Capítulo 3

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Augusto Rocha- Guto

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Augusto Rocha- Guto

- Alguém aí para um bate papo?

Guto digita e aguarda o silêncio do cursor. Segundos que se parecem décadas. Sim, a sua ansiedade está mesmo descontrolada.

Sentado na cama com as costas encostadas na cabeceira e as pernas estiradas, ele levanta o olhar e vê de onde está, Cleo. A moça está sentada no sofá da sala, assistindo televisão alheia à questão de estar sendo observada por ele.

Não é bem observar. O que ele está mesmo é garantindo que ela não veja o que ele está fazendo: entrando na plataforma #Ojogo.

Guto e Cleo namoram há três anos. Se conheceram num restaurante. Guto, um chef renomado que acabou de ganhar um premio, o sexto da sua carreira e Cleo, a moça rica apaixonada por gastronomia, cuja profissão era conhecer todos os restaurantes chiques da cidade.

E Augusto Rocha, o menino batalhador e pé no chão que sempre teve que lutar por tudo que quis, se apaixonou, logo pela patricinha.

Foi, contudo, uma parceria bacana, divertida e produtiva. A patricinha sabia tudo do badalado mundo da gastronomia gourmet, e encurtou o caminho em muitas coisas para Guto.

Mas a vida dele ainda teria dias piores, claro que teria, nada foi fácil, nunca, porque seria dali para frente.

E ele sabia que nesses dias ruins teria que lidar com a fala da mãe:

- Eu te avisei. Não se escolhe uma parceira para a vida com base nos momentos de descanso e curtição no topo da montanha. Nessas horas, a vida é fácil. É a subida da montanha que define os bons parceiros de vida.

Ela tinha razão.

Era sexta-feira e Guto voltava do trabalho. Eram duas horas da manhã e ele só chegaria em casa, tomaria um banho e iria aproveitar o restinho da festa de um amigo.

Essa era a única coisa que ele não gostava muito na profissão. Perdia quase todas as festas do seu grupo de amigos e o seu contato social era basicamente com os clientes metidos a besta do restaurante.

Mentira. Lá tinha muita gente bacana, amigos que ele fez para a vida toda, mas ainda assim sentia falta de seu grupo antigo.

A sua cabeça estava a mil por hora, apesar de cansado depois de mais de doze horas de trabalho, nem cogitava ir dormir, apesar de saber ser a coisa certa a fazer.

Pegou a garrafa de wisque, brinde do restaurante aos clientes, que estava no porta luvas do carro. Dez ml.

Que mal poderia haver naquilo? Nada. Era só para diminuir um pouco a ansiedade. Abriu a garrafinha no farol e jogou o líquido na boca.

Era de boa qualidade, mas ainda assim horrível. Guto gostava mesmo era da boa e velha cerveja.

O farol abriu e ele acelerou.

Entre o real e o surreal - O jogo do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora