Percy

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   – Tire os dedos daí.

Jason está debruçado sobre a tigela, cutucando a massa de pão nove grãos. Tiro o pano de prato da cintura e lhe dou um peteleco na nuca.

– Ai!

– Eu disse para tirar os dedos daí.

Ele se endireita e limpa a mão na calça jeans. A farinha forma uma nuvem ao redor dele.

– Eu só queria ver se é igual a uma bunda.

– Que mente mais pervertida.

– Foi você que me disse isso.

– Eu jamais diria isso. Lave as mãos primeiro, se quiser tocar na massa.

– Eu lavei.

– Lavou nada.

– Lavei, sim. Eu sempre lavo as mãos depois.

Depois, no caso, significa depois de sair da cama dela. Na metade das vezes que Jason aparece na padaria à noite, ele está bêbado. Na outra, acabou de transar.

Hoje, tenho quase certeza de que são as duas coisas.

– Talvez você devesse lavar as mãos antes, para parar de espalhar sarna pelo campus.

– Sarna? Cara, que nojo. Meu corpo é praticamente um templo.

– E eu tenho certeza de que as suas mulheres o adoram, mas, como eu não sei por onde esses dedos andaram, você vai lavar as mãos de novo antes de tocar nessa massa ou eu vou acabar com a sua raça.

Ele levanta as duas mãos, rendido.

– Tudo bem, cara, tudo bem. Que bicho mordeu você?

– Nenhum.

Jason lava as mãos. Lavo a tigela da batedeira com um raspador, água e sabão, então seco e esfrego até brilhar.

Gosto de trabalhar sozinho, sem ninguém por perto para encher o saco sobre o meu temperamento.

Agora, por exemplo, ninguém irá perceber que estou há semanas de mau humor porque, toda vez que vejo Luke Castellan, quero bater nele de novo.

Não devo ter batido com força suficiente da última vez, porque ele continua desfilando com aquela porra de sorriso ordinário.

Jason põe as duas mãos na massa e começa a massageá-la com os olhos fechados e uma expressão de êxtase. Ele está agindo como um verdadeiro idiota. Olhando para ele, ninguém diz que é um gênio da matemática.

– Eu não vou deixar você trepar com a massa, se é nisso que está pensando.

– Shhh. Estou só fazendo uma comparação.

– Com quem?

– A garota com quem fiquei hoje. Penelope.

– A de cabelo preto? Meio grandona?

– É.

– Meu Deus...

– Por quê? Você gosta dela? Se tivesse me dito, eu não teria...

– Não, tudo bem. Ela é minha parceira de laboratório.

– Ela tem uma senhora bunda.

– Eu não quero saber.

Eu não tenho nenhum interesse em Penelope. Só não quero ir para o laboratório e precisar pensar em Jason em cima dela ou coisa parecida.

Ele me contaria todos os detalhes se eu não o proibisse. Jason conta qualquer coisa a qualquer um. Na minha cidade, um cara que se vangloriasse tanto quanto ele apanharia com bastante regularidade. Quando o conheci, no ano passado, pensei que provavelmente o mataria em uma semana e, com isso, perderia a minha grande oportunidade.

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⏰ Última atualização: Mar 28, 2018 ⏰

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