Capítulo 7

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—E aí? Como foi com Augustos? — Minha tia pergunta entrando em meu quarto com Anne adormecida em seus braços. Arrumo as cobertas e a deito na cama.

—Melhor do que eu pensava. Não discutimos nem nos ofendemos, no entanto ele não assinou o divorcio — admito triste e esmorecida.

—Se não brigaram, por que ele não assinou? — Ela pergunta confusa.

—Já voltou dormindo. Depois de dois pedaços de pizza e de toda correria nos brinquedos, ela não aguentou o cansaço

—Imagino. Ele não assinou porque quer voltar tia, disse que se arrependeu, que não queria ficar sem mim e que queria uma segunda chance, só não entendo o motivo dele, não tem mais o que tentar, não mesmo.

—Eu e ele conversamos ontem enquanto você estava na cafeteria. Falei com ele que você e Anne era um presente de Deus e que invés de lamentar, deveria era ter agradecido a oportunidade de começar de novo. Joguei na cara os erros dele, disse que era um idiota e jamais acharia outra Claire. Só fui sincera, não deixei passar batido que se Nathalie o aceitava sendo casado, ela não o amava e ele não amava nem a si mesmo, por não saber nem mesmo respeitar a mulher que tinha jurado amar.

—Tia. Agradeço por me defender, mas agora ele parece aceitar essa loucura, não deveria ter feito isso. Não sei como reverter.

—Eu só queria ajudar, não sabia que ele iria me ouvir, lamento. Ela se desculpa e sei que não tem culpa de nada.

—Tudo bem, sei que não foi a intenção, amanhã resolvo isso, no momento só preciso dormir e descansar. Digo desejando esquecer aquilo, pelo menos por uma noite.

—Nos vemos amanhã. Bom descanso. Dou um abraço nela e me deito de frente para Anne, ela dorme serena. Tenho certeza que amanhã ouvirei várias historias sobre a noite e o quanto amou cada minuto. Não posso negar que queria ter a idade dela, a inocência de uma criança e a fé de que o amanhã sempre seria uma aventura, desejamos tanto crescer, que quando realmente acontece, lamentos a infância pouco vivida e aproveitada. Procuro minha garrafa de água no criado e percebo que a esqueci o que me obrigada a me levantar, mania que adquiri ainda na adolescência, sempre levar uma garrafa de água para o quarto, mesmo que na maioria das vezes eu não bebesse, só queria pensar em cada detalhe, desculpa que eu sempre dava para justificar a atitude no dia seguinte. Desço correndo as escadas e acabo me chocando de frente com o Augustos.

—Pode por favor, olhar por onde anda! Falo brava e passando a mão na minha testa, que colidiu com o queixo dele, a pouca claridade me impediu de ver ele.

—Eu não sabia que iria descer as escadas correndo. Vir bebe água e percebi que não levou sua garrafa, estava indo de chamar para te entregar — Diz e então vejo que na sua mão direita o motivo da minha colisão.

— Sabe que isso não irá funcionar. Eu quero aqueles papeis assinados. Obrigada e boa noite — Pego a garrafa da mão dele e começo a subir as escadas, dessa vez sem correr para evitar algum incidente.

—Boa noite, Claire! — Escuto ele responder vindo logo atrás de mim. Não me dou ao trabalho de olhá-lo, apenas entro em meu quarto e tranco a porta, agora oficialmente pronta para dormir, ou pelo menos tentar, nesse momento da minha vida, preciso realmente seguir o conselho da minha tia, um dia de cada vez.

Levanto-me antes de todo e após o banho começo fazer o café. Aproveito que está cedo e começo a preparar algumas coisas para a cafeteria.

—Bom dia, dormiu bem? — Augustos cumprimenta ao entrar na cozinha. Vai até a geladeira e pega um copo de leite gelado.

—Bom dia. Sim! — Falo sem prolongar o assunto e controlando meus instintos para não tocar no assunto de novo, pelo menos não agora.

—Titia. — Anne desce as escadas correndo e me chamando, mas ela para assim que o encontra na entrada da sala de jantar.

—Oi, meu amor?! Precisa de algo?

— Ele vai ficar aqui? Ela pergunta apontando para Augustos e o encarando seria, ela não se intimida mesmo.

—Eu moro aqui, Anne, e não pretendo sair — Augustos diz abrindo os braços e, meio desconfortável, Anne anda até ele.

— Bom dia, então tio. Se ficar bravo, eu fico também — Ainda sem jeito, ela dá um beijo na bochecha dele.

— Isso é uma cena e tanto — Tia Rosa diz apontando em direção a sala, e tenho certeza que Augustos e Anne estão fazendo alguma coisa juntos.

—Nem me fale, durante anos eu esperei que ele mudasse. Mesmo nós brigando eu achei que poderíamos achar um motivo para tentarmos de novo, alo para lutar, e não, não aconteceu. Então, magicamente, quando eu finalmente dou por vencida e paro de ser idiota ele decide que quer tentar, eu juro que estou me controlando para não dar uns tapas dele, de verdade — digo realmente brava e tentando achar uma lógica para aquilo tudo, somente a conversa com minha tia não pode ter mudado ele tanto, seria quase impossível, tinha que ter algum motivo e eu quero muito saber. 


































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