Capítulo Dois

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APENAS DEGUSTAÇÃO

CONFORME AVISADO, O LIVRO FICOU DISPONÍVEL ATÉ O DIA 20.11.18

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JULIANA

Acordo sentindo um beijo no rosto, mas quando tento abrir os olhos, sinto dificuldade. Só então me lembro dos socos de ontem.

— Acorda, mamãe.

Tento mais uma vez e um dos meus olhos se abre.

— Mamãe acordou. Eba! Achei que você tinha virado a bela adormecida.

— Oi, princesa — sento-me e a dor rasga a lateral do meu corpo.

— Você doente, mãe?

— Sua mãe só precisa descansar um pouco. Vai para o jardim brincar, Emy.

Assusto-me com a voz da minha mãe e depois de receber um beijo do meu anjinho, volto a me deitar para amenizar a dor.

— Acha bonito isso, Juliana? — começa ela com a voz ríspida.

— Creio que bonita é a última coisa que devo estar nesse momento, mãe.

— Não dê uma de engraçadinha para o meu lado, se não...

— Se não o quê? Vai me dar uma surra? Ah! Desculpe, mãe. Você chegou atrasada. — caçoou de olhos fechados.

Ouço seu suspiro irritado e sorrio internamente.

— O que você achou que estava fazendo em um bar se engraçando com um cara?

— Eu o quê? Aiiiii — grito de dor ao sentar-me. Dessa vez estou achando que ele quebrou a minha costela com os chutes, está doendo demais.

— Você tem ideia da vergonha que ficamos quando Edgar foi nos contar da sua sem-vergonhice?

— Eu estava cantando, caramba. Não estava fazendo nada demais.

— Cantando? Não esqueceu essa baboseira ainda? Você precisa se concentrar na sua vida. Pensar que tem um marido para cuidar e uma filha para criar.

— Eu penso na minha filha a cada maldito chute e soco que levo. É somente nela que penso para conseguir suportar essa vida de merda que vivo.

— Vida de merda? Como você é ingrata. Edgar nunca deixou faltar nada a vocês duas. Ele te ama.

— Ama, mãe? Como você pode falar de amor? Olha o estado que eu estou.

Saio da cama com dificuldade pela dor na lateral do corpo e começo a arrancar minha roupa para que ela veja as marcas roxas e cicatrizes antigas, espalhadas pelo meu corpo.

— O que você está fazendo? Se veste menina. Ele fez isso com você porque você o provocou. Acha que seu marido tem sangue de barata? Ia ver você em um bar dando em cima de outro homem e ficar quieto?

— Chega, mãe. Vai embora, por favor — peço cansada demais para discutir.

Caminho devagar para o banheiro do meu quarto e dessa vez me assusto ao encarar o espelho. Meus dois olhos estão roxos, e não consigo nem mesmo abri-los totalmente eles. Recordo-me dos socos quando eu já estava quase desacordada, e o chute no estômago que me deixou sem ar, fazendo-me apagar de vez.

Eu realmente espero que a Emilly não tenha ouvido nada. Eu evitei gritar durante a surra. Já bastou assistir a babá nos olhando horrorizada quando Edgar entrou me arrastando pelos cabelos.

— Ele pediu para que eu viesse falar com você e colocar algum juízo na sua cabeça. — continua minha mãe se posicionando atrás de mim. Vejo que ela evita olhar na direção do espelho e não é para menos, estou péssima. Até uma pessoa sem coração como ela deve estar abalada.

*Degustação* Um Sopro de EsperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora