Porque eu me apaixonei

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Fantine

Hoje era o dia que eu tanto temi desde que me envolvi com a Luciana. Domingo, o dia em que eu jantaria com meus pais e lhes contaria tudo o que eu vinha vivendo.

O final de semana passou voando e agora eu estou no meu quarto, vestindo um roupão, a toalha na cabeça e uma Luciana atrás de mim, jogada na minha cama me olhando enquanto espera eu decidir o que vou vestir.

-Fan, essa roupa ta linda. Não precisa dessa agonia toda. Tenho certeza que a última das preocupações dos seus pais vai ser a sua roupa. – Ela disse após me ver pegando a terceira roupa.

-É, você ta certa. Vou assim mesmo.

Terminei de me vestir, dei um beijo na Lu e desci para esperar minha mãe que já estava chegando. Iriamos nos encontrar no restaurante do hotel.

Eu não sabia como minha mãe reagiria, mas esperava que não fosse tão ruim, uma vez que ela sempre me apoiou em minhas decisões e sentimentos. Minha preocupação maior era meu pai. Ele nunca foi das pessoas mais próximas de mim na vida. Passei anos tentando me moldar para ser a melhor filha possível para ele, tentando chamar sua atenção e faze-lo se orgulhar de mim. Por vezes abdiquei da minha própria felicidade para conquistar seu afeto. Mas eu cresci, me tornei mãe, fui para outro país e me dei conta de que a minha felicidade era minha, só minha e ninguém tem o direito de interferir nisso. E nesse momento, a minha felicidade estava nas mãos da Luciana e nem meu pai e nem ninguém a roubaria de nós.

-Oi, mãe! – Me levantei da cadeira ao vê-la entrando no restaurante e a abracei em seguida. Definitivamente não existe abraço melhor que o de mãe.

-Oi, minha filha. Como você está? – Ela perguntou após encerrar o abraço e me olhar dos pés à cabeça.

-Estou bem. – Respondi voltando a me sentar em meu lugar. – E a senhora?

-Comigo tudo bem, apenas com muita saudade de você e da Kikish. Não vejo a hora dela vir me visitar de novo.

-Daqui a pouco ela vem, pode esperar. – Dei um sorriso. Eu amava a relação que elas duas tinham. São muito parceiras, super apegadas, mesmo morando longe durante toda a vida.

-Mas, então... Você pode me adiantar sobre o que é esse jantar? Só pode ser muito importante mesmo, pra você marcar comigo e com seu pai ao mesmo tempo, sem mais ninguém. Fiquei preocupada, você está bem? – Ela segurava minha mão por cima da mesa.

-Eu estou bem. Na verdade, estou muito bem. Eu apenas preciso contar uma novidade, o motivo pra eu estar tão feliz, mas tenho um certo receio da reação do meu pai principalmente...

-Bom, se é motivo de felicidade, não vejo porquê ter receio. Fico até mais aliviada.

-Eu não sei se ele vai... – Interrompi minha fala ao ver meu pai chegando à mesa.

-Boa noite. – Ele chegou já nos cumprimentando e se senta a minha frente. – E então, minha filha, como você está? Suely... – Minha mãe acenou a cabeça para ele com um fraco sorriso no rosto.

-Tudo bem, e com você? – Perguntei.

-Eu estou ótimo, mas curioso. O que pode ser esse assunto tão importante que precise de um jantar desses?

-O que vocês acham de pedirmos um vinhozinho? – Sugiro já com a mão levantada para que o garçom venha nos atender.

Consegui enrolar meus pais durante um bom tempo. Tomava coragem cada vez que virava o vinho em minha boca para conseguir enfrentar meu pai. Falei sobre como andava minha vida na Holanda, trouxe notícias sobre a Kikish, contei algumas coisas sobre a volta do Rouge, mas quando minha mãe me questionou mais uma vez, eu decidi que era melhor parar de fugir e enfrentar a situação logo.

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