Nada era tão complexo a ponto de que a cabeça de Mark não pudesse compreender. Era apenas um tanto curioso o fato de toda noite deitar sua cabeça no travesseiro e ter o mesmo sonho. O garoto dos fios acastanhados abriu os olhos já ensopados e fitou o teto, enquanto pensava se erguia ou não o corpo sobre a cama.
Soluçou uma vez e em seguida colocou as duas mãos no rosto, sentindo as lágrimas mornas descerem das bochechas até seu pescoço. A janela do quarto estava fechada e tudo estava escuro, mas Mark pode sentir o vento frio passar por entre o vidro da janela, por entre a cortina e bagunçar seu cabelo castanho. Odiava aquela cor, odiava ter as mãos sujas de sangue e odiava ainda mais ter tido o mesmo sonho, de novo.
Finalmente, se ergueu na cama com as mãos ainda no rosto e soluçou mais alto. Seu quarto estava com pilhas de livros de estudo e moletons pretos; parecia um pequeno chiqueiro, mas ele pouco se importava. Estava tentando se manter calmo, era um novo ano, e ainda por cima ainda caía um pouco de neve lá fora. Puxa vida! Era o primeiro mês do ano!
O garoto estava se acalmando, respirou fundo e tirou devagar as duas mãos do rosto. Juntou os joelhos perto do corpo e, ainda de olhos fechados, secou os mesmos e segurou os joelhos cobertos pelo seu pijama azul listrado. Colocou a cabeça por entre os dois e abriu os olhos, fungando de leve.
Respirou fundo e começou a pensar em coisas que o acalmassem mais, e esfregou o queixo no pijama macio. Estava desanimado de novo. Deveria tomar uma desição: ficar ali em cima e dormir de novo – talvez fosse uma boa e uma má ideia – ou descer e encarar o garoto dos fios negros-azulados com os seus olhos inchados.
Suspirou e abaixando as pernas pra fora da cama e colocando a mão no criado mudo levemente bagunçado e pegou os óculos redondos que tinha ali em cima. Não eram seus, eram do seu hyung, mas ele o havia emprestado – já que aquilo o deixava com um ar menos suspeito e com um rosto mais atraente. Os colocou no rosto e ficou em pé, arrumando a gola do pijama. Sentiu cheiro vindo lá de baixo, de macarrão muito bem temperado. Seu hyung tinha a mão muito boa para cozinhar.
Respirou bem fundo, colocou as mãos para baixo e abriu a porta, descendo as escadas. Segurou no corremão e olhou o mais velho cozinhando.
— Oh, Mark, tome banho antes de... – Seungwan fitou os olhos inchados do mais novo. Abaixou o fogo e se aproximou do mais novo, limpando as mãos no avental. – Por que seus olhos estão inchados? Estava chorando? – Mark balançou a cabeça negando, logo a abaixando, enquanto pensava em uma mentira.
— Não, eu comi lamen antes de jantar. – Seungwan ergueu o queixo de Mark e o fitou.
— Lave as mãos antes de comer. – O mais velho falou com um semblante sério, porém preocupado, e Mark o fez soltar seu rosto, dando a volta pelo azulado e se dirigiu até a mesa, onde se acomodou na cadeira, puxando as mangas do pijama mais para cima. Seungwan desligou o fogo e em seguida serviu ele e o mais novo.
— Aqui Mark. – Colocou um prato fundo com um par de hashis na frente do moreno. Mark agradeceu com a cabeça e logo pegou os hashis, começando a comer o kimchi que aparentava estar com um gosto divino; e estava. Seungwan era seu melhor amigo de infância, tudo que viesse dele sempre seria da melhor qualidade, bem visto e confiável.
Um silêncio um tanto misterioso e sombrio pairou no ambiente. O dos olhos verdes se sentou em uma cadeira na frente de Mark e começou a comer também, enquanto fitava o acastanhado.
— Pode parar de me olhar como se me marcasse igual um cachorro? – Soou um tanto arrogante, e o esverdeado deixou o hashis caírem no prato.
— Mark, pode me dizer por que você estava chorando? – Perguntou, tentando não parecer ignorante. Colocou os cotovelos na mesa e apoiou os dedos no queixo, entrelaçando os mesmos.
— Você sempre tem que se fazer de estúpido? – Seungwan uniu as sobrancelhas vendo Mark levando um pouco do kimchi até a boca, com os olhos marejados.
— Perdão? – O acastanhado mastigou a comida e olhou para cima, tentando conter as lágrimas.
— Você é um estúpido que me faz chorar toda vez que... q-que me faz essa pergunta estúpida que nem você. – Mark pôs a mão esquerda na boca, a cobrindo, visto que estava falando de boca aberta enquanto comia.
— Mark, por favor... – Mark empurrou a tigela até o chão, a vendo se quebrar em mil pedaços.
— Você fica me fazendo essa pergunta todo dia, toda hora, mas você sabe o motivo das minhas lágrimas! – Mark falou um tanto alto enquanto sentia as lágrimas rolarem como antes. – Não me faça mais perguntas estúpidas... P-Por favor, hyung...
Seungwan nunca tinha visto Mark tão zangado por um assunto que eles sempre trataram com calma. Respirou fundo e apoiou as mãos na mesa.
— Mark. Olhe pra mim. – Pediu terno, simples. O mais novo hesitou e em seguida fitou o moreno dos fios azuis e olhos verdes. – Não trate esse assunto como se fosse o fim do mundo.
— Por favor, hoje não. – Mark se levantou da mesa deixando os cacos no chão, subiu até o quarto já com os olhos molhados iguais antes. Seu corpo se arrepiou se lembrando da noite passada. Suas mãos sujas de sangue, seu corpo cheio de adrenalina e suor, tudo isso ao mesmo tempo.
Ele sempre deitava a cabeça no travesseiro, calmo e ciente de seus atos. Mas pouco se importava. A diversão que ele sentia ao matar uma pessoa, não podia ser descrita com palavras. Não para ele, ao menos. Era divertido, e era só.
Desejava que essas lágrimas se tornassem em risadas prazerosas ao ver alguém morrendo. Isso era uma boa ideia. E era isso que ele iria fazer.
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Snow, Blood and Love? - mark+jisung
Fiksi PenggemarProcurado desde os seus 16, o assassino famoso por matar pessoas sem deixar nenhuma digital, Mark se vê encrencado pela primeira vez na sua vida, ao conhecer um garotinho com rosto rechonchudo, cujo ele mesmo matou os pais, Jisung Park. Quando peque...