Ainda em dúvidas

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Enquanto a Juliana digitava, eu já imagina que ia vim um capítulo da bíblia. Deixei o celular em cima da cama e fui tomar um banho. Demorei meia hora no banheiro, sai enrolada na toalha e me sentei na cama, comecei a pensar em várias coisas, principalmente na minha família. Nem sei se é a minha família mesmo. E eu acho que é por culpa minha, e porque eu acho que é culpa minha? Eu vou te contar porque.
Quando eu tinha 8 anos, minha mãe e meu padrasto tinham um amigo, ele me chamava de filha, pois ele não tem filhos e sempre quis ter, me elogiava muito e me presenteiava demais. Eu como não tinha maldade na mente, mas sempre fui muito esperta, comecei a me sentir desconfortável com aquilo, eu passei a observar mais ele... Ele me olhava de um jeito estranho, de um jeito que eu tinha medo. Mas o medo aumentou quando ele passou a dormir na minha casa... Ele dormia no meu quarto, e eu dormia com meu irmão no quarto dele, e em uma noite, eu e meu irmão estávamos assistindo filme. Ele entrou no quarto e se deitou do meu lado, eu fingir que estava dormindo, e ele e meu irmão continuaram a assistir o filme. Só que de repente eu comecei a sentir ele passar a mão em mim, isso mesmo, ele estava passando a mão em mim. O amigo da minha mãe e do marido dela, o homem que dizia me considerar como filha estava passando a porra da mão dele em mim. Em minhas partes íntimas. Eu fiquei sem reação. Eu apenas dormir, fingir que não tinha sentido ele fazer oque fez, eu fiquei com muito medo. E assim que eu acordei ele não estava mais lá, eu me levantei e fui falar com a minha mãe, eu contei para ela, e ela contou para meu padrasto. Ele não disseram nada para o homem, me falaram que não ia deixar ele vim nunca mais em nossa casa. Só que ele continuou vindo. E fazia tudo de novo. E depois de um tempo ele sumiu e eu nunca mais o vi. Mas no meu aniversário de 16 anos, o desgraçado veio, me abraçou como se nada tivesse acontecido, como se ele não tivesse feito nada. E depois desse dia eu também não o vi mais. Eu fui abusada e quem eu mais confiava não fez exatamente nada.

Sms da Juliana chega e deito na cama e olho para o celular, penso se quero ler, mas acabo dormindo e deixo para ler depois.

Era 2h40 da madrugada, eu acordei e a minha boca estava seca. Me levantei da cama e andei em direção a porta do meu quarto, liguei a luz e sair do quarto. Quando desci as escadas meu irmão ainda estava na sala, só que acordado e assistindo filme de terror. Passei por ele como de ele não estivesse ali. Fui até cozinha, peguei um copo no armário e abri a geladeira, peguei a jarra de água e fechei a geladeira. Bebi água e voltei a passar pela sala. Meu irmão não disse nada, também fingiu não me ver. Voltei para o quarto e tranquei a porta. Andei até a minha cama e peguei um estojo e várias cartelas de remédio. Joguei em cima da cama e me sentei de frente para o estojo e as cartelas. Eu prendi o meu cabelo e fiquei 5 minutos só olhando para o que tinha em cima da minha cama. Meu celular vibrou e a luz da tela acendeu. Tinha 30 ligações da Juliana e vários Sms. Oque essa louca quer tanto falar comigo. Eu não queria pegar no celular e responder aquelas mensagens. Eu sabia que eu ia desistir se eu falasse com a Juliana. Mas foi bem mais forte a vontade de saber o que ela tinha para me contar. Eu sou bem curiosa e acho que a Juliana se aproveita disso muito bem. E parece que adivinha o momento certo para fazer isso. Pego o celular e desbloqueio a tela, começo a ler a mensagem e somente uma me chamou atenção.

Sms Juliana: Eu não queria te contar na lanchonete pois sabia que você ia ficar louca, mad como nossas férias estão chegando, eu tenho uma novidade para você. Nós vamos viajar, já comprei as passagens e vamos ficar na casa da minha prima Brunelly, eu já tinja falado com você dessa viagem, vai ter muitas festas para gente ir por lá e ver se você desencalha, por que né minha filha, tu ta acabada. Te vejo amanhã de manhã, nem adianta dizer que não vai, eu te amarro na asa do avião.

Eu fiquei muito irritada, mas também feliz por ver ela tentando me manter alegre apesar do meu sofrimento. Eu não podia recusar o convite da Juliana, então decidi adiar o dia da minha morte. Guardei tudo e fui dormir.

No dia seguinte, eu não fui para escola. Fiquei a manhã toda deitada na cama e olhando no teto. Pensando o que uma pessoa esquisita como eu ia fazer em uma festa. Juliana deve ter usado alguma droga. Esqueceu que odeio multidões.

Alguém batia na porta do meu quarto, eu levantei e abrir, voltei pra cama sem nem olhar quem batia. Era Juliana, ela entrou correndo e pulou na minha cama me balançando fora do normal.

Juliana - Me diz que você vai comigo!!! Por favor, diz.

Eu - Eu ainda estou pensando Jujuba. Você sabe que não gosto de festas.

Juliana - Tá mais você vai mesmo assim. Amanhã quero a senhorita de malad prontas as 9h00. Tchauzinho.

Ela beijou minha testa e saiu do quarto sem esperar uma palavra minha. Ela sabia que eu ia insistir em dizer que não ia. Ela me conhece muito bem.

Então eu levantei e fui fazer as minhad queridas malas, eu nem tinha muita coisa mesmo, não ia demorar. E depois disso eu ainda tinha que concertar o meu enfeite que a Juliana quebrou empurrando a porta desesperada.

Até pra ser flor precisa de sorteOnde histórias criam vida. Descubra agora