Certezas

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Draco aparatou no porão e levou um susto, sem falar no grito de Lucy.

- AAAAHHHHH!!!!! – ela estava encostada na parede da escada com a camisa dele nas mãos, os olhos dela estavam um pouco avermelhados e as bochechas molhadas. – Você...você... – gaguejou ela sem conseguir formar uma frase.

- Calma Lucy, calma... – disse Draco caminhando até ela lentamente, como se ela fosse um artefato que poderia explodir aos gritos novamente. -...eu posso explicar...

- De repente...do...nada...como? – disse ela com os olhos brilhantes, Malfoy não conseguia distinguir se era medo ou curiosidade.

- Antes deu dormir...lembra? – perguntou ele, ela balançou a cabeça afirmativamente e ele continuou. – Eu disse a você que era um bruxo e eu não estava mentindo...certo?

Lucy o ouvia atentamente, mas não conseguia pensar em nenhuma pergunta descente, estava tão confusa, meia hora antes estava chorando por causa do rapaz que saiu do mesmo jeito que entrou, e não falou com ela, não se despediu e de quebra, deixou uma camisa para ela achar que o que tinha acontecido, foi verdadeiro.

- O que eu fiz aqui foi aparatar, esse é um dos meios de locomoção que os bruxos têm, entendeu? Foi assim que eu cheguei aqui nessa madrugada. – Malfoy estava ao pé da escada, Lucy continuava grudada na parede e apertando a camisa dele. – Você está amarrotando minha camisa preferida!

Lucy olhou para as mãos e depois o encarou novamente, seus olhos agora estavam mais para curiosidade, do que medo.

- Você...você é um bruxo...de verdade?! – disse ela fazendo seu cérebro trabalhar e registrar o que estava acontecendo.

- Isso, foi isso o que eu acabei de falar...você cuidou de mim, me achou bem verdadeiro, não é?! – perguntou ele observando a melhor maneira de chegar perto dela.

- Que verdadeiro! – disse Lucy, com as sobrancelhas arqueadas, ainda tinha na cabeça a barriga sarada dele e sem falar, no peitoral.

Draco sentou-se um degrau abaixo de Lucy e a fitou com um sorriso, ele segurou a camisa dele e começou a puxar vagarosamente.

- Você é...um bruxo bom...ou mal? – perguntou ela curiosa, quando ele conseguiu pegar a camisa, ela relaxou e os joelhos dos dois ficaram se tocando na escada.

- Ah sim, o bem, o mal...- começou ele dobrando a camisa. - ...posso dizer a você que já fui mal, aliás, queriam que eu fosse mal, devido a minha posição e nome, mas agora...eu acho que eu estou escolhendo.

Lucy percebeu um tom de mágoa ao falar sobre aquilo, para ela, ele não tinha cara de ser um bruxo mal, irônico e sarcástico sim, mas mal não, aqueles os olhos azuis a deixavam tranquila.

- Entendi...pelo visto suas escolhas ainda estão o machucando. – disse ela séria, seus olhares se encontraram e Malfoy assentiu.

- Bem, o que aconteceu comigo noite passada foi parte do lado que eu escolhi para ficar, o lado bom.

- Sei...- disse ela sentindo-se um pouco sem graça.-...durante meia hora, achei que você não fosse mais voltar...ainda bem que você me enganou e voltou.

- Posso ser sincero com você? – perguntou ele seriamente.

- Por favor! – disse ela agradecendo.

- Eu jamais tive algum contato com uma pessoa como você...aliás, eu pensei em não voltar para cá e fazer de conta que nada disso tinha acontecido. – disse ele sério, o estômago dele estava apertado, e não era de fome.

- Pessoa como eu, como assim? – perguntou ela não gostando daquele termo.

- Eu vou explicar...- ele segurou as mãos dela que estavam em cima dos joelhos e virou as palmas para cima. – Fisicamente, nós não somos diferentes – ele juntou as mãos dela - ...mas nossos mundos sim...- ele separou as mãos – bruxos são aqueles que podem fazer magia, que estudam para isso, já você, bem...nós chamamos de trouxa...

- O quê?! – disse Lucy querendo que ele soltasse as mãos dela.

- Calma...não é o que você está pensando e sim...pessoas que não podem fazer magia, pessoas normais, com vidas normais...entendeu?

Lucy olhou para duas mãos e percebeu que os dedões dele a acariciavam, ela voltou a encará-lo e por um momento, se sentiu diferente por estar ali, tendo aquela explicação sobre um mundo que ela achava ser impossível de existir.

- Vocês também usam varinha? – perguntou ela de repente, se lembrando dos filmes de bruxa que ela tinha assistido quando criança.

- Sim, eu tenho uma. – Malfoy soltou uma das mãos dela e colocou a mão no bolso do casaco e mostrou a varinha para Lucy. Ela estendeu a mão para pegar, mas ele não deixou. – Isso eu não posso deixar você pegar, ok?!

- Nossa...eu só queria ver...direito! – disse ela com um sorriso de canto de boca.

- Bem, eu acho...que meu machucado está vazando. – disse ele a soltando e se colocando de pé, ele tirou o casaco e o colocou no corrimão da escada, depois levantou a blusa de malha e a camiseta, Lucy quase perdeu o fôlego por ver a barriga dele tão de repente, dois filetes de sangue escorriam pela lateral e sumiam pela cintura.

- Aliás, você não tem nenhuma magia para curar isso? – perguntou ela com as mãos na cintura.

- Engraçadinha, não são todos os bruxos que tem conhecimento em feitiços de cura, certo?! – Lucy se levantou e desceu os degraus, ao parar no último, ficou cara a cara com Draco e uma vontade louca de beijá-lo invadiu a sua mente, mas ela chutou tudo para o canto e mostrou o lugar onde ele tinha que deitar, novamente.

Mais uma vez, Lucy pegou a caixa de sapatos e ajoelhou ao lado dele, ela tirou o curativo antigo, cheio de sangue e limpou o vazamento.

- Acho melhor você trocar de calça. – disse ela percebendo que a dele estava com uma grande macha de sangue. Ele começou a soltar o cinto, quando ela segurou as mãos dele e disse, num tom surpreso:

- Calma, não vai ser na minha frente!

- Desculpa! – ele sorriu e ela percebeu que ele estava achando graça na reação dela.

- Você realmente pensou em não voltar para cá? – perguntou ela, pegando novas gazes na caixa.

- Pensei, por um momento, mas como eu poderia sair assim, sem me despedir sem te agradecer, isso não é certo. – respondeu ele com o olhar sincero.

Lucy apenas o olhou e se concentrou no machucado, depois que ele estava novo em folha, ela foi até uma das caixas e pegou uma calça de moletom preta que tinha sido do seu pai, Lucy deu as costas para o rapaz enquanto ele tirava a calça e colocava a de moletom.

- Parece que eu e o seu pai temos o mesmo tamanho! – disse ele percebendo o quão certo ficou a calça.

- Na verdade, essa calça meu pai usava quando tinha uns vinte anos, agora ele não é tão magro e gost...digo,como você. – Lucy sentiu suas bochechas queimarem, demorou um tempo ainda de costas para ele e quando se virou, o achou engraçado.

- Gostou? – perguntou ele se exibindo.

- Normal! – ela sorriu.

Draco e LucyWhere stories live. Discover now