Em meu Sangue

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(Revisado)

  - Esse é uma das passagens pro Jardim. - Molly mostrava empolgada - Foi nesse Jardim que o rei Lucius pediu a noiva em casamento. Foi uma cerimônia divina. Eu trabalhei mais naquele dia do que em uma semana inteira. - Ela comentava feliz.
  - Mas por que está feliz se teve que trabalhar? - Pergunto olhando para os jardins - Você não deveria estar irritada?
  - Foi uma honra servir a verdadeira família real. Eles eram justos e muito bons também. Não importa o que falem da rainha, ela foi uma das melhores governantes que já tivemos.
  - Onde eles estão agora? - Perguntei prestando atenção na história. Era, de fato, uma narrativa bonita. Molly apenas me olha chateada, parando de falar aos poucos. Acho que o conto havia chegado ao fim. - Desculpe. - Pedi e logo fiquei em silêncio.
  - Um dia, eu levei um doce especial para a rainha. Ela estava grávida e não sabia o que pedir. Ela me pediu alguma coisa nova para ela, gostosa e doce. Eu fiz pães de Álcalis branco para ela. - Molly comentou segurando o riso - Ela não sabia como comer, se irritou e jogou os talheres longe e começou a comer com as mãos. Aquela foi uma das melhores cenas que eu já vi na vida. Ela me convidou para comer com ela e conversou comigo sobre vários assuntos aleatórios, até dizer que achava que estava grávida.
  - Você foi a primeira a saber da gravidez da rainha? Mas ela estava grávida mesmo?
  - Sim! - A loira responde empolgada. Molly me lembrava as garotas da minha sala quando tinham alguma fofoca para contar - Ela me tratou como se ela não fosse a rainha. A última que tivemos era arrogante de mais.

  Dei os ombros. Faz sentido.
  Conversando mais um pouco sobre assuntos aleatórios e andando pelos corredores do castelo, passamos ao lado de um grupo com cerca de quatro jovens vestindo armaduras completas de prata e com seus capacetes em seus braços. Carregando em seu peito esquerdo, os seis cavaleiros mostravam o mesmo brasão: uma estrela de oito pontas dourada tinha duas espadas de prata cruzadas em suas costas. Uma coroa dourada em cima e dois dragões com os pescoços entrelaçados devoravam-na como uma tapeçaria. Realmente era muito bonito de se ver.
  Estávamos voltando da cozinha quando ouvi nos chamar:

  - Ei, você! - A única diferença para o guarda que havia me chamou dos demais, é que seu brasão era maior e sua armadura parecia ser mais reluzente - Preciso de uma coisa.
  - O que quer, senhor? - Molly se coloca em minha frente, como um gesto protetor. Respirando fundo antes de encarar o homem, ela sorri do jeito mais forçado possível. Os outros cinco cavaleiros receberam as ordens de se retirar dali - O que deseja comer?
  - Não quero comer nada. - Fixei meus olhos no chão. Sentia seu olhar sobre mim, mas não tinha coragem de encara-lo também - Preciso que arrumem meu quarto, docinho.
  - Claro, meu senhor. - A loira responde a contragosto. Queria me pronunciar também, dizer qualquer coisa, mas o medo dele ainda me encarar era maior. Um buraco começou a se abrir em meu estômago, me deixando com ânsia e uma leve dor de cabeça - vou providenciar os baldes e duas camareiras para ajudar. - Assim que termina de falar, Molly se vira imediatamente e começa a me empurrar para longe. Uma mão em meus ombros me fazem parar de forma bruta.
  - Eu quero ela. - Seus olhos caíram sobre mim no exato momento em que eu o encarava também. Eles eram um tipo de castanho claro, amendoado. Sorrindo de lado, seu olhar presunçoso me mediu.
  - O quê? - Ele não podia estar falando sério. Olho para Molly desesperada, que também estava com uma expressão chocada. Respirando fundo, ela se recompõe e o olha firme, concordando com a cabeça. Antes de sair, o cavaleiro agradece chamando ambas de amor e que também não tinha o dia todo. - Por quê?
  - Esse homem que acabou de sair - Ela me puxou para um canto mais isolado do corredor e começa explicando - É um dos homens mais poderosos deste reino. Ele é, nada mais, nada menos, que o general da guarda real. - Ela respirava fundo, querendo acalmar os nervos. A loira colocava as mechas do cabelo atrás da orelha, fechava os olhos e repetia palavras que eu não entendia. - Me desculpe, querida, mas você vai ter que limpar aquele maldito quarto mesmo.
  - Não tem problema. - Repetia tentando acalmar a mulher a minha frente - Não deve ser tão ruim assim. - Ela me olha com a sobrancelha arqueada, como se quisesse que eu pensasse duas vezes antes de dizer qualquer coisa. - E não me olhe assim.
  - Eu vou te dizer o que fazer, mas assim que tudo isso acabar, você me encontrará na cozinha e vamos para casa.
  - Vamos, mas o que tenho que fazer?

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