Capitulo 3

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Algumas horas depois saio da faculdade, ando em direção à rua e me deparo com Grego (Igor) na frente da lanchonete, sentado em uma das cadeiras.
Ele me vê e faz um sinal com a mão. Logo em seguida me aproximo dele.

-E aí gatinha.

-Gatinha?-rio.

-Cola aí, pedi dois lanches.

-Ok, te conheci a algumas horas e você já virou meu pai?

-Para de marra, é só um lanche!

-Aham, um lanche, uma carona, um beijo...

-Tudo de boa, se não quer, não precisa comer mina.

-Ok, eu como, estou morrendo de fome.

-Mulher sempre tá com fome-me encara.

-Olha, você é inteligente.

-Eu entendo de mulher-sorri.

-Tá né.

Me sento ao seu lado e ele pede um refrigerante.
Os lanches chegam e nós comemos, ele paga a conta e nós levantamos e vamos em direção a sua moto.

-Sobe aí, eu te levo no seu barraco.

-Obrigada, mas eu vou de ônibus, é um pouco longe.

-Tenho certeza que minha moto chega lá bem rápido-diz entregando o capacete para mim.

Reviro os olhos, pego o capacete e subo na moto. Falo o endereço para o mesmo.
Alguns minutos já estamos lá, ele corre feito um louco, me dá um pouquinho de medo, mas gosto de adrenalina.

-Você mora em um lugar bem diferente da favela!

-Pois é, aqui as pessoas são egocêntricas e não gostam de conversar entre si.

-Eu to vendo mesmo, um vizinho olhando com cara feia pro outro, credo. Minha favela é bem mais animada, mais unida, ia adorar.

-Eu ia mesmo, qualquer dia eu faço uma visita.

-Se você quiser eu até venho te buscar princesa.

Me aproximo, quando estamos quase nos beijando meu pai abre a porta, que droga!

-Morgana! O que você está fazendo com esse marginal?

-Pai, respeita por favor que ele é bem mais estruturado que nós dois juntos!

-Você sabe quem é esse cara?

-Sei sim, o dono do morro, tem algum problema?

-Tem sim, porque ele é TRAFICANTE!-Ele dá ênfase na última palavra.

-Af pai, você é um nojo. Sai daqui que já estou entrando.

Ele entra e eu olho sem graça para Grego.

-Desculpa pelo meu pai, ele é sem noção. Mas quando tiver outro baile, me avisa.

-Aviso sim, anota meu número.

-Claro.

-E sobre seu pai, tá de boa, sou acostumado com esses preconceito aí. Minha favela não trafica não, eu não aprovo, já perdi muitos aliado por causa desse esquema aí, cortei definitivamente.

-Que bom, então tá, pode ir. Vai com Deus!

-Vou sim-me puxa e me beija.

-Que abusado!

Quando falo ele já da partida na moto e apenas me dá um sorriso, cretino!
Isso não vai prestar.

O príncipe do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora