Menininha

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A noite estava muito fria e chuvosa, fui andando pela chuva sem saber o que fazer, minha maior vontade era de arrancar tudo o que sentia por tia Helena, mas sabia que seria impossível. Fui até o ponto de ônibus e fiquei esperando o meu passar. Enquanto esperava a chuva ficava cada vez mais grossa e isso acabou me dando um banho. Após alguns minutos de espera meu ônibus, por fim, passou e eu o peguei. 20 minutos depois eu chegava ao meu destino, minha casa. Mamãe estava dormindo, já era tarde, então fui para o meu quarto, tomei banho e dormi.

O dia amanheceu e, lá fora, ainda chovia muito. Não iria à escola, não queria ter que passar na casa de Sophia e ver tia Helena, isso me machucaria muito. Olhei para fora e cobri minha cabeça com o cobertor.

– Aurora! – Mamãe gritou.

– Fala! – Gritei.

– Vai se atrasar para ir à escola.

– Não vou ir hoje.

Falei e ouvi passos abafados e, de repente não os escutei mais. Pude ouvir a porta ser batida, mamãe está indo para o seu trabalho.

Fechei os olhos e tentei dormir novamente, mas não consegui. Peguei meu celular e coloquei para tocar minha playlist, algumas músicas, melancólicas em francês, começaram a tocar. Minha alma parecia que ia sair de meu corpo e não voltaria mais. Comecei a pensar que teria sido melhor eu nunca ter me envolvido com tia Helena, porque se era para sofrer daquela forma, eu não queria.
Consegui voltar a dormir, mas, algumas horas depois, acordei com o barulho infernal da campainha tocando insistentemente. Esperei que a pessoa desistisse de querer que alguém abrisse a maldita porta, mas a pessoa não desistiu, ficou lá, tocando a maldita campainha. Levantei-me, muito contra gosto, coloquei meu robe e desci as escadas para abrir a porta. Me aproximei da porta e a pessoa ainda apertava a maldita campainha.

- Será que dá pra você esperar um minuto, estou procurando a chave. - Quando abri a porta me deparei com aqueles lindos olhos castanhos me olhando.

– Podemos conversar? – Ela perguntou.

– Acho que já falamos tudo.

– Não. Não falamos. Você falou.

Deixei que ela entrasse, mas confesso que estava com medo de ouvir qualquer coisa que pudesse me fazer mudar de ideia.

Ela se virou e eu fechei a porta.

– Desculpa. – Ela falou com a voz baixa.

– Pelo que? Por você não me amar ou por você querer me usar?

– Eu não quero usar você, eu só tenho medo.

– Medo de quê tia Helena? Somos duas mulher feitas.

– Olha... - ela se aproximou. – Eu... – Ela travou, mas fiquei tão curiosa para saber o que ela queria me falar.

– Eu...?

– Eu amo você, Aurora. – Ela disse de uma vez. – Mas me sinto culpada por sentir isso, pois fiz uma promessa. –Sorri vitoriosa, se eu soubesse que uma briga faria ela correr atrás de mim e dizer que me ama, teria feito antes. – Acho que seu coração está partido e eu não quero abrir mão de você. Eu sinto muito pelas coisas que não falei para você. As coisas que eu realmente deveria ter dito. Eu amo você, Aurora. – Ela falou e me olhou profundamente. - Aonde isso nos leva? - Ela perguntou e nesta mesma hora eu a beijei. Seus lábios eram tão macios e sua boca tinha um gosto maravilhoso de morango. Minhas mãos deslizaram por seu corpo, fazendo paradas curtas em seu bumbum – essa parte me deixava enlouquecida. – Minha doce menina. – Ela sorriu para mim e eu para ela.

The MotherOnde histórias criam vida. Descubra agora