patrick é amor. Amor não se apaga, amor não passa, amor não muda, a distância não enfraquece e o tempo só deixa ainda mais forte. Ai Clara, foram dez anos separados, mais não houve término, você deixou esse livro em aberto, sem terminar para começar uma nova história, bom uma hora ou outra iria te dar vontade de continuar aquela história inacabada, ainda mais quando se trata da continuação do primeiro livro que você leu e amou.
    - Celso por favor ...
    - Sei que odeia analogias Clara, mais te conheço muito bem, você é assim com seus livros, e é assim com o amor que sente por ele... É e tudo bem também, meu sangue ferveu ao ver como os seus olhos brilharam quando ele disse que sempre te amou. Eu vi de longe seu coração pulsando forte e sua respiração ofegante ao ver que era ele em cima daquele palco. Clara você se enganou durante todos esses anos, pensou que não procurando ele para esclarecer a situação a faria deixar de ama-lo, bem eu te amo, e eu já fiz de tudo para provar a ti esse amor, fiz errado jogando na sua cara o que eu já fiz por você, mais acho que a maior prova de amor que eu posso te dar é te deixar ir, vai, sobe aquelas escadas, no quarto do teu filho tem um homem, uma história inacabada que você precisa continuar para poder realmente seguir a vida. Sem rancores, sem tramóias, sem ameaças. Quem ama, sabe a hora de partir para que o outro seja realmente feliz.
    Celso deu- lhe um beijo na testa e atravessou a porta, as lágrimas ainda estavam no rosto de Clara, mais ela sabia que Celso tinha razão, era e sempre foi o Patrick o dono do seu coração, ele era o seu livro inacabado que ela deixava na estante, e por mais que lesse outros livros era aquele livro que ela voltaria a ler.