Aquilo tudo foi muito estranho. Porque Justin ficaria triste com a minha demora? Porque a voz dele havia tanta tristeza? Acho que essas são perguntas que eu nunca vou conseguir responder.
Fui para o meu quarto correndo depois daquela situação, além do mais, meu braço tinha ficado vermelho com o aperto de Justin, doía muito também.
Deitei em minha cama e me pus a chorar, as lágrimas desciam e eu não conseguia conte-las. Eu só queria sair dessa situação, eu, de fato, não aguentava mais. Meu corpo estava cansado e minha cabeça mais ainda.Meu celular apitou me fazendo despertar dos pensamentos autodestrutivos. Era uma mensagem de James. Fiquei surpresa, mesmo ele pedindo o número não achei que ele realmente tentaria contato, ainda mais no mesmo dia.
"Oi, Mia!"
Não respondi. Não sabia o que responder e nem tia cabeça pra isso. Iria responder amanhã. Logo, adormeci.
Na manhã seguinte acordei com os olhos inchados de tanto chorar na noite passada. Fui ate ao banheiro lavar o rosto mas assim que me toquei que teria que passar o dia trancada em uma casa com o demônio quis chorar de novo. Troquei de roupa e desci ate a cozinha para comer algo. Eram 10 da manhã e o dia estava escuro, parecia que iria chover. Estava frio e triste. Odeio dias assim.
"O dia esta lindo hoje, não é mesmo?" Justin disse entrando na cozinha. Senti meu peito doer apenas com a presença dele no cômodo. Não o respondi e continuei fazendo os ovos que estava fazendo antes dele entrar.
"Não vai me responder, sua mal educada?" Pude escutar que ele estava se aproximando de mim. "Sabe, Mia, falta de educação é uma das coisas que mais detesto. Será que vou ter que te ensinar a ser uma boa menina?" A voz dele tinha muita maldade. Ele falava e eu senti vontade de correr. Meu corpo arrepiava a cada palavra.
Como eu não respondi de novo Justin me puxou pela cintura me apertando contra ele.
"Isso é um sim?" Ele cochichou no meu ouvido. Logo depois ele pegou meu pulso que estava vermelho por causa do aperto de ontem. "Como isso aconteceu?" Ele tinha confusão no rosto. Eu não entendi, pois ele havia efeito aquilo. Devia ser algum truque ou brincadeira. Me desprendi do aperto dele, desliguei o fogo dos ovos e sai andando da cozinha."Mia!" Pude ouvir ele gritando. Justin me puxou pelo braço me fazendo olhar parar ele. "Foi eu que lhe fiz isso?" O rosto dele tinha tanta confusão que eu estava quase acreditando que ele realmente nao sabia.
"Você não lembra?" Perguntei.
"Não."
"Porque esta fazendo isso?"
"Isso o que?"
"Se fazendo de desentendido. Você sabe muito bem o que fez e queria fazer."
"Mas..." Ele olhou para baixo.
"Mas o que, Justin? Olha, porque não me mata logo? Eu realmente estou exausta. Acho que se você não fizer eu mesma faço." Praticamente cuspir as palavras em seu rosto.
"Não, por favor, eu não aguentaria ficar sozinho por mais um século."
Ele tinha tristeza nos olhos, como ontem. Eu estava confusa e aquilo era perturbador demais para mim.
"Como assim sozinho?" Eu perguntei.
"Sozinho. Eu não aguenta mais ficar sozinho. É torturante demais ficar preso em um local de onde você não pode sair, se torturando a cada dia pela vida e morte miserável que você teve. Estava sendo horrível. Ate você chegar..." Ele colocou a mão em minhas bochechas e seus olhos tinham um verde folha brilhante.
"Você so pode estar brincando comigo. Você é louco ou o que? Ou isso é mais um jogo teu? Você me odeia, Justin! Não me suporta!" Eu gritei e sai correndo, subi as escadas o mais rápido possível e me tranquei no meu quarto. Ele queria me enlouquecer e estava conseguindo.
"Você sabe que não adiantar trancar, Mia." Justin disse do outro lado do quarto.
"Oh, meu deus! Me deixe sozinha, por favor!" Falei tentando abrir a porta do quarto mas não consegui.
"Só me escute, ok?" Justin disse colocando a mão em meu ombro me fazendo olhar para ele.
"E eu tenho escolha?"
"Não."
"Foi o que eu imaginei."
"Lembra quando eu te salvei daqueles trogloditas?"
"Sim..."
"Pois bem, eu senti algo aquele dia quando te vi desacordada em meus braços, algo que eu só tinha sentido uma vez...em vida."
"Como assim?" Perguntei claramente confusa. Justin, pela primeira vez, parecia alguém normal conversando. Sua voz era calma e eu não via ódio em seus olhos. Ele não parecia o demônio que eu conheci.
"Eu não sei muito bem explicar, mas era como se o ódio que eu sentia por tudo tivesse sumido por alguns instantes. E isso acontece de novo, quando te vejo dormir. Você parece um anjo, me traz tanta paz..." Justin disse isso se aproximando de mim e colocando a mão em minha nunca. Ele iria me beijar.
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