Concurso Part. 2

73 15 5
                                    

— ALE! – a garota gritou pelo corredor, abrindo caminho assim que viu sua amiga entrando na escola, em uma mão segurava uma maçã e com a outra tentava equilibrar seus livros. — Eu sei que você está me vendo! – continuou, se aproximando para ver o rosto de Alexia, completamente vermelho tentando se esconder atrás da porta de seu armário, poderia facilmente ser confundido com o piso avermelhado do corredor.

— Por que eu ainda sou sua amiga? – disse emburrada, mas logo em seguida soltando um sorriso.

— Porque você me ama, bobinha! – puxou suas bochechas como as de um bebê.

— Quem disse? – sorriu novamente com deboche, guardou um de seus livros e trancou novamente o seu armário, em seguida puxou Natalie em direção ao campus.

— Não pense que eu esqueci. – ela retirou gentilmente a mão de Darla de seu braço e fez uma pausa, abriu sua mochila quase derrubando um caderno, pegou o seu estojo felpudo, abrindo-o e retirando uma caneta rosa com glitter, em seguida a esticou em direção à Alexia.

— Glitter? Sério? – a menina abriu a tampa e acrescentou. — E com cheirinho. – logo em seguida fez um pequeno círculo na palma da sua mão e ficou cheirando o local.

— Morango. E eu sei que você está me enrolando....

Alexia mordeu os lábios, ela já estava arrependida em ter pedido a ajuda de sua melhor amiga, naquele momento, a sua vontade era de cavar um buraco ali mesmo, poderia até ser com uma colher de sobremesa. Qualquer coisa. Só queria estar novamente em sua cama quentinha, com o seu cobertor azul bebê, sem obrigações.

Seu rosto já tinha voltado a cor natural, mas seus óculos ainda brincavam de camuflagem com as sardas do seu rosto. "Eu vou esperar até que ela se distraia e vou sair.", pensou.

— Eu sei no que está pensando. – disse de repente, assustando a garota ao seu lado. — Nós nos conhecemos há quase 8 anos.

— Eu só... – abriu a boca, a fechando em seguida sem emitir nenhum som.

— Ale.

— Digamos que eu me inscreva... – houve uma pausa. — E se eu não pensar em nada bom? Quer dizer, nós. – as garotas caminhavam lado a lado no corredor, agora já na direção correta, cumprimentando alguns colegas de classe pelo caminho.

— Comigo ajudando não tem erro. – a garota jogou uma mecha loira de seu cabelo para trás, estufando o peito orgulhosamente.

— E se todos rirem de mim? E se eu for falar algo e começar a gaguejar? E se minhas bochechas ficarem como dois tomates? E se-

— Você pode por favor parar com estes "e se"? – suspirou. — Eu, Natalie Gonzalez, sua fã número 01, posso afirmar sem sombra de dúvida alguma, que, até mesmo se você pintar um peixe morto ganhará este concurso.

— De onde você tira estas ideias?

— Assine. – disse Natalie trazendo Alexia para a realidade, a mesma sequer havia percebido que já tinham chegado ao mural.

Platão é uma escola que valoriza todo o tipo de arte, e todos os professores, coordenadores e o diretor acreditam no potencial de seus alunos, e os incentivam a fazer tudo aquilo em que eles creem ser bons.

O mural estava recheado de papéis coloridos, com os mais diversos concursos e clubes: teatro, futebol americano, concurso de dança, concurso de canto, concurso de arte, clube do livro, clube da fotografia. Com algumas caligrafias desengonçadas já preenchidas em boa parte das linhas.

Alexia sentiu um frio subir sua espinha, mal conseguia equilibrar a caneta, Natalie a observava ansiosa com um sorriso largo no rosto. Assim que abriu a tampa da caneta novamente sentiu orgulho de si mesma, o cheiro fraco de morango pairou no ar, e a mesma escreveu seu nome. Com direito a um coração ao lado, feito por Natalie.

— Nunca duvidei de você. – abraçou a de lado.

— Sei... Quem você está querendo enganar? Porque a mim você não engana.

— Certo... Eu tinha um plano B. Eu tive que treinar um pouco a sua caligrafia... Então, eu poderia facilmente assinar o seu nome e convenceria você que já havia assinado enquanto estava bebada.

— Mas eu não bebo. – arqueou uma de suas sobrancelhas.

— Ouch! Não é necessário jogar na minha cara que o plano não era bom.

— Agora. – fez-se uma pausa dramática. — Vamos para a aula de filosofia, não posso levar advertência por sua culpa. – a menor entrelaçou o braço com o de sua amiga e a guiou pelas escadas.

— Isso acabaria com o seu histórico. – disse debochando. — Depois do almoço vamos dar uma volta.

— Hoje eu não posso, prometi a Sra. Foster que a ajudaria a organizar os novos livros da biblioteca.

— Nerd.

— Na verdade, só estou fazendo isso porque ela me garantiu que eu seria a primeira a ler os livros de arte.

— Acho que você está passando tempo demais comigo.

Darla entrara perdida na biblioteca, alguns alunos esbarram-na e sequer pedem desculpas, estão empolgados demais com suas novas HQ's para perceber o há em volta. A mesma já estava com dificuldades para equilibrar suas folhas, tintas e pincéis, acaba deixando alguns objetos cairem, por sorte o chão continuara limpo. Assim que consegue levantar ouve uma voz familiar.

— Estou aqui, Darla! – a senhora de meia idade disse, dando um tchauzinho com o braço levemente erguido, quase não visível devido à quantidade de adolescentes no local, depois de se manter três vezes nas pontas dos pés Alexia vai em sua direção.

— Estou atrasada? – perguntou, deixando sua postura o mais reta possível para ter um ar mais profissional.

— Pontual como sempre. – Sra. Foster deu um sorriso amarelo, e pediu indiretamente que a mais nova a ajudasse a levantar. — O clube do livro será um sucesso! Só hoje 12 alunos me perguntam quando se inicia. – sorri. — Podemos começar? Não esqueci do nosso combinado.

Alexia dá o seu maior sorriso e acompanha Sra. Foster até uma sala razoavelmente pequena, havia duas poltronas vermelhas no canto, uma mesa de madeira escura no centro e uma parede só com prateleiras; cheia de livros empilhados e devidamente embalados. O cheiro de papel e plástico predominavam no ambiente. Era como estar no céu para uma pequena garota ruiva. Havia livros de todas as cores e formatos que existem, dos mais diversos assuntos.

— Encontrei um livro que ensina a fazer bordado. – Sra. Foster o mostra com todo o cuidado que possa existir em seu corpo. — Nunca é tarde para aprender algo... – Alexia a olhou balançando a cabeça positivamente, a senhora voltou a si e pigarreou. — Pensei em catalogarmos por cores ou ordem alfabética. Gostaria da sua opinião já que frequenta bastante essas velhas prateleiras. Qual será a mais prática?

— Cores! Definitivamente cores. É fácil lembrar da capa de um livro, já o título...

Pintores Anônimos.Onde histórias criam vida. Descubra agora