(Coração bate forte)
Acordou em seu quarto, com um cheiro de torradas no ar. Kyra estava preparando um café da manhã que parecia sensacional.
-As pessoas precisam parar de me carregar quando eu desmaio na rua. -Diz Brayan rindo.
-Aliás, não basta saber de um monte de coisa, você sabe até aonde eu moro. Vai falar que você é uma espécie de estranhos igual a "minha coisa"? -Pergunta Brayan.
-Você não é uma "coisa". Você é um demônio. Não percebeu ainda?
-E como você tem tanta certeza disso?
-Acho que já posso abrir o jogo com você. -Kyra vira para Brayan com rosto sério. E continua...
-Você realmente não se lembra de mim?
-Eu sei que você está na minha memória de alguma forma, mas não consigo lembrar.
-Eu sou Amy Lee. Estudamos juntos a quatro anos atrás. Estou fugida literalmente da morte. Vim de Washington e deu uns jeitoso para conseguir documentos falsos e um novo nome. E quando você chegou em Virginia produzindo seus próprios documentos falsos eu pensei que talvez estivesse fugindo da mesma coisa que eu, então comecei a te observar. Daí percebi que era bem diferente. Você ativa os olhos vermelhos de sangue que é a primeira coisa que acontece com um demônio encarnado. Matou o espírito que perseguia seu amigo Matt. E eu sabia que aquela dor de cabeça era um sinal de que você iria tomar forma. Eu estava lá mas não me intrometi. Você podia perder o controle, sei lá.
-Aham...e ai? Você ainda não chegou no ponto que quer chegar. -Diz Brayan decidido.
-Não mesmo. O ponto é que eu tenho saudades da minha família e dos meus amigos. Eles não sabem que estou viva. E não aconteceu nada que eles falaram. Eu só tive um desmaio por ter tentado invocar a morte. Esse desmaio me levou para o hospital e ela estava lá. E eu fugi quando iria me trocar de quarto. Assim, outra pessoa foi enterrada em meu nome. E ninguém percebeu nada já que todo o serviço ficou para a funerária. Nenhum membro da minha família queria ver meu rosto morto e pediram pra fechar o caixão. Enganei a própria morte e fugi de Washington. A questão é que estou convencida de que só você pode me ajudar a voltar pra casa. Ou matando a morte, ou dando um outro jeito. -Kyra diz com lágrimas nos olhos.
-Kyra, eu mal sei o que está acontecendo comigo. Nem sei controlar direito. Nada me passa de raiva extrema e momentânea. Como é que eu vou matar a morte? E depois disso? Ninguém morrerá mais?
-Os ceifadores irão cuidar do resto. Você pode matar a morte.
-Então virão atrás de mim. Não é óbvio?
-E você acha que é fácil ou possível matar um demônio? -Depois dessa frase, houve um silêncio.
-Tudo bem...eu vou pensar. Vamos comer porque estou com fome. -Os dois riram e ali se quebrou um gelo. Estranho se pensar que enquanto Brayan dormia, Kyra não parava de olhá-lo.
Os dias foram passando. Brayan continuava saindo toda noite mas ele não conseguia tomar a forma totalmente novamente. Todas as noites via Kyra e eles tinham uma amizade interessante. Até que em uma noite. Algumas coisas deram errado. E em um assalto surpresa a um banco, matou um uma senhora inocente. Brayan se sentiu culpado e foi conversar com Kyra no alto do prédio de sempre. Ela sempre se apresentava com um estilo de roupa muito agradável para um "roqueirinho adolescente". Kyra o abraçou forte e disse:
-Olha meu demoninho. Você é ótimo no que faz, porém não podemos salvar todo mundo. Alguma coisa um dia tem que dar errado com alguém. -Brayan realmente estava se importando com a morte daquela inocente. De repente, Kyra pegou no rosto de Brayan e deu um beijo. Suave, com direito a um passeio das unhas de Kyra pela nuca de Brayan. Brayan esqueceu de tudo e se sentiu mais forte. Era como sentir suas forças se mexendo como moléculas quentes. De repente, outro barulho de sirene surge, e Kyra diz sorrindo:
-É a vida lhe dando mais chances. -Brayan sorri, coloca sua toca e pula abrindo suas asas em busca de ser útil mais uma vez para a sociedade. Era um demônio afim de fazer o bem. Nem cogitava machucar alguém.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Era um demônio
Historical FictionEra tudo quase normal, um garoto que queria apenas viver sua vida, descobre que tem algo de errado contigo. Sem pai, sem mãe, e finalmente sem bisavô...até que um dia um desconhecido disse que estava na hora de acordar o "ser" que existia ali...entã...