Capítulo 1

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A porta do táxi se abre, e um homem de meia idade com cabelos grisalhos estende gentilmente a mão para Eloisa, oferecendo-lhe ajuda para sair do carro

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A porta do táxi se abre, e um homem de meia idade com cabelos grisalhos estende gentilmente a mão para Eloisa, oferecendo-lhe ajuda para sair do carro.

O tal homem, veste calça marrom, blusa gola polo azul-marinho e um sorriso de orelha a orelha. Apesar dos dentes brancos e bonitos e um sorriso aparentemente natural, ele tem uma simpatia que naquela hora lhe parece excessiva.

Quase forçada.

Eloisa olha-o por um tempo em silêncio, enquanto permanece sentada no mesmo lugar: na poltrona do carona do seu carro.

Por mais que ela se esforce, nada nele lhe é familiar e o seu rosto não a faz lembrar ninguém que ela conheça ou que já tenha visto.

E pior, ela não faz ideia do motivo pelo qual está dentro do carro daquele desconhecido.

Enquanto o homem simpático continua com as mãos estendidas em sua direção, ela gira o olhar em volta e é com um suspiro de alívio que reconhece a fachada da sua casa.

O lugar familiar lhe faz respirar com mais tranquilidade. Nesse momento, ela até ensaia um sorrisinho tímido. Aceita, então, a mão que o desconhecido há tempo lhe oferece e se anima a sair do carro.

– Você está entregue como prometido, dona Eloisa Ramalho.

Fala o motorista assim que ela sai pela porta.

As palavras dele chegam até ela, mas ela continua calada. Sem perder tempo, olha e repara em cada detalhe de seu rosto miúdo, na tentativa de lembrar quem é aquela pessoa.

Sem sucesso.

– Dona Eloisa?

O homem está agora com um sorriso já não muito grande no rosto, e com um papel e uma caneta estendidos em sua direção. Com algum esforço, ela tenta se lembrar do que ele podia ter dito, mas nada, afinal, ela sequer ouviu.

– Au-tó-gra-fo pa-ra meu fi-lho, do-na E-lo-i-sa. Ele é seu fã.

O homem pronuncia as sílabas devagar como se percebesse nela alguma deficiência de compreensão.

Eloisa pega o papel e a caneta, escreve alguma coisa e tenta lhe dar um sorriso mais afetuoso ao lhe devolver, mas de modo automático, seu olhar já está na fachada da casa que lhe aguarda.

Ele lhe sorri novamente, pega uma mochila no carro e lhe entrega.

- Foi um prazer, dona Eloisa.

Volta a dizer o homem.

- Imagina!

Responde ela tentando parecer situada.

O homem continua a lhe olhar, como que esperando alguma resposta.

Constrangida, ela se lembra.

- Ah, me desculpe. Quanto é a corrida?

Ele novamente sorri grande e responde mais uma vez com sílabas pronunciadas lentamente e compassadas.

Entre o real e o surreal - O jogo do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora