Capítulo 4

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Camila acordou cedo naquela manhã. Scarlet teria uma consulta médica logo cedo e não poderia se atrasar. A latina pediu que a cozinheira preparasse um café da manhã reforçado. Enquanto isso, ela acordaria a pequena Scarlet e daria um banho. A menina tinha um sono leve, então acordá-la não era um grande mistério. Camila encheu sua filha de beijos e carinhos e explicou que iriam ao médico naquela manhã.

A pequena levantou-se ainda sonolenta. Camila lhe deu banho, ajudando a lavar os cabelos castanhos, esfregando o xampu e fazendo uma massagem delicada no couro cabeludo da filha. O riso infantil foi o sinal de que Scarlet estava gostando dos mimos da mãe. Após o banho, que demorou mais do que o planejado, Camila enrolou a filha em uma toalha felpuda e a secou bem. Já seca, Scarlet sinalizou, com suas pequenas e ágeis mãozinhas, a fome que estava sentindo.

Camila sinalizou de volta, dizendo que ela teria que se arrumar primeiro e que não demoraria. De fato, não demorou. A roupa já estava escolhida: uma calça preta, uma blusa azul-clara, uma camisa jeans e o All Star, que era o preferido de sua filha.

As duas desceram para tomar café. Havia suco de frutas, panquecas, ovos mexidos e torradas. Scarlet passaria a manhã no hospital, então era bom que estivesse bem alimentada. Camila estava procurando novos médicos e tratamentos. Quando se tornou mãe, aquela era sua primeira experiência com um bebê. Além disso, estava passando por um momento difícil após o parto — muito perto de uma depressão — e acabara descobrindo o problema de Scarlet tarde demais, sentindo-se culpada por isso. Por esse motivo, com o passar dos anos, lutava, procurando alguém que desse uma solução para a deficiência de sua filha.

Muitos diziam que a menina não estava preparada para receber o implante coclear, mas Camila tinha esperanças. Ela queria que sua filha ouvisse, se desenvolvesse melhor, como qualquer outra criança, e que nada pudesse impedi-la.

Camila deu dois toques na mesa; aquilo foi o suficiente para chamar a atenção de Scarlet, que levantou o olhar. A menina não podia ouvir, mas podia sentir muito bem. Seus olhinhos castanhos e curiosos buscaram o olhar da mãe, que sinalizou: "Você já terminou?". A menina confirmou.

A latina pegou sua bolsa, uma mochilinha com as coisas de Scarlet e as chaves do carro. Ajudou sua filha a se acomodar na cadeirinha e, em seguida, partiram para o hospital. Era um dos maiores da cidade, e ela já o conhecia bem, pois desde o pré-natal fazia suas consultas ali. Isso já fazia alguns anos.

Camila confiava nos médicos que trabalhavam lá, mas só teria sossego quando tivesse uma resposta positiva para o que buscava. Chegando ao hospital, sua filha foi atendida pelo pediatra, que fez as perguntas de rotina, mediu altura e conferiu o peso. Pediu alguns exames complementares e receitou vitaminas para a pequena. Em seguida, Scarlet se consultou com a fonoaudióloga, que passou alguns exercícios e conversou com Camila sobre os estímulos que deveriam ser introduzidos naquele mês.

[...]

Camila deixou Scarlet na casa de Alejandro e Sinu, seus pais e avós da menina. Os dois eram avós babões, afinal, Scarlet era a única neta deles, e eles gostavam de mimá-la bastante.

— Volto para buscá-la mais tarde — murmurou a latina. — Tenho a agenda cheia hoje, uma gravação marcada com a Ally e, mais tarde, uma reunião de trabalho.

— Sem pressa, filha, tome seu tempo — disse Alejandro, beijando a bochecha da filha mais velha e a observando entrar novamente na Land Rover azul-petróleo. O carro saiu pelo grande portão de ferro e sumiu pela rua. O velho homem balançou a cabeça e entrou em casa.

Lá dentro, ele viu Sinu e Scarlet brincando com blocos de montar. A menina mostrava uma das peças coloridas para a avó, que olhava atentamente. O homem pisou forte contra o chão de madeira, fazendo a menina olhar para cima e abrir um pequeno sorriso.

Accidentally in LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora