— Eu não aguento mais salada de repolho no almoço. O que pensam que eu sou? Um coelho? – Natalie reclamava enquanto se sentava em uma das mesas do refeitório com Alexia, cruzou seus braços no peito e fez bico.
— Ah, não é tão ruim. – Alexia disse dando uma garfada logo em seguida.
— Você não tem paladar não? – reclamou outra vez, enchendo o seu garfo e deixando o conteúdo cair novamente no prato fazendo um barulho. — Olha essa consistência! Você está brincando comigo.
— Eu sou vegetariana, esqueceu? Os piores dias são os de sopa de carne.
— Ainda não me acostumei com essa sua nova fase.
— Não é fase. Eu realmente quero fazer isso. – sorri com suas bochechas cheias de comida. — Eu tenho uma barra de granola no meu armário, você quer? – antes que pudesse terminar sua frase Natalie fizera uma careta negando.
— Esta tudo bem. Posso aguentar mais duas aulas. Não é como se eu fosse morrer de fome... Eu acho. — deu de ombros. — Enfim... Eu pensei em algo para o seu desenho. Algo que dificilmente alguém faria igual. Não sei. Ainda estou confusa, será que-
— O que? – disse a interrompendo, se empolgando.
— Os seus sonhos. Não o profissional. Sonhos mesmo, aqueles que nós temos quando vamos dormir. Eu li um livro onde todas as histórias eram sonhos da autora, achei que seria bem interessante você fazer o mesmo. Desenhar o que acontece nos seus sonhos!
— Isso não seria uma espécie de plágio?
— Não! – pensou. — Eu acho que não.
— Acho melhor não fazer isso. Imagina começar uma carreira já sendo difamada? De qualquer forma, obrigada Talie. – sorri abraçando a de lado. — Você está se esforçando para me ajudar. Já eu não consigo pensar em nada. Até trouxe meus materiais, vou tentar pensar em algo enquanto leio na biblioteca.
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— Darla! – Sra. Foster sorriu assim que viu a aluna entrando no local. — Veio verificar se nosso sistema de organização está aprovado?
— Também... – sorriu amarelo.
— Vejo que trouxe os seus materiais... – a analisou de cima a baixo. — Apenas tenha cuidado para não fazer bagunça. – Alexia apenas acenou com a cabeça e seguiu em frente, ainda com Sra. Foster a encarando até a mesma sumir de sua visão.
O lugar silêncioso abraçou a garota de forma aconchegante. A mesma se direcionou para o corredor mais afastado, onde a luz da janela fazia uma forte presença. Os tons de marrom e vermelho ficavam mais intensos conforme a luz do sol se intensificava.
Espalhou algumas folhas, uma pequena tela, um caderno azul florido, pincéis e pôs suas tintas no chão, em cima de pequeno pedaço que encontrara de um jornal velho; se sentou cruzando as pernas como se fosse fazer uma sessão de yoga, posicionou o livro no meio e começou a ler, as gravuras eram coloridas e bastante detalhadas, com dicas e passo a passo de como fazer cada desenho, e ainda possuía artigos de como ter inspiração: "Passo 1: desenhe, rabisque ou pinte ouvindo sua música favorita, com o pensamento voltado para o que você mais gosta naquele exato momento. Use o seu coração".
Alexia começou dois esboços, já desobedecendo o passo número 1, mas nada parecia bom o suficiente para ela, era o mesmo o processo: iniciava o desenho, usava uma tinta, observava detalhadamente cada traço, encontrava um erro, tentava consertar, o erro aumentava, ela desistia amassando a folha e a jogando ao lado. Uma pequena pilha já se formava, teria de lembrar de levar a lixeira depois.
O relógio já marcava 4h20 quando tudo aconteceu. Já era o quinto desenho iniciado, e finalmente parecia estar dando certo.
Eis que passa um garoto, como um furacão pelo corredor, daqueles que destroem tudo em sua volta; fazendo com que toda aquela tinta caísse no jornal e no chão. Os pincéis se espalharam, cada um indo para uma direção diferente, um fora parar embaixo da estante de livros. A pequena pilha fora destruída e havia bolinhas de papel por todo o corredor. Darla levantou-se rapidamente, seu coração estava acelerado e sua vontade era de gritar, e soltar alguns palavrões, mas então ela viu quem era o autor de toda aquela bagunça.
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Pintores Anônimos.
Fiksi UmumAlexia Darla sempre teve uma veia artística que gritava em seu corpo. E agora com o concurso de arte se aproximando está em busca de uma inspiração, junto de sua amiga Natalie Gonzalez. Entretanto, o que fazer quando em sua mente só vem a imagem do...