Capítulo 05

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Pouco depois da meia-noite, Lee sentiu o colchão afundar quando alguém se enfiou debaixo das cobertas. Ao virar-se para o lado, abraçou a esposa. Suas formas eram tão familiares e macias que ele suspirou alto ao se apertar contra ela.

Ela também suspirou de contentamento, como sempre fazia em momentos assim, aconchegando-se junto dele.

- Senti saudades.

Ele acariciou seus cabelos, beijando-os. Não lhe pareceu estranho que eles estivessem longos e lisos, como eram antes da quimioterapia.

- Também senti saudades, querido. - Diane buscou a mão de Lee e entrelaçou seus dedos nos dele.

Ele sentiu os anéis de casamento e noivado dela baterem em sua aliança. Ficou feliz por não tê-la tirado.

- Eu sonho com você.

Ela beijou o ponto em que suas alianças se tocavam.

- Eu sei.

- Você era tão jovem. Tínhamos a vida inteira pela frente, havia tantas coisas que queríamos fazer.

A voz dele falhou na última palavra.

- Sim.

- Sinto falta disso. - Sussurrou ele. - De abraçar você no escuro. De ouvir sua voz. Não consigo acreditar que a perdi.

Diane soltou a mão esquerda dele e a puxou em direção ao peito.

Lee se preparou para sentir as cavidades que havia no lugar dos seios. Embora as cicatrizes lhe causassem tristeza, nunca se sentira incomodado em olhar para elas ou tocá-la ali, mas Diane não permitia.

Ela pretendia fazer uma cirurgia de reconstrução, mas o câncer voltou, impossibilitando a operação. Aos olhos dele, a esposa sempre foi linda, encantadora, mesmo no fim.

Quando ela puxou sua mão para cima, no entanto, a palma dele encontrou carne arredondada e cheia. Lee hesitou, mas apenas por alguns instantes. Ela pousou a mão sobre a dele e apertou.

- Fiquei curada. - Sussurrou ela. - Foi mais maravilhoso do que você poderia imaginar. E não doeu nem um pouco.

Os olhos dele arderam.

- Curada?

- Sem dor. Sem lágrimas. E é muito, muito lindo.

- Me perdoe por não ter percebido que você estava doente. - A voz dele tornou a falhar. - Eu deveria ter prestado mais atenção. Deveria ter notado.

- Era a minha hora. - Ela baixou a cabeça e beijou as costas da mão dele. - Tem tanta coisa que quero lhe mostrar. Mas ainda não.

- Descanse, meu amor.

***

Na manhã seguinte, Lee acordou em uma cama vazia, e consciente de que tinha recebido um presente muito precioso. Havia tempos que não se sentia tão leve, tão em paz. Tomou o café da manhã com a família e começou a providenciar a demissão do seu cargo de pesquisador na Filadélfia.

Na semana seguinte, colocou o apartamento à venda e contratou uma transportadora para levar suas coisas de volta para a casa que havia comprado com a esposa tantos anos antes. Alex insistiu que os móveis que haviam guardado no depósito fossem trazidos de volta.

Quando os caminhões de mudança chegaram, ela conduziu os carregadores até o quarto principal, pedindo-lhes que retirassem os móveis que estavam ali antes de trazerem os móveis antigos.

- Não. - Lee pousou a mão no ombro da filha. - A partir de agora, o quarto de hóspedes é meu.

Vause fez sinal para que os carregadores esperassem. Então voltou-se para o pai, com as sobrancelhas franzidas.

A Redenção de Alex Vause Onde histórias criam vida. Descubra agora