capítulo cinco: labor day

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 Os dias se passaram rapidamente, praticamente, em um piscar de olhos, já estávamos no outro dia.

Eu já estava mais acostumada com o meu caminho rotineiro até a casa de Dimitri. Pela manhã, eu sempre o encontrava à minha espera. Sempre com a pequena Marnie em seus braços. Como de costume, ele não demorava muito ao me fazer companhia, pois, logo ia trabalhar. Dimitri já havia me acostumado mal ao sempre deixar almoço e suco prontos.

Digo com toda certeza que estava para nascer chefe melhor que ele. Dimitri estava sendo um amor comigo, realmente. Eu queria poder retribuir de uma maneira mais decente, por que, uma torta não foi nada demais. Mesmo que Dimitri dissesse e repetisse que eu não deveria me incomodar, me sentia na obrigação. Poxa, o cara me deixa ficar na sua casa, tomando conta de sua filha, ainda me faz almoço e não fica me sobrecarregando.

Vim para o trabalho no feriado, mas será mais como uma visita. Dimitri estará todo o tempo em casa e, como o conheci melhor no decorrer dos dias, sei que não irá me obrigar a cuidar de sua filha — a não ser que eu queria. Claro que percebi que Valerie sentiu-se satisfeita, mas eu não estou fazendo os gostos dela. Sei muito bem que ela e Ned irão sair, e eu não queria ficar sozinha em casa. Venhamos e convenhamos, não é por que Valerie me deu um teto que possa mandar na minha vida. Ela não pode me obrigar a fazer algo que não quero.

Confesso que, de primeira, a ideia não me agradava muito, porém, depois que Dimitri havia comentado que iria passar o dia todo sozinho, eu simpatizei. Claro que não sou nenhuma profissional na área de doces, mas sei fazer um bolo descente. Dá para colocar uma vela e cantar os parabéns.

Tornando a voltar para o assunto Valerie. Nós duas não andamos muito bem. Ela sabe que o assunto Rowan ainda é bastante delicado, que eu ainda não consegui superar. Sei que depois de todo esse tempo eu já deveria ter o esquecido, mas não consigo. Valerie não precisava anunciar daquela maneira que ele havia me metido o dobro de chifres ao engravidar a outra. Aquilo foi golpe baixo e desnecessário.

Eu sei que posso estar demorando a superar, mas estou tentando lentamente me reerguer. É difícil. Além do mais, eu não esperava que ela pudesse ficar grávida dele.

Não tem como relevar essa notícia. Não tem como aceitar essa novidade.

Meu Deus, só de imaginar o quando eu me humilhei para que ele tivesse um filho comigo. Só faltei me ajoelhar no chão e implorar. "Sally, não acho uma boa ideia ter filhos". "Uma criança não está nos meus planos". "Sei que você quer ser mãe, mas eu não quero ser pai". E agora vai ser pai do filho da outra. Sinceramente falando, eu deveria estar feliz com essa notícia? Digo, deveria estar feliz por o meu marido ter me traído e ainda ter engravidado a outra? Pelo amor de Deus, nosso casamento nem havia esfriado!

Eu não consigo entender isso. Não consigo entender como eles podem estar felizes as custas da minha infelicidade. Isso não me desce!

Eu sei que quando nos separamos, Rowan teve o direito de ficar com quem quisesse, mas, e quando ainda estávamos juntos?

Meu pé nem havia saído direito de dentro daquela casa — que moramos sete anos juntos — e, no mesmo dia, a outra estava lá. A papelada do divórcio nem havia sido assinada! Só por causa disso, eu deveria ter pedido uma pensão bem gorda, pelo adultério dele. Infelizmente, isso não me faria feliz. É muito infeliz ter que admitir isso, mas eu só conseguiria me sentir feliz, se ele estivesse ao meu lado.

Graças ao santo Rowan, eu não estava conseguindo entrar em uma conexão com outro homem. Eu sei que não deveria culpa-lo, mas é assim que estou vendo às coisas. Rowan é o maior culpado, por eu me senti frustrada e não ter autoconfiança em mim mesma.

Apaixonadamente, Sally  | degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora