Capítulo 1

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Sete anos depois

Sete anos, se passaram sete anos que meu filho se foi. Durante meses eu me enterrei em meu luto, eu sabia o que estava sentindo, não precisava de ajuda e não queria ver ninguém. Uma parte de minha jamais seria a mesma, eu não queria sentir aquilo de novo e isso me vez não engravidar mais, se não tive o primeiro não teria nenhum, era um sonho, um sonho maravilhoso que resolvi renunciar e afogar as magoas no trabalho, passava horas na cafeteria, pedidos e mais pedidos não eram suficientes para diminuir a dor, Em casa a guerra estava armada,o luto nosso não soubemos compartilhar e isso foi nos matando aos poucos, dias após dia até tornar a convivência insuportável. Eu não o culpava, mas não podia negar que a falta de apoio dele fez tudo ficar pior. Depois de um tempo me fez entender que não precisava dele, na verdade não precisava de ninguém, eu era capaz de viver sozinha e aprendi a não romantizar o amor ou a vida de casada.

—Bom dia, Claire. — Emma entra na nossa cafeteria com uma cara triste.

—O que houve? Está bem? — interrogo saindo de trás do balcão.

—O de sempre, problemas com meu pai — diz suspirando alto e de cabeça baixa.

—Não fique assim. Ele só não sabe aceitar quando é contrariado, deveria saber, já que é igual a ele, e isso é um elogio. — Seguro em sua mão e a aperto de modo carinhoso.

—Você é a melhor amiga que alguém pode ter. — Ela esboça um sorriso, tentando voltar a seu humor de sempre.

—E sócia também. — Dou uma risada e ela me mostra a língua.

Nos últimos anos nossa cafeteria tem crescido e cada vez mais conquistando clientes, apesar de uma cidade pequena, é bem turística graças às cachoeiras e os lagos que banham quase a cidade toda. Quando começamos parecia ser algo tão pequeno, um sonho distante e com muito trabalho e dedicação conquistamos nosso espaço e estamos nos perpetuando entre os moradores e turistas. Desde a nossa infância somos amigas, sempre entendemos uma a outra e nossa amizade prevaleceu acima de tudo. Ela tem seus problemas em casa, assim como eu tenho os meus. Somos amigas, confidentes e, acima de tudo, respeitamos a opinião uma da outra.

Mesmo nós discordando quase sempre, brigando uma ou duas vezes por dia, aprendemos a colocar os problemas de lado e fazer tudo da certo. Emma é explosiva, gosta de viver com intensidade e consegue muito bem ocultar seus sentimentos e tremores, mesmo sabendo que no fundo ela não é essa casca dura toda. Após o divorcio dos pais ela passou ser mais reservada e disse que por isso preferia ficar solteira, não a julgo, pois se pudesse voltar atrás eu também faria o mesmo.

—Bom dia, moças bonitas. — José, como sempre, é o primeiro cliente a ser atendido. José Armando é um rapaz bem jovem, de olhos preto, cabelos castanhos com o início de uma calvície e um sorriso encantador. Ele tem um charme, sem contar que o cavalheirismo dele é cativante. Quando se trabalha diretamente com o publico você passa conhecer as pessoas, gostos, manias e durante anos atrás desse balcão, vamos dizer que adquirir certa experiência em conhecer e até mesmo saber exatamente de quem estão falando quando fazem elogios e até comentários maldosos.

—Bom dia, José. O que será para hoje? — Emma o atende com seriedade.

Eles dois saíram algumas vezes, mas como Emma gosta de dizer "ele é o rapaz certo para todas, menos para ela". Ela prefere homens que tenham opinião e não alguém que pense que de qualquer jeito está bom. Segundo ela me contou, ele é o tipo de homem acomodado, que nunca almeja mais que o básico e ela realmente gosta de aventura, por outro lado sei que isso é apenas uma desculpa para não se envolver.

—Meus biscoitos com gotas de chocolate e o famoso café expresso que somente a Claimax sabe fazer — pede e se senta para esperar.

—Isso que é cliente fiel, saiu com a dona do comércio, levou um fora e ainda assim é educado e carinhoso — provoco minha amiga e ela me lança um olhar mortal.

Antes que seja tarde Onde histórias criam vida. Descubra agora