Capítulo 5

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—Titia. Titia.

Acordo com Anne gritando e saio correndo para ver o que está acontecendo.

—O que foi, meu amor?! — Abro a porta de seu quarto e ligo o interruptor.

—Tive um pesadelo de novo com a mamãe — diz chorando.

Faz mais de 15 dias que Camille morreu. Anne ainda não se adaptou à nova casa, cama e à falta da mãe dela. Augustos não veio casa desde que eu disse que Anne moraria com nós, segundo ele não poderíamos assumir uma criança para substituir a nossa. Brigamos feio e eu disse que jamais deixaria minha sobrinha por causa dele ou de qualquer outra pessoa, não era nosso filho, no entanto era da minha família e a pessoa que eu mais amava. Eu tinha cansado das brigas, das diferenças e admitir que o melhor fosse o divorcio e a paz de vez. Ele não concordou, disse que precisava pensar e que retornaria para conversarmos. No dia do enterro, quando voltamos, ele já não estava mais aqui. Desde então, não tivemos mais contato e isso está sendo bom, está me ensinando que eu não preciso dele para seguir em frente ou que devo lutar por um casamento que não tem amor nem respeito.

—Não se preocupe meu amor. Vai passar. Vamos deitar comigo. — Pego-a no colo e a levo para o meu quarto.

Amanhã terei reunião com a assistente social para assinar o processo da guarda de Anne. Nessas semanas que se passou, a dor continuou a mesma, só evito chorar na frente dela para ela me ver como um apoio. Aconchego-a debaixo das cobertas e a abraço — Dou vários beijinhos em seu rosto e começo a cantar uma música baixinho até ver que ela realmente dormiu para dormir também.

Levanto-me antes de Anne e começo a rotina de todos os dias. Arrumo a cama dela e desço para preparar o café.

—Onde está o açúcar? — pergunto a mim mesma e tento me lembrar onde o guardei. Começo a abrir o armário e nem sinal do que quero. Achei que essas falhas na memória iriam melhorar, no entanto, pioraram.

— Bom dia, Claire. Tia Rosa me cumprimenta entrando na cozinha.

—Bom dia, tia! Dormiu bem? Questiono sem olhá-la. Preciso realmente achar meu açúcar.

—Sim, estava caminhando. Claire, precisamos conversar — Diz séria e se sentando, já sei o que ela quer dizer, só não sei se estou preparada para isso.

—Pode dizer tia— Saio de trás no balcão e sento-me de frente para ela, a mesma olha para o celular por alguns minutos e depois me encara.

—Sabe que não gosto de ficar aqui. Sei que tem pouco mais de quinze dias que Camille se foi, quero muito está presente na vida sua e da Anne, mas eu também não posso ficar onde não me sinto bem.

— Tia, a senhora não pode nos deixar agora, eu preciso de ajuda, de apoio. Tudo isso é novo para mim. Nos últimos dias toda vez que penso na minha vida, começo a chorar e é exatamente o que estou fazendo no momento. Entendo que ela não gosta daqui, mas as coisas são diferentes. Preciso de ajuda.

— Não vou hoje, ou amanhã, mas precisa entender que em um determinado momento preciso ir. Você dará conta, querida, é uma mulher forte, só precisa ir devagar e às vezes pensar em você mesma. Não estou indo para sempre muito menos irei deixar vocês, só não estarei aqui fisicamente, nem todos os dias. Preciso ver umas amigas, qualquer coisa me avisa. Ela sai calada e cabisbaixa — Passo as mãos no meu rosto e abaixo a cabeça pensando, já que isso é a única coisa que tenho feito nos últimos dias, pensar, só não sei por onde começar a colocar as coisas no devido lugar.

—Bom dia. — Emma entra sorridente na cozinha e segurando a minha tão sumida lata de açúcar.

—Bom dia. O que você faz com meu açúcar? — interrogo sem entender.

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