capítulo treze, parte dois: beijo mais doce, realidade mais amarga

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 Eu não sabia — e não tinha ideia — de que Connor gostava de usar drogas. Isso, de algum modo, me assusta um pouco.

Como eu não queria fazer a mesma coisa que ele, decidir beber alguns energéticos. Eles poderiam não me deixar loucona, mas é alguma coisa para me animar.

Aquela maldita fumaça fazia o meu nariz pinicar. E não importava para qual direção eu fosse, ela vinha atrás. Parecia mais um míssil teleguiado, no qual eu era o alvo. Fazia tão mal sentir a fumaça do que propriamente fumar. Minha tosse saía seca e minha garganta queimava como um inferno.

Eu já conheci pessoas que se gabavam por usar esse tipo de coisa — e graças a Deus, Valerie e Ned não são uma delas. Porém, eu jamais vi motivos para me submeter a isso. Não nego que já senti vontade, mas logo pus a mão na consciência e refleti sobre o que iria fazer. Não sabia qual reação eu poderia ter, então preferi não arriscar. Vai que eu caísse dura no chão.

No fim das contas, consegui me divertir sem me incomodar com a presença de Rowan e Alex. Eu estava realmente feliz, rindo à toa para tudo e todos. Eu pulei bastante, que nem me importei se a roupa estava grudando no meu corpo ou não. Nem mesmo os sapatos me incomodaram.

Quando a gente está se divertindo, as horas passam rápido. E foi isso que aconteceu.

Despois que a banda cover tocou American Idiot, eles se despediram, dando a chance para que o DJ prosseguisse com a noite. E sinto que esse é o momento para que eu vá descansar as pernas. Olho para o lado, a tempo de ver Connor beijando uma garota vestida de pirada. Mais distante vi Valerie e Ned, dançando igual a doidos. Era óbvio que eles estavam bêbados, mas não que isso seja uma novidade.

Procuro por Allister, mas não o acho em lugar algum. Deve bem ter saído com algum carinha. Volto para a mesa vazia e me sento, olhando para o restante das cadeiras vazias. Meu olhar se fixa na cadeira de Dimitri, e me pego pensando se ele está ficando com Dominica em algum lugar. Eu realmente queria está no lugar dela e esse pensamento me é tão... incomodo. Me sinto muito errada em pensar isso, mas está impossível pensar o contrário.

Virei meu rosto, olhando por cima do ombro na direção de Rowan. Ele estava um pouco distante com Alex, mas eu os conseguia ver bem. E, para o meu azar, ele também olhava em minha direção. Sinceramente, não consigo entender qual é a dele.

Esses dois nem aqui deveriam estar.

Digo, o nascimento do filho ainda é algo tão recente para eles deixarem a criança com a vó e saírem, com a mãe ainda em resguardo. Sei que isso não é problema meu, mas é o que uma pessoa sensata faria. O primeiro mês é tão importante, não deveria ser desperdiçado assim. Óbvio que eles podem/devem sair, mas ainda é tão cedo...

Talvez eu posso ser a única que pensa assim, mas é porque me importa demais e me dói pensar que esse momento não está sendo vivido como deveria. Eu sei que é cansativo. Os primeiros meses são os piores, mas tem a sua magia.

— Sally — escuto a voz de Dominica me chamar, e viro minha atenção na sua direção. Não reparei em sua aproximação por estar ocupada demais reparando na vida alheia.

— Oi. Desculpa, estava pensando em algumas coisas, não percebi você se aproximar — lhe lanço um pequeno sorriso, me acomodando na cadeira.

— Gostaria de me desculpar por ter sido um pouco insensível mais cedo — Dominica senta-se na cadeira de Dimitri, cruzando os braços sobre a mesa. — Eu realmente não sabia que Rowan já havia sido casado com outra mulher.

Faço que sim com a cabeça.

— Não se preocupe com isso. Sinto que também lhe devo desculpas se agi de modo que...

Apaixonadamente, Sally  | degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora