Tempo [jikook | taeseok | namjin]

Capítulo 1 ✿ Começo

#TempoReverso 🌸

Quando eu tinha quinze anos, eu não tinha nada

O mundo era muito grande e eu era pequeno

Agora eu não posso sequer imaginar

Estava sem cheiro e completamente vazio

Eu rezo

Te amo, meu irmão, eu tenho irmãos

Eu descobri emoções, e eu sou

Então, eu sou eu

Agora eu sou eu

Você me faz começar

— "Begin", BTS

Jeon Jungkook

Agosto de 2016

Acho que as coisas começaram na escola — no último ano, para ser mais exato —. Foi quando o garoto, que usava o cabelo castanho ainda, falou comigo pela primeira vez. Eu não tinha amigos na escola, apesar de sempre manter médias aceitáveis, e era o motivo da preocupação dos meus pais.

— Oi — Foi o que ele disse.

Lembro que o encarei com os olhos arregalados naquele momento; era a primeira vez que eu ouvira a voz de um dos alunos se dirigindo a mim. Sempre me limitei a acenar a cabeça aos que acenavam para mim primeiro. Eu tinha medo das pessoas e do que elas poderiam achar de mim, não tinha grandes coisas para oferecer para ninguém.

— Você não sabe falar? — O garoto disse mais uma vez, chamando minha atenção.

— Sei. ― Engoli em seco e tentei me recompor. — Oi.

O garoto assentiu e voltou sua atenção para a frente; a professora tinha acabado de entrar na sala. Dei de ombros e me virei para frente também, um pouco sem graça e confuso. Eu nunca havia dado uma olhada em volta, para conhecer os rostos que me acompanhavam na sala de aula, mas decidi fazê-lo daquela vez.

Olhei em volta e vi que algumas pessoas ainda conversavam num tom muito alto, um grupo de meninos ficava encarando um grupo de garotas — que também encaravam o grupo masculino — e depois olhavam para seus amigos e começavam a cochichar. Eu nunca teria coragem de fazer aquilo, mas o que me chamou mesmo a atenção foi um outro garoto. Ele tinha olhos escuros e pequenininhos, cabelo preto e estava sentado no mesmo lugar que eu e a duas fileiras da minha.

O garoto de cabelo preto mandava o olhar de mais puro desapontamento para o de cabelo castanho ao meu lado. Seus olhos encontraram os meus e eu me senti estranho, mas não os desviei, continuei o encarando — não sabia de onde saíra aquela coragem, eu mal olhava para alguma coisa, além dos meus pés, enquanto caminhava pelos lugares.