- Se você tivesse parado para pensar, já não poderia mais ser, o fato de você não ter nempestanejado para responder, prova a vontade de seu espirito, prova o quão receptiva está. –O Sol fala, e posso sentir um certo tom de orgulho vindo dele e um sorriso se abre em seurosto, me preenchendo de calma.
Abro os olhos ao acordar com o movimento do trem parando, percebo que meencontro sozinha no vagão e que estou na estação terminal, terei que pegar outro trem parapoder voltar para a estação ideal.
Começo a me recordar dos momentos antes de dormir, eu conversava com o Sol...
Aquele homem realmente é o Sol... E ele me convidou para ser sua aprendiz...E eu aceitei.
Subo as escadas para trocar de plataforma, ainda pensando no acordo que acabei de mergulhar.
Desde que tomei consciencia da natureza corrompida do mundo e do meu próprioser, penso que devo fazer algo, mas nunca soube exatamente o que poderia fazer, o queestava ao meu alcance, nunca senti ter os recurso e conhecimentos necessários para fazer talmudança e me sentia podre por ser telespectadora e participante dessa era apodrecida.Agora me foi dado o poder e a chance de fazer algo e me senti dividida entre medo e excitação dessa nova oportunidade, tremo com a intensidade da adrenalina que corre pelo meu corpo e me sinto embriagada pelas novas informações.
Mesmo que de forma abstrata, percebi o peso da verdade que o Sol carregava aoexpressar a dor que esta estrada iria acarretar por tudo que teria que aceitar e deixar para tras, tudo o qual poderia ser melhor representado e definido por partes de mim que não maisse encaixarão nos novos rumos que terei que tomar, partes que terão que ser desvinculadas edeixadas para trás, não importanto o que ou quem fosse com elas.
Mas minha escolha foi feita, pensar nas consequencias só vai trazer sofrimento porantecipação e medo de seguir. Volto a ouvir musica para calar minha mente e vou para casa.
- X -
Vejo uma mulher sentada em prantos a poucos metros de distancia, vestido longo e preto, numa mesa de madeira rustica, escrevendo algo, a cada palavraparece receber facadas invisiveis no peito e repetidas vezes solta a caneta e se contorce de dor, mas respira fundo e volta a escrever. Dou alguns passos, na tentativa de tentarreconhecer a mulher e ver o que escreve, mas acabo tropeçando em algo que cai e denunciaminha presença.
Ela ergue o olho e me encontro encarando á mim mesma. Ela, com algumas marcas daidade e olhos vermelhos encharcados; Eu, espantada e confusa.
- Não importa o que aconteça ou o quanto possa doer quando você entrar na fogueira, nãoouse sair! Lembre-se do que vou te dizer agora: quando chegar o momento em que nadaparece doer mais do que abrir mão daquilo que se tornou necessário ser deixado para trás, saiba que é incontáveis vezes pior abrir mão do seu presente que é necessário para seufuturo. Querida, queime-se até se tornar cinzas, e então, se transforme no próprio fogo. Masquando entrar, pois sei que vai entrar, vá até o fim, não ouse voltar atrás, tenha fé em você eacredite na sua missão.
Abro os olhos e dou umas piscadas para me acostumar com as luzes vindo da minhajanela, desativo o toque incessante do meu alarme e me sento na cama, transtornada com o
que acabei de passar. nem costume me lembrar dos meus sonhos, quem dirá identificar umamensagem tão clara quanto como dessa vez, será que agora o Sol tem acesso aos meus
sonhos?
- Não, não fui eu quem moldou seu sonho, não tenho esse direito. Foi o seu inconsciente, seu
espirito quem quis te passar alguma mensagem. Com o que sonhou?
- Se você tem acesso aos meus pensamentos, por que não vê por você mesmo? - Pergunto,irritada com a invasão de privacidade.
- Só posso ver seus pensamentos mais superficiais e ainda assim, só vejo aquilo que édirecionado á mim. - O Sol fala com desdém.
- Superficiais?
- Sim, mas não me refiro á intensidade e profundidade do pensamento em si, e sim doconjunto de pensamentos. É como se toda a sua mente fosse um tornado, só vejo o que estánas extremidades e quando há ligação comigo, e mesmo sob todas essas condições, só possover nitidamente o basico, como um tema ou uma pergunta. Mas enfim, com o que sonhou? -Ele repete a pergunta, impaciente.
- Comigo mesma, alguns anos mais velha. - Falo, omitindo os detalhes.
- houve algum diálogo? - Ele sabe que estou guardando algo.
- Nada relevante. - minto.
- Não importa o que você esconde de mim, a mensagem era para você, contanto que nãofuja dela, mas sim absorva ela, já me basta. - Ele conclui, e, com uma ultima olhada significativa para o meu estado de transtorno, se dissolve em meio aos raios da manhã queinvadiam o meu quarto.
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O Sol De Lúcia
General Fiction- Quem é você? - Pergunto, ignorando sua fala anterior. - Que falta de classe, minha querida, responder à uma pergunta com outro questão que nem ao menos tem ligação...Mas vou ignorar isso, levando em consideração o seu estado e as experiências iné...