Dinâmicas em grupo

Nada é por acaso

A Faculdade de Medicina em Madri é imensa. Melissa corre para não chegar atrasada. Seus cabelos ruivos e encaracolados vão de um lado para o outro, dançando de felicidade, junto com a dona.

"Estou cursando Medicina em Madri!" - Vibra dentro de si, quase não se contendo.

A brasileira ruiva, magra, olhos azuis, quase cinzas de tão azuis, com seus vinte e poucos anos incompletos, mais perto dos trinta, do que vinte e cinco, chega na sala de aula.

Sua primeira aula do primeiro dia.

Melissa está usando um casaco de frio na cor azul claro, marca Puma com uma calça jeans escura e camisa preta básica.

O primeiro lugar que ver já senta.

-Meu nome é Melissa. - Fala empolgada com a moça que está ao seu lado.

-Prazer sou Kelly. Seu sotaque é diferente! Qual a sua nacionalidade?

- Sou brasileira!

-Brasileira sem bunda e branca?

-Sei que sou um biotipo diferente dos esteriótipos das nossas mulheres no Brasil... - Risos. - Mas sou brasileira sim!

-Já vi que vais fazer sucesso, com ou sem bunda!

Elas sorriem de novo.

-Mas não somos só isso! Bunda! - Melissa faz questão de frisar.

-Está certa, mas, diga isso para os nossos homens aqui em Madri! São tarados por bunda e por brasileiras!

Dessa vez o sorriso soa mais alto! O professor as olha insatisfeito e as duas param de falar.

Quando o dia termina, Melissa sai rapidamente da Universidade sentido as "Casas dos Estudantes".

Ela sobe a escada e vai para o quarto. Sua colega de quarto, ainda desconhecida, está ao telefone, Melissa dar boa noite, mas recebe de volta uma cabeça balançando que ouviu a saudação.

Pega suas roupas e vai para o banheiro.

Ela demora no banho. Sai do box, pega a toalha e passa a mão no espelho do banheiro que estava suado, escova os dentes e penteia o cabelo.

Lembrou que esqueceu de comer. Não importa mais, iria dormir...

Melissa veste a roupa para uma noite fria, passas no frigobar e pega uma água. Seu IPhone 8 está na cabeceira e vai direto para o Spotify. Coloca o fone e começa a escutar sua biblioteca. Nando Reis já sai cantando:

"Pra você guardei meu amor."

"Puta que pariu! Logo essa!" - Toma um susto.

Ela Fecha os olhos e sua mente arremete para um passado recente. Há mais ou menos doze meses, perdeu seu único amor com um linfoma no pulmão.

Carlos nunca havia fumado.

Ela se lembra do primeiro dia que se conheceram. Há dois anos!

Ele estava correndo na praia de Copacabana. Corpo atlético. Oriental. Quase um metro e setenta e cinco.

Altura ideal para ela. Não gostava de homens altos ou baixos. Um e setenta e pouco era a medida certa à ela.

Eles já haviam se cruzado varias vezes nos últimos meses, mas, por alguma razão, não havia se olhado.

Eles se olhavam, mas, não se viam, se é que entende.

Melissa era desastrada ao caminhar. As vezes tropeçava nós próprios pés. Não era uma atleta e coisa e tal, gostava de andar e ver as pessoas. Tomar aquela água de côco, gelada, de sabor único.