Quando chegamos a cafeteria recebi mais alguns olhares mas decidi ignora-los.
James puxou uma cadeira pra mim. Achei aquilo um pouco estranho mas mesmo assim era fofo, então sorri. Enfim, não estava acostuma com cavalheirismos, ainda mais nesse último mês.
Ele sentou na minha frente e chamou a garçonete. Ela devia ter uns 30 anos, usava um batom vermelho muito forte, tinha um cabelo loiro amarelado que estava preso em um coque e mascava um chiclete.
"Olá, senhorita Richards." ele disse rindo sorrindo.
"Ola, benzinho, o que vai pedir hoje?" sua voz era muito fina.
"Bom, hoje vou querer um sanduíche de atum e uma coca- cola.". Ele se virou pra mim e perguntou "E você, Mia?"
A garçonete me olhou com desgosto nos olhos, não entendi absolutamente nada.
"Eu só vou querer um café. Estou sem fome, acabei de comer." sorri envergonhada.
A garçonete anotou os pedidos e nos deixou sozinhos.
"Então...quantos anos tem, Mia?"
"Eu tenho 18, e você?"
"Vinte e um. Está fazendo faculdade?"
"Bom, eu me inscrevi em algumas e estou esperando as respostas, e você?"
"Faço inglês a distância. Não é nenhuma Harvard, mas foi o que deu pra pagar." ele deu de ombros.
Eu sorri "É muito legal, James. Pensei em inglês também mas acabei por me apaixonar por literatura no segundo ano."
"Literatura é 10. Na verdade tudo que não tenha números é 10 pra mim." Ele riu.
"Concordo com você, sou um desastre em matemática ou em qualquer coisa que tenha números."
Depois de alguns minutos falando sobre faculdade, o lanche dele e o meu café chegaram.
Quando ele já estava quase acabado me perguntou.
"E ai, tá gostando de morar na mansão?"
Eu engoli um seco "Hm...estou me acostumando."
"Eu não conseguiria morar lá." Ele logo tampou a boca depois que percebeu o que tinha dito "Desculpe, não queria ter dito isso."
"Porque não?"
"Não é nada, só acho a casa muito grande, sei lá, não curto muito." Ele deu de ombros claramente mentindo. Eu concordei porque já sabia do que ele estava falando, mas não sabia que todos sabiam disso. Já estava ficando tarde então decidi me despedir e ir embora.
"Pode me passar seu celular?" Ele pediu meio envergonhado.
"Claro." Eu sorri.
Passei o telefone e ele deu o dele também. Me despedi e fui embora.
Chegando em casa abri a porta fazendo o mínimo de barulho possível. Fui nas pontas do pé até a escada.
"Porque demorou tanto?" escutei aquela voz atrás de mim, mas ela não tinha maldade, ela tinha tristeza? Me virei lentamente e a respiração de Justin estava muito perto da minha.
"Desculpa."
"Conheceu alguém?"
Não queria falar de James, sei lá se Justin poderia fazer algo com ele. James era uma boa pessoa.
"Não."
"Não minta, Mia..." ele segurou a minha mão e eu arrepiei com o toque gelado.
"Não estou mentindo." Praticamente gaguejei.
"Então quem era o menino de olhos azuis?"
Engoli um seco e me afastei do toque dele "Como você sabe?"
"Ai, Mia, querida Mia, depois de tudo você ainda me subestima? Eu sei de tudo, meu bem. E não se afaste de mim." Justin disse me puxando pela cintura fazendo com que ficasse colados um no outro.
"Ele foi só uma pessoa que eu conheci, nada demais." dei de ombros.
"Você gostou dele?"
"Não." Menti.
"Não minta pra mim." Ele disse me apertando contra ele muito forte.
"Esta me machucando, Justin." Uma lágrima escorreu do meu olho.
Ele me soltou e desapareceu, sem falar nada.
