Capítulo 3

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Eu e o Ethan temos o mesmo horário hoje, o que significa que nenhum de nós tinha aulas à tarde. Eu precisava de falar com ele, ele parecia saber de alguma coisa por isso mandei-lhe mensagem a dizer para ir ter ao Sanice, um género de café/bar.
O café é muito frequentado por adolescentes, não só por ser perto da escola mas também pelo tema e ambiente que tem. As cores que mais sobressaem no café é o verde menta e o rosa champanhe e é tudo baseado nos anos 50: as cadeiras e assentos são iguais aos dos dinners da época, tem uma jukebox que na maioria das vezes toca Elvis Presley. O chão é tipo xadrez e tem algumas luzes neon que criam frases como "back to the 50's" ou "Rock'n Roll". Eu e o Ethan adoramos este tipo de lugares, até que o nosso primeiro encontro foi passado lá..
Estava a escolher a música quando recebo a notificação com a resposta dele:

"Okay, estou a caminho. Ly"

Assim que leio a mensagem dele, coloco os fones e começo a andar para o local de encontro.
Demoro uns cinco minutos a chegar até ao café e vejo através da janela o Ethan sentado no mesmo banco onde nos sentámos no nosso primeiro encontro. Após um minuto de lembranças daquela tarde, cria-se um frio na barriga mas eu simplesmente ignoro, entro pela porta de vidro e dirijo-me à mesa onde ele está.

-Chegaste rápido. -Diz ele enquanto põe a mão no ar para chamar a Kylie, a rapariga que estava a anotar os pedidos dos clientes.

-Estava aqui perto.

Sorri para ele e peguei na ementa. Escolhi um batido de morango e banana enquanto o Ethan escolheu panquecas com mel e frutos vermelhos.

-Duas palhinhas e quatro talheres?-Pergunta Kylie, enquanto sorri para mim.

-Sim por favor.

Depois da Kylie se ter ido embora eu sabia que tinha de começar a conversa com o Ethan, mas confesso que até estava com medo do que ele pudesse dizer.

-Então, vais finalmente pedir-me em namoro? Já está na hora!..-Diz ele enquanto se ri.

-Ainda não.

-Ainda..já não é mau..

-O assunto que quero falar contigo é meio sério, por isso, porque não deixamos a conversa de namoro para outro dia?

-Okay, de acordo. O que se passa?

-Tem a ver com o...

-Chris. Imaginei.- Ele completou a frase ao mesmo tempo que eu.

-Exato. Tu saíste da mesa super chateado, o que não é normal teu.

-Estava com pressa.

-Não foi só isso, eu conheço-te Ethan!

-Mia, foi apenas isso.

-Então diz-me o porquê de não quereres ir para a floresta acampar. E não venhas com as desculpas dos mitos por favor. Isso comigo não cola.

-Mia..não ias entender. Esquece o assunto.

-Já me tentaste explicar?

Ele baixou a cabeça e não respondeu. Era o que fazia quando sabia que eu tinha razão.

-Pois, podes começar!

-O Chris não é quem aparenta ser, e sim, eu sei que tu não confias nele, nem gostas dele. Dá para perceber no olhar de nojo que fazes.

-É assim tão óbvio?

-Sim é. 

-Ok, mas não viemos aqui para falar da minha personalidade. Continua.- Interrompo enquanto fico a sorrir e bebo o batido.

-Ah desculpa. Enfim, como eu estava a dizer, ele não é a pessoa que mostra.

-O que queres dizer?

-Quando ele e a Veronica começaram a namorar, eu tinha um pressentimento estranho, duvidoso quanto a ele. Então, numa quarta-feira eu vi-o a sair da escola mais cedo e segui-o. Ele encontrou-se com um grupo de gajos e vendeu um pacote qualquer.

-Não achas que é droga, pois não?

-Não sei, mas depois disso eu decidi investigar um bocado o passado dele.

-Olha, eu ia fazer isso quando saísse daqui mas assim poupas-me trabalho.

-Nem por isso. Não há registos dele em lado nenhum.

-Espera, quê?

-Exato. Não encontrei absolutamente nada sobre ele ou sobre o seu nome de família e ambos sabemos que isto acontecer é meio impossível Mia..

-Deixa-me ver se eu entendi, não há absolutamente nada sobre ele?

-Só uma cena, que tem a ver com o nome de família. Encontrei uma notícia sobre um desaparecimento na família dele. Era uma suposta tia dele chamada Caroline Dolan, uma rapariga que na altura tinha 19 anos que desapareceu na floresta. Nunca mais foi vista e as buscas feitas pela polícia não deram em nada.

-Repete o nome dela outra vez..

-Caroline Dolan.

Eu fico em silêncio e olho para baixo. Aquele nome não me era nada estranho..

Em que ano isso foi?

-1986.

-Tens a certeza do que me estás a dizer?

-Tenho Mia.

Eu admito que o meu corpo inteiro gelou e eu senti a minha cor de pele a ficar da cor da neve. O Ethan não podia estar certo.

-Estás a sentir-te bem?-Pergunta ele, enquanto se move para o meu lado.

-Ethan...o meu pai tinha uma amiga chamada Caroline Dolan. Eles e mais uns amigos combinaram fazer uma exploração à floresta mas o meu pai não foi porque o meu avô adoeceu na altura.

-Então, se calhar os amigos do teu pai podem ajudar-nos a descobrir alguma coisa!

-Não Ethan, não podem. Apenas um deles voltou e está internado num hospício.

-O quê? Porquê?

-Bom, dos desaparecimentos nunca se soube de nada. O homem que está internado porque ele estava coberto de sangue quando a polícia o encontrou mas ele sempre alegou que o sangue foi de carregar os amigos para tentar salvá-los. Ele foi preso e na prisão começou a ter pesadelos e atitudes estranhas e então mandaram-no para lá.

Ficamos a olhar um para o outro e o silêncio gélido apoderou-se do clima entre nós. Nenhum de nós sabia o que dizer ou o que pensar sequer. Algo se passava aqui e eu ia descobrir o que era.

-Ethan vamos para a biblioteca. Algo não bate certo e podemos encontrar alguma coisa lá!

-Vamos!

Levantámo-nos, dirigimo-nos ao balcão para pagar e saímos para ir para a biblioteca. Íamos descobrir o que se passava, custe o que custar.

Blackwood ForestOnde histórias criam vida. Descubra agora