Eu não tava com medo, imagina, estava apavorada. Na hora que ele chegou com a arma apontada confesso que eu quase fiz xixi nas calças. Eu nem consegui dizer nada, apenas achei que ia morrer.
Chegamos em sua casa, eu nem esperei ele abrir a porta pq seria arrancada de lá com força, então já fiz o favor por ele. Lipe e Carine se despediram:
- Cara, respira, cê ta muito nervoso, vai com calma – Lipe dizia pro Gringo e ele me encarava como se fosse minha hora de morrer, eu conseguia ouvir sua respiração de tão forte que tava.
Parece que nem ouviu o que Lipe disse, parecia que o mundo dele tinha se fechado em mim. Respirei fundo e então ele veio, me pegou pelo braço e entramos em casa, assim que pisamos os pés dentro ele me jogou no chão com tudo.
- AI – resmunguei, ia falar mais coisas, mas não deu tempo ele já se agachou e pegou no meu cabelo e aproximou meu rosto do seu,
- VOCÊ QUER MORRER? VOCÊ TÁ ACHANDO QUE É QUEM PRA BRINCAR COMIGO? VOCÊ É LOUCA? – cuspiu essas palavras e me jogou de novo no chão, dessa vez bati a cabeça, mas não foi forte.
Não conseguia controlar meus batimentos, e minha respiração tava falha. Ele respirou fundo, parecia que tava contando até 10. Pegou a arma, arregalei os olhos e já senti as lágrimas em meus olhos, mas ele simplesmente jogou longe. Acho que pra evitar o mais grave. Ele me olhou, segurou numa correntinha que estava em seu pescoço, parecia conversar com ele mesmo, e olhava pra cima 'Agora eu tenho certeza que ele é louco, e tem problemas mentais.'
Ele se abaixou de novo, pegou em meu cabelo, encostou sua testa na minha, eu fechei os olhos na hora.
- O que eu faço com você? Me diz? Você ta me deixando louco Pequena – respirou fundo.
- Não faz nada – sussurrei e abri os olhos lentamente e encarei ele que me encarava com aqueles olhos grande e de cor esverdeados. Eu respirei fundo e já tava me esquecendo do que tinha acontecido. Aqueles olhos me hipnotizavam.
- Ainda tem coragem de me encarar e dizer umas coisas dessas, você é a primeira que faz isso. E eu estou gostando – continuou me encarando.
E eu não sei o que deu em mim, mas eu o beijei. Coloquei minhas mãos em seu rosto e beijei com desespero, parecia que iria o engolir. Ele retribuiu o beijo, deitando em cima de mim no chão mesmo. E foi parando aos poucos com selinhos.
- Eu to com tanta raiva de você, eu quero te matar, mas alguma coisa não deixa, alguma coisa me prende. Se fosse outra já estava morta desde o churrasco – deu risada.
Eu encarei ele, eu sorri, mas não sei se um sorriso de alívio ou de felicidade ao ouvir aquilo.
Ele levantou e me ajudou a levantar.
- Vai embora, antes que eu perca o controle da minha raiva e te machuque.
Eu não sei o pq, e nem me pergunte, mas eu queria ficar.
- Eu nã...
- Vai logo Pequena, vaza daqui. – me interrompeu e foi em direção a porta abrindo a mesma e me dando passagem pra sair.
Fui andando de vagar, antes de sair olhei pra ele, respirei fundo e sai correndo. Que raios que ta acontecendo comigo? Eu deveria fugir, mas eu queria ficar.
Fui até a casa do lado que era onde Lipe morava, outra casa exagerada já com lágrimas que insistiam em cair. Primeiro ele me trata como um lixo, depois me beija e me expulsa. Eu odeio ele.
Toquei o interfone e ninguém me atendeu, liguei várias vezes pra Carine e só dava caixa. 'Porra Carine, tu só me fode. Ótimo, e agora como é que eu vou embora, eu nem sei chegar lá embaixo e nem táxi e muito menos uber sobe aqui. Vou ter que pedir pro brutamontes me levar lá embaixo.'
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HERDEIRO
Teen FictionHerdeiro de um dos tronos mais temidos do Rio de Janeiro, herdeiro do tráfico, herdeiro querendo ou não do Morro do Alemão. Mas o que ele não sabia é que esse não era seu único trono. Filhinha única, mimada, teimosa e um tanto rebelde. Procurava pe...