Cap 2: Colocada à prova

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- Qual o seu nome?

- Não sei. Não consigo me lembrar. Estou tão confusa.

- Imagino, acordar depois de mais de 300 anos não deve ser uma sensação boa. Bem, eu sou Sereah, uma jovem ondina de 16 lunações. E você está no reino Ondino. Essa ilha de conchas é só uma parte do que temos por aqui. Muito fica nas profundezas, inclusive nosso castelo submerso. Quer conhecer?

- Eu queria, mas acho que não sei nadar. Onde estão meus pais?

- Olha, pelo que me contaram, eles não existem mais.

- Como você me fala uma coisa dessa gravidade de forma tão natural?

- A sinceridade é característica marcante das ondinas.

- Bom saber. Cadê sua família, seu povo? Talvez eles possam esclarecer mais sobre mim.

- Estão numa dessas reuniões intermináveis e chatas sobre segurança. Sabe, somos muito caçados. Não restam muitos de nós.

- Caçados por quem?

- Aiii, de onde você veio?

- De uma concha.

(Risos)

- Bem, vou te contar a história que todos contam. Há muito tempo atrás, Unicornion vivia em equilíbrio e paz. Todos os seres que aqui habitavam os sete reinos se respeitavam e se amavam, vivendo em harmonia e comunhão. Embora dividido por reinos, todos estavam conectados graças à magia das sete estrelas fundamentais, cuja manifestação física são os unicórnios. Vocês, com um só chifre, governavam todos os demais que tem dois, três, quatro, sete...

- E você tem chifres?

- Rs. Todos temos. É a forma como nos comunicamos com a nossa estrela fundamental.

Nesse momento, a ondina tira sua coroa e vejo duas pequenas protuberâncias. Na verdade, duas conchas, como de caramujo, dessas mais compridas e fechadas. Algo delicado que até passa despercebido com tantas conchas que ela leva em seu corpo e com o exuberante cabelo repleto de ondas. Falando nele, seu cabelo tem um movimento contínuo. Sinto-me em alto-mar. Aliás, acho que estou realmente em mar aberto. E com muitas ondas.

- Viu? Todos temos chifres. No caso das ondinas são dois. Eles nos permitem a comunicação com a Estrela Aquaticus, que rege o povo ondino. Os unicórnios são a união das sete estrelas e os únicos capazes de unificar todos os reinos, por isso têm um chifre só.

- Esse pensamento é bonito.

- Antes que você fique toda cheia de si, vou continuar a história. Os unicórnios eram o amor puro, 100% luz, a suprema criação, amor infinito... tanto que seus bebês eram gerados sem haver qualquer contato físico. No entanto, um dia, Zuh e Tandar, dois unicórnios jovens, caíram na vaidade e na tentação e se amaram como qualquer criatura, criando os trevosos, que são sombras poderosíssimas. Isso trouxe trevas à luz, causando vastos e profundos desequilíbrios. A nova raça se multiplicou rapidamente, até porque outros unicórnios também passaram dos limites de diversas formas. E conforme isso foi acontecendo eles foram perdendo seus chifres encantados e assim, todo o encantamento.

Sem os chifres, perdiam a magia das sete estrelas e viravam mortais.

Os trevosos contaminaram todas as outras espécies, numa espécie de vírus do mal, fazendo despertar o pior em cada uma delas. Começaram guerras intermináveis entre os reinos. Éramos um mundo bastante evoluído, mas caímos em um retrocesso tremendo. Vaidades, egoísmos, falsidades... tudo isso atualmente faz parte dos sete reinos. Por isso, o sol preto domina facilmente o branco. Não sei por qual milagre o dia claro está durando tanto tempo hoje. Aliás, não me lembro de ter visto um dia tão luminoso assim. O céu está muito mais limpo do que de costume. Será que isso tem a ver com você?

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