Capítulo 6

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Durante todo o trajeto até a cafeteria penso em uma maneira de resolver tudo com Augustos e acabar nosso casamento do jeito mais amigável. Não quero mais brigar e muito menos que Anne viva em meio a uma guerra, ela já sofreu demais e tudo que quero, é protegê-la e ajudá-la da melhor forma possível. O que aprendi durante esses anos é que nunca deve se dirigir a ele com calma, ou você coloca sua opinião com firmeza, ou ele a ignora e finge não saber de nada.

—Bom dia, minha menina — Dona Matilda me cumprimenta assim que entro em meu estabelecimento.

—Bom dia. Como estão as coisas? — pergunto sentando-me ao seu lado.

—Muito bem. E com você? Perece preocupada — diz me encarando, sorrio para ela e nego com a cabeça.

— Bem não posso dizer que estou, mas estou tentando. Não é nada importante, apenas problemas da vida — desconverso já me levantando, mas ela segura em meu braço e respira fundo.

—Não fique assim, Deus tem um tempo para cada coisa, confie e espere e no momento d'Ele, tudo se ajeita.

Confirmo com a cabeça e vou em direção ao balcão.

—Bom dia, Claire — Amélia, nossa funcionária, cumprimenta-me.

—Bom dia também, Amélia. — Desmancho minha cara de irritada e coloco meu avental para mais um dia de trabalho.

—Ei. Ei. O que você está fazendo aqui? — Emma aparece da cozinha com o rosto coberto de farinha de trigo e eu não deixo de sorrir.

—Que eu saiba, eu trabalho aqui e acho que sou dona da metade. Por quê?

—Claire, você tinha uma consulta no Dr. Dilan. Eu te avisei hoje cedo. — Ela me encara nervosa.

—Desculpa-me, esqueci. Mas, dessa vez eu tinha motivos, acabei de assinar os documentos para inicio da guarda definitiva de Anne, tenho que conversa com Augustos e ainda lidar com a viagem de minha tia. Diz-me se não é demais para qualquer um?!

—Eu sinto muito. Você irá achar uma saída, eu tenho certeza. — Emma me abraça forte.

—Desde que eu tenha você e Anne, eu encaro tudo. Obrigada — cochicho no ouvido dela.

—Mas isso não significa que eu esqueci a sua perda de memória. Vou remarcar a consulta e dessa vez faço questão de te acompanhar. Vamos trabalhar.

—Sim, senhora mãe — brinco — ela volta para a cozinha e me deixa no balcão com Amélia.

Passamos a manhã ensinando Amélia a fazer bolos e biscoitos de chocolate, mesmo ela dizendo que não leva jeito para a cozinha.

—Esse saiu perfeito. Confesso que você tem mais habilidades do que eu e você pensávamos — Emma diz a ela, que também coloca um biscoito na boca.

—Parabéns, Amélia. Você tem talento. Bom, meninas, eu tenho que ir. Preciso pegar Anne na escola.

—Ta bom. Se cuida e qualquer coisa nos ligue.

Dou um beijo na bochecha das duas e pego minha bolsa. Saio mais cedo para levar Anne para tomar um sorvete e passear um pouco na praça, mesmo que eu queira me isolar na minha dor e problemas, ela é uma criança e necessita ser forte para superar a vida e ter uma segunda chance.

—Titia, a senhora já chegou? — Anne pergunta vindo me abraçar, tem uma semana que ela voltou a aula, nos dois primeiros dias foi difícil para ela não ver a mãe lhe ensinando, chegou em casa chorando e dizendo que não queria mais estudar, precisei esconder meu luto para ajudar ela, e depois chorar com minha tia, eu não vejo a menor capacidade em como cuidar dela, no entanto, é tudo que tenho e preciso fazer o melhor, só espero que seja suficiente.

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