Coveiro

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As minhas mãos,
Estão sujas de barro
As observo e penso,
Os anos que se passaram
Me trouxeram habilidades
Das quais eu não me orgulho,
Cavar buracos e enterrar corpos,
Corpos de personas e papéis
Que eu já fui.

Ao longo dos anos
Já enterrei o bom filho,
O jovem promissor,
O aluno perfeito,
O bom amigo,
O tolo apaixonado,
O irmão mais novo,
O bobo da corte,
O filósofo maluco,
O juiz de porra nenhuma.

E tantas outras
Rotinas e crenças
Que por algum período
Fizeram parte da base
Das personas e papéis
Que transitaram
Pela minha vida.

Dou um sorriso,
Enxugo o suor do rosto
Mãos ao trabalho
É hora de enterrar
O que queria ser menos
O que queria ser pouco.




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