Quantos Enganos

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Felizmente a aula havia acabado, fiz minha prova e saí correndo para o ponto de ônibus mais próximo da faculdade. Sophia saiu correndo atrás de mim, mas não conseguiu falar comigo pois subi no ônibus rapidamente. Não queria falar com ela, não no melhor dia da minha vida.

Enquanto eu observava as pessoas caminhando, ouvi meu celular tocar, era minha mãe.

Oi, mãe!
O papai o quê?
Não, fala de vagar!
Como isso aconteceu?
Ok! Estou chegando.
Eu sei onde é, acalme-se. Daqui alguns minutos estarei aí.

Desliguei o celular e fiquei apavorada, no mesmo instante que eu estava feliz, fiquei infeliz rapidamente com a notícia que minha mãe havia me dado.

O ônibus virou uma das ruas e eu apertei o sinal para que ele parasse. Desci do ônibus e corri até o hospital que ficava na rua de trás daquela que eu havia descido. Quando cheguei no hospital dei o nome do meu pai para a recepcionista, ela me disse o quarto e eu rapidamente fui até lá.

Quando passei pela porta e vi minha mãe chorando, aquilo partiu meu coração, por mais que eles brigassem, ela o amava e nunca imaginou viver sem ele.

– Oi, mãe... Como ele está?

– Está melhor. Os médicos disseram que poderia ter sido pior. – Ela diz secando algumas lágrimas que escorriam por seu rosto. – Eu não sei o que será de mim se ele se for. – Ela começa a soluçar. – Eu o amo tanto, não posso perdê-lo.

Meus olhos ficaram marejados, meu pai poderia não ser o melhor pai do mundo, mas sempre tentou e isso era o que me fazia sentir orgulho dele. Seu único problema era a maldita bebida, era algo que ele não conseguia largar.

– Mãe... – Aproximo-me dela. – Vai ficar tudo bem. Eu sei que vai! Nós vamos voltar para casa e tudo vai ser como era antes. – Digo e a abraço. – Eu te amo e estarei sempre ao seu lado.

Ela me abraçou fortemente, sabia que poderia contar comigo e isso, de certa forma, a confortou.

Nunca fomos muito próximas, minha mãe sempre dizia, diz até hoje, que eu pareço minha tia Marta, mas isso não era verdade. Tia Marta era má e não pensava nas outras pessoas, sem contar que ela era extremamente maluca. Lembro-me como se fosse hoje; quando eu tinha 11 anos, tia Marta me levou para andar de barco, eu por amar barcos fui com ela, quando estávamos quase na metade do rio, ela começou a balançar o mesmo de um lado para o outro, como se quisesse que nós caíssemos e afundássemos. Aquilo me apavorou de certa forma e até hoje eu tenho horror à lagos.

– Você está a quanto tempo aqui? – Perguntei.

– Algumas horas. Você poderia ficar aqui com ele? Quero ir para casa tomar banho para poder passar a noite aqui.

– Claro, mamãe. Claro! Vá que eu estarei aqui com ele. – Sorri docemente.

– Obrigada, filha. – Ela beija minha testa, pega sua bolsa e sai.

Às horas foram passando rapidamente e eu acabei esquecendo de que tinha um encontro com tia Helena. Quando mamãe voltou e falou que eu deveria ir para casa, pois teria aula no dia seguinte, acabei lembrando de tia Helena. Ela ia me matar ou pior, ela não iria mais olhar na minha cara.

Tentei ligar o celular, mas a bateria dele estava totalmente descarregada. Resumindo: eu estava ferrada.

Corri o mais depressa possível até o ponto de ônibus e esperei por alguns minutos, foi quando um carro preto com vidros fumês estacionou na frente do ponto de ônibus. Fiquei com um pouco de medo, pois estava tarde e não tinha muitas pessoas na rua. Dei alguns paços para trás e o vidro da porta do carona foi descendo lentamente mostrando um rosto que eu bem conhecia.

The MotherOnde histórias criam vida. Descubra agora