Capítulo 14 - Solidez humana.

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O espelho estava posicionado rente à sua jugular, tão próximo que qualquer movimento resultaria em uma quantidade exorbitante de sangue e um corpo caído no chão,  pronto para que o necrófilo abusasse dela.

Ao perceber que de qualquer forma sofreria, ela decidiu se levantar e andou em círculo se aproximando da porta do quarto, enquanto Pietro permanecia do lado oposto, agora na beirada do leito, quando Aria abriu a porta foi andando lentamente para trás até esbarrar em algo e deixar o espelho cair percebendo que seu pesadelo se aproximava, ela se virou rapidamente no intuito de correr para fora do hospital, quando aquilo que estava atrás de você estendeu a mão e puxou-a para trás de si. Era ele.

- O que está acontecendo? - sua voz era direta e de tom rígido.

Ela queria abracá-lo, pular em seus braços mas sabia que aquilo não era possível.

( Anda idiota, foge antes que ele faça o mesmo com você. Gorda filha da puta, você pensa que ele te ama mas você não serve nem pra uma noite, você causa ressaca nas pessoas. )

Ao ouvir as vozes em sua cabeça, Aria gritou, gritou como nunca antes. Tudo o que havia segurado por anos foi liberado num único tom extremamente agudo e irritante, um grito de desespero, de dor e angústia com tantos sentimentos que apenas Chris, que possuía uma ligação com a jovem soube interpretar, neste instante a soltou, ela se ajoelhou e em um movimento rápido pegou o espelho e passou em seu pulso, o mais fundo que pôde e só então parou de gritar, silenciou - se completamente enquanto o psiquiatra a pegou no colo e correu para a área emergencial do manicômio, o sangue jorrava e a sonolência vinha acompanhada do pensamento de fim do sofrimento de uma vida.

Evans corria o mais rápido que conseguia em direção ao prédio do outro lado do bosque, sentindo o sangue quente de Aria que passava do pulso para sua camisa Armani branca e sentia a mesma grudar em seu corpo, ele a via envaindo-se por entre seus dedos e o desespero tomou conta de seu corpo quando a sentiu ficando mais gélida e desfalecendo a cada segundo.

Sua pele estava cada vez mais pálida e ele desejava chegar logo... Antes de perdê - lá. O bosque era extenso e as lágrimas já marinavam seus olhos, o medo o perturbava com inúmeras microexplosões em seu coração e suas pernas começaram a falhar; ele chorava incessantemente e com a visão embassada não enxergou a pedra em sua frente, esbarrou e caiu, sua cabeça foi de encontro a ponta do objeto e ele logo sentiu a inconsciência chegando, tentou se levantar mas estava desnorteado, se aproximou do corpo da jovem que agora estava quase transparente e sentiu a presença da morte cada vez mais perto e não estava disposto a deixá - la levar sua pequena.

Ainda com a visão turva e o sangue escorrendo em sua testa, ele a pegou em seus braços novamente e voltou a se dirigir ao prédio que estava há 50 metros deles.

Cada passo exigia demais do corpo dele mas Evans faria de tudo para salvá - la, nem que isto lhe custasse sua própria vida. Ao cruzar a porta do saguão ele começou a gritar, implorando por ajuda e os enfermeiros logo o auxiliaram, mostrando a direção do quarto e o acompanhando.

Ele a depositou no leito e foi tomado pela inconsciência conseguindo ver apenas uma figura negra espreitando os médicos e enfermeiros, se aproximando  e levando suas mãos na direção dos olhos de Aria com o intuito de fechá - los, e o psiquiatra só conseguiu sussurrar "me deixe com ela"  e a imagem voltou - se para ele com uma expressão de espanto e de dor.

A alucinação lhe parecera tão real quanto o vento frio que percorreu seu corpo ao observar a ceAna antes de desmaiar no chão do quarto.

O psiquiatra acordou assustado, e ouvia apenas um murmurinho ao seu redor, fechou os olhos novamente, nervoso e em um colapso interno lembrou - se:

- Aria! - ele se levantou rapidamente da cama, e sentiu uma tontura repentina consequência da batida de algumas horas atrás. - Onde ela está?

As enfermeiras se entreolharam, o que o deixou mais nervoso e repetiu a pergunta num tom ríspido e arrogante, as mesmas indicaram o quarto ao lado, meio receosas quanto a postura dele. Christopher não se importou com o aviso de que ninguém poderia vê-la e adentrou no ambiente.

Seus olhos foram diretamente para o corpo imóvel sobre a cama, ela estava com um ar tão "morto" e ao mesmo tempo sua feição parecia divertida. Os bipes do aparelho que controlava seus batimentos cardíacos eram o único barulho que se ouvia enquanto ele se aproximava lentamente do seu querubim, um curativo começava no seu pulso e atravessava seu braço esquerdo até quase a dobradiça deste, ao ver aquela situação ele quis chorar, quis estar no lugar dela, quis nunca ter desafiado aquele garoto,  quis nunca ter saído de casa naquela noite, quis acabar com o sofrimento dela, quis  colocá-la numa caixinha de cristal para que ninguém pudesse tocá-la ou machucar seu coração , e apenas observassem sua beleza com admiração e desse modo, ela não sofreria nunca mais.

Um pequeno gemido cortou a imagem visualizada na mente do doutor que imediatamente se posicionou ao lado da moça que abria os olhos lentamente fitando a lâmpada no teto e respirando fundo, olhando a sua volta um pouco atordoada a confusa. Fechou os olhos novamente e os abriu, repetindo o que havia feito antes e murmurando :

- Porra. - ele quis rir pois aquilo demonstrava que ela estava bem, que estava viva e que aquela não era mais uma alucinação.

- Oi querida - ele sorriu de um modo terno, tentando expor sua felicidade em vê-la viva.

- Querida? Os anjos chamam os recém chegados de "querida"? - ela ainda mantinha seu humor negro - ou talvez você seja um demônio, se for, tudo bem eu fico no inferno com você.

Ele fechou os olhos e respirou fundo, fez isso mais uma vez para garantir e depois os abriu repentinamente, olhando-a novamente. Era verdade, ele não estava a mercê de uma alucinação ou um desejo subconsciente sendo projetado por sua mente.

- o que foi? - ela se assustou um pouco com a atitude dele - foi algo que eu disse?

E ele só conseguiu sorrir e se aproximou, colocou o dedo indicador sob o queixo da garota e o puxou levemente para mais perto, cheirou o perfume de seus cabelos e então disse:

- Eu precisava ter certeza - ela o olhou confusa enquanto ele sorria como um idiota ( palavras dela ) - de que você está aqui e de que minha cabeça não está me pregando peças.

Living in a dream - Chris Evans Fanfic (1ª temporada) - Completa.Onde histórias criam vida. Descubra agora