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Já estou no meu intervalo conversando com Carine. Nada do Murilo, acho que ele não vai conseguir vir, mas tudo bem.

- E o Lipe não vem mais não? - me viro pra ela tomando mais um gole do champanhe.

- Vem sim, ele já ta bem atrasado na verdade, mandei mensagem e ele não respondeu, deve ta chegando já. – ela me solta um sorriso de que ta aprontando.

- O que você ta aprontando Carine? Conheço esse seu sorriso. - cruzei os braços para tentar parecer séria e que não estava para brincadeiras dela.

- Nada ué, só estou pensando no que vou aprontar quando eu sair daqui com o Lipe. – sorri como se me enganasse.

- Ok então. Bom vou me preparar, daqui a pouco eu volto pro palco.

- Vai lá, boa sorte e arrasa.

- Eu sempre arraso querida. – ela me mostra a língua antes de eu enfrentar a multidão até voltar ao palco.

Decido tocar algumas músicas da Birdy, antes de pegar o violão, decidi deixar pra segunda parte.

Espero minha hora chegar enquanto isso fico olhando as pessoas pelo salão, reparo que Carine está indo em direção a porta, provavelmente Lipe chegou, acompanho-a com olhar e quando menos espero vejo aqueles olhos verdes que ainda não me viram. Ele estava mais lindo que o normal, com uma calça preta social, uma camisa social cinza escura, os cabelos penteados para trás, até a barba parecia penteada.

'Não, ela não fez isso'.

Meu coração acho que parou não o sinto bater, minhas mãos estão suando frio e tremendo, não consigo respirar. Viro o restante da taça e antes mesmo de pensar pego outra taça do garçom que estava passando e viro sentindo aquele gostinho meio amargo, eu odiava champanhe, só tomava pra fazer pose. 

'Como é que ela faz isso? Logo hoje, meu Deus, respira Giovana, você vai tocar e cantar finge que ele nem ta aqui'. Ri diante meu pensamento, ele nem me viu e eu já me encontrava em pleno desespero, tentando fingir calma. 

Fechei os olhos e respirei fundo, parecia que ele tava do meu lado, pois eu já era capaz de sentir seu cheiro.

Respirei fundo novamente tentando afastar esse pensamento de que já sentia o cheiro dele, peguei uma garrafa de água que trouxeram para mim e tomei quase inteira em um gole, tentei ao máximo me concentrar. Não me permitir mais olhar pra ele, o que seria difícil, o piano estava voltado para que eu ficasse de frente para o público, e principalmente na parte do violão, eu estava fodida.

Subi ao palco e apertei ao máximo minhas mãos, pois estavam soadas e tremulas. Não estava conseguindo me controlar.

Comecei com uma música que me lembrava ele, aliás, todas as músicas me lembravam ele. Birdy – Wings era a música, assim que comecei ele pareceu notar minha presença, pois nossos olhos se encontraram, me concentrei mais ainda pra não travar.

Ele segurava uma taça de champanhe, e parou de conversar com Carine e Lipe e ficou totalmente paralisado me olhando, eu apenas desviava o olhar para o piano. Mesmo que eu quisesse olhar para outro canto, eu não conseguia meus olhos não permitiam.

Segui com a música 1901 no piano, mais duas músicas e eu tocaria no violão e estaria mais exposta pra ele. Isso não ia acabar bem, por esse motivo optei por deixar as músicas do violão por ultimo.

Segui mais de uma hora cantando ou às vezes só tocando o piano e ele pareceu não mover um músculo, apenas o braço pra levantar a taça até a boca. Umas vadias tentavam chegar nele e puxar assunto, mas o mesmo logo cortava e voltava sua atenção pra mim. Minha vontade era de gritar no microfone 'SAIAM DAÍ SUAS URUBUS ESSE PEDAÇO DE CARNIÇA É MEU'. Mas a verdade era que ele não era meu.

Peguei o violão, me ajeitei mais a frente do palco e então comecei a cantar as ultimas músicas, e estava rezando pro cara alto chegar e falar que precisava cantar mais duas horas só pra não ter que descer dali e o encarar.

Então veio minha ultima música, Safe and Sound de The Civil War feat Taylor Swift, em particular essa era uma das minhas músicas favoritas.

Ele se aproximou do palco e meu coração acelerava a cada passo dele. Nossos olhos não se desgrudavam, eu só conseguia pensar na falta que eu sentia dos seus lábios e do seu corpo. Como poderia estar assim, se eu o mal conhecia? Só podia vir de outras vidas, só podíamos estar ligados de alguma forma.

- I remember tears streaming down your face, when I said: I'll never let you go (Eu me lembro das lágrimas escorrendo pelo seu rosto, quando eu disse: Nunca te deixarei ir embora).

When all those shadows almost killed your light (Quando todas as sombras quase acabaram com a sua luz).

I remember you said: Don't leave me here alone (Eu lembro quando você disse: Não me deixe aqui sozinho).

But all that's dead and gone and passed tonight (Mas tudo está morto e acabado e já passou nessa noite).

Just close your eyes (Apenas feche seus olhos).

The sun is going down  (O sol está se pondo).

You'll be alright (Você ficará bem).

No one can hurt you now (Ninguém pode machucá-lo agora).

Come morning light (Ao chegar a luz da manhã).

You and I'll be safe and sound (Nós ficaremos sãos e salvos).

Don't you dare look out your window (Não se atreva a olhar pela janela).

Darling, everything's on fire (Querido, tudo está em chamas).

The war outside our door keeps raging on (A guerra do lado de fora da nossa porta continua devastando). 

Hold on to this lullaby (Agarre-se a essa canção de ninar).

Even when the music's gone (Mesmo quando a música tiver acabado).

Gone.

Terminei de cantar e fiquei ali paralisada o encarando, que pra mim pareceu ser uma eternidade até ser acordada pela voz de Carine. E limpei a lágrima que havia escapado.

- Ahhh você foi linda e perfeita, num é Gringo. – ainda nos encarávamos.

- Uhum. – foi o que ele conseguiu dizer? Só isso? Ah me poupe. – Foi perfeita.

'MEU DEUS ALGUÉM ME TIRE DAQUIIIIIII'. 

Meu coração parou na hora, fechei minhas mãos em punho apoiando em minhas pernas pra tentar controlar meu corpo que tremia por inteiro depois de ouvir sua voz novamente, eu não conseguia levantar do banco.

- O-Obrigada. – com certeza agora me encontrava um pimentão, desviei meu olhar para minhas mãos, respirei fundo e então consegui levantar.

Desci do palco e fui em direção a eles. Carine veio e me abraçou, depois Lipe e então sobrou ele, parou na minha frente e eu não sabia como agir e parecia que muito menos ele.

Então passou um braço pela minha cintura e me puxou num abraço, envolvi meus braços em seu pescoço. Ele se afundou em meu pescoço e senti todo o meu corpo de arrepiar, apenas fechei os olhos e aproveitei aquele momento. O apertei com toda minha força naquele abraço.

- Acho que cheguei tarde, né. – arregalei os olhos e logo me soltei do Gringo.

- Oi Murilo. – tentei dar meu melhor sorriso, o que provavelmente foi um desastre.

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