Primeiros socorros

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Lucy sufocou o grito com as mãos, aquela cena era horripilante, ela nunca tinha visto um cadáver, ainda mais no seu porão, ela olhou ao redor e ficou pensando como aquele corpo tinha ido parar ali, as janelinhas que estavam abertas eram muito pequenas para se passar um corpo daquele tamanho.

De repente, um braço se mexeu e ela pulou para trás e sentiu seu coração quase pular garganta a fora, ela sentia suas mãos tremendo em seu rosto e o pânico crescendo em seu peito, o "cadáver" estava vivo.

Ele mexeu mais uma vez e ela pensou em gritar bem alto e deixar que seus pais resolvessem aquele assunto estranho, mas algo em sua mente não a deixava fazer isso, ela ficou um tempo respirando até seus batimentos voltarem ao normal e sua mão parar de tremer um pouco. Lucy caminhou lentamente até o corpo e se ajoelhou.

O capuz que tampava o rosto da pessoa estava um pouco sujo, então, ela tomou coragem e o levantou, revelando cabelos loiros lisos e uma pele clara na parte do pescoço. Ela empurrou a pessoa algumas vezes, para ver se ela estava acordada, mas não houve resposta, por estar de barriga para baixo, ela não conseguia ver direito se estava respirando ou não. Foi então que ela posicionou as duas mãos no braço esquerdo da pessoa e fez força para virá-la.

Não foi fácil fazer uma pessoa, daquele tamanho, virar, já que Lucy não era o tipo de garota que malhava e era forte, ela tinha braços bons para carregar bandejas em seu trabalho, não para virar corpos no seu porão. Quando finalmente conseguiu o que queria, Lucy tampou a boca novamente, era um rapaz.

Lucy examinou as roupas dele, ele estava com uma parte do lado direito do casaco, meio estragado, ela passou dois dedos sobre o pano e percebeu que seus dedos se mancharam de sangue, não coagulado e sim, sangue vivo, quente. Mais uma vez o pânico cresceu em seu peito, o rapaz estava ferido. Ela abriu o casado e por baixo dele, ainda tinha várias blusas, Lucy conseguiu tirar a blusa de lã, depois a camiseta de malha quente e por fim, chegou a uma camisa branca empapuçada de sangue.

- Meu Deus! – Lucy afastou a camisa e viu um ferimento horrível que ainda sangrava, lentamente. – Tenho que estancar o sangramento! – disse ela para si e ficou de pé, viu que suas mãos estavam sujas de sangue e foi até o tanque, as lavou e ligou o aquecedor, por causa da adrenalina em seu corpo, ela não estava sentindo frio, mas precisava deixar o ambiente quente para o rapaz, ainda inconsciente.

Foi até as janelinhas e as fechou, secou suas mãos na saia e ficou imaginando o que poderia usar para estancar o sangue, ela foi até seu monte de roupas e achou um lenço que costumava usar para sair, ele não estava tão sujo, ela o pegou, ajoelhou-se novamente ao lado do rapaz e pressionou o ferimento.

- Ai meu Deus! – Lucy sabia que aquilo não seria suficiente, sua mente começou a vasculhar o que tinha na sua casa para ajudar a parar aquele sangramento, foi quando lembrou se do super armário de medicamentos de sua mãe.

Geórgia era enfermeira num dos principais hospitais de Londres e era normal, ela levar para casa todo tipo de material que ela não havia utilizado com seus pacientes. Sempre quando Lucy ou Ian precisavam de alguma coisa para cuidar de seus machucados, era lá que eles recorriam.

Lucy sentiu sua mente clarear, tudo que precisava estava lá, mas como ela ia voltar, entrar na cozinha, contar aos pais que tinha achado um rapaz ferido em seu porão e voltar com vários materiais na mão para ver se conseguia salvar a vida do desacordado. Ela olhou em volta e achou uma caixa de sapatos, Lucy se levantou, jogou o conteúdo da caixa num cantinho e olhou mais uma vez para o semblante pálido do rapaz.

- Aguenta aí, que eu vou te ajudar! – ela subiu correndo as escadas e ao passar pela porta a fechou. Seu pai já tinha saído da mesa e ido para a sala, seu irmão tinha ido, com certeza, para o quarto e sua mãe, ido à feira. Lucy respirou aliviada e foi direto para a portinha milagrosa e começou a colocar tudo que achava que seria útil para estancar o sangramento e fazer um belo curativo.

Cinco minutos depois, Lucy voltou para o porão, desta vez, passou a chave na porta, ela desceu as escadas correndo, deixou a caixa de sapato ao lado do rapaz e foi lavar sua mão, novamente. Assim que se ajoelhou ao lado dele, começou o salvamento.

Ela deixou seus instintos falarem mais alto, nunca tinha sentido apresso pelo trabalho da mãe, sabia que não era com aquilo que gostaria de trabalhar, mas admirava o quanto a mãe era sangue frio para qualquer tipo de situação, o que já não acontecia com Lucy, ela era toda emotiva e chorona, não sabia exatamente de onde estava vindo a sua coragem para cuidar do rapaz, mas seu trabalho foi recompensado, quando o sangramento parou definitivamente e ela conseguiu fazer um curativo, digno de nota oito.

Ao cruzar as pernas e olhar para o seu trabalho, Lucy percebeu que suas mãos voltaram a tremer a adrenalina estava baixando e seus olhos encheram-se de lágrimas.

- Como você veio parar aqui? – perguntou ela baixinho, sua voz estava embargada e logo ela começou a chorar.

Draco e LucyWhere stories live. Discover now