Capítulo 02

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Caramba, eu estou muito ferrada, sabe quando dizem que no momento em que você está perto de morrer um filme de lembranças passa pela sua mente? Eu acabei de viver esse momento, definitivamente.

— Não vai responder?.— O garoto disse segurando a beira de sua toalha.

Ele estava apenas com uma toalha na cintura, p*** merda, eu não conseguia parar de olhar seu abdômen enquanto pequenas gotas de água escorriam por aquele caminho se perdendo dentro da toalha, nunca quis tanto ser uma gota de água, eu queria muito me perder dentro daquela toalha.

— Você é muda?!.— Ele fala em um tom mais alto me fazendo sair daquele transe.

— Ah, me desculpe, eu não sabia que era seu este quarto. — Eu gaguejei, droga.

— Se não fosse meu seria de quem?.— Ele diz de uma forma muito rude.

Lindo porém um imbecil sem educação, por que mundo? Ele bem que poderia ser lindo e gentil.

— Olha, eu já pedi desculpas, não precisa ser rude, eu não roubei ou quebrei algo.—  Digo dando um passo a frente, se ele acha que me intimidaria com sua forma rude ele estava muito enganado.

— Como posso ter certeza?.— Ele disse dando dois passos a frente e encarando a delicada câmera em minhas mãos.

Como uma câmera tão delicada poderia pertencer a esse brutamontes?

— O que tem de bonito, tem de imbecil.— Digo caminhando em sua direção e colocando a câmera na sua mão que não estava segurando a toalha, e o mesmo quase deixa a toalha cair.

Olho dentro de seus olhos antes de sair pela porta do quarto e bato a mesma em sua cara de tacho.

Arg, que garoto babaca, eu não posso acreditar que esse troço será meu vizinho, espero não trombar mais nenhuma vez com esse ser formado de tártaro.

— Que bom que você voltou querida, quase comemos toda a torta.—  Sr.Lisandra diz amigável, como uma pessoa tão boa como ela pode ser mãe daquele indivíduo?

— Ah, obrigada, mas recuso, mãe eu estou indo para casa.— Digo olhando para minha mãe que sorria.

— Mas já? Não vai esperar para conhecer meu filho?.— Lisandra diz, e o sorriso fofo de minha mãe se torta na malicioso em minha direção.

Talvez, só talvez, minha mãe queira que eu arrume um namorado. Eu não a entendo mesmo.

— Já tive o grande prazer de o conhecer.— Digo irônica mas pelo sorriso de Lisandra a mesma não entendeu meu tom irônico. — Preciso mesmo ir.

Saio da casa rapidamente mas ainda sim ouço a voz de minha mãe dizendo "Eu vou ficar mais um pouco" sinceramente, não me importo, só quero poder finalmente falar com Pedro.

—Finalmente lembrou de mim.— Pedro diz após atender minha chamada de vídeo.

— Você é quem não se lembra mais de mim, só quer saber de faculdade e dos seus machos.— Digo me jogando na cama com o notebook em meu colo olhando o mesmo procurando rapidamente uma camisa em seu guarda-roupa pequeno.

— Agora eu sosseguei Reb, apenas a faculdade está acabando comigo, por que mesmo eu escolhi Direito?.— Ele diz quando termina de vestir sua camisa.

— Como assim sossegou? Pedro você só sabe falar de macho desde os dez anos, você está bem?.— Pergunto me ajeitando melhor na cama, Pedro sempre foi o meu primo "moleque piranha" se é que esse termo ainda é usado.

— Talvez eu tenha encontrado alguém, mas só talvez..— Ele diz sorrindo e se levanta indo em direção a um criado mudo ao lado de sua cama.

— E VOCÊ NÃO ME CONTOU NADA! O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM VOCÊ PEDRO?! Você acabou de me deixar bem triste, já está me abandonando.

Acontece que isso não é drama, Pedro e eu sempre fomos grudados desde pequenos, sempre fazíamos tudo juntos e ele sabe todos os meus segredos, segredos que nem mesmo a Sasha sabe. Quando o mesmo descobriu minha amizade com ela, ele ficou bravo comigo uma semana, porém depois se acostumou com a ideia.

— Foi você quem não me ligou mais.— Ele diz se jogando na cama novamente.

— E a madame não tem dedos para me ligar não?.— Digo olhando a foto que o mesmo segura sorridente onde está ele e um garoto ruivo que no máximo é uns dois anos mais velhos.— Ele é um gato.

Antes que o Pedro respondesse minha mãe me chama no andar de baixo.

— A tia está ai? Eu estou com saudades dela, mexa sua bunda mole para o andar de baixo.— Ele diz balançando as mãos freneticamente.

— É tão lindo ver que você só sentiu saudades dela, foda-se a Rebecca, ninguém se importa com ela mesmo.— desço as escadas reclamando enquanto o Pedro revira os olhos olhando atentamente as pessoas presentes.

Eu digo apenas uma coisa a vocês, nunca, absolutamente NUNCA vá para algum comôdo da sua casa com a Skype aberto em uma chamada com uma pessoa que não tem trava na língua.

— Quem é esse Deus grego?.— Pedro diz quando vê a imaginem do meu novo vizinho insuportável sentado no sofá da sala.

Viro a tela do notebook rapidamente para a minha direção para que Pedro pare de encarar o garoto.

— Pedro, eu te ligo amãnha.— Digo e antes que ele diga algo, eu fecho a aba do Skype.— O que está fazendo aqui, estressadinho?.— Sinceramente eu não mereço um castigo desses em apenas um dia.

— Isso não é da sua conta, bonitinha.—Ele diz se levantando e indo em direção a cozinha.

Qual é Deus, o que eu fiz de errado ?? Só posso ter jogado pedra na cruz em uma reencarnação passada, não é possível.

B O N I T I N H A? quem esse estrume pensa que é para me chamar assim, eu juro por Deus que se ele encostar em algo meu, eu jogo uma cadeira na cabeça desse infeliz.

Eu não sei o que está acontecendo, eu nunca tive tanto .. Ódio?! Por alguém, na verdade eu não tenho ódio de ninguém! Só nojo de alguns seres humanos, mas esse garoto, caramba eu não o conheço a mais de 24hrs e ele já conseguiu fazer a minha cota de ódio ultrapassar algo que eu nunca vi, mas que droga está acontecendo!?.

Entre Tortas e SorrisosOnde histórias criam vida. Descubra agora