Ângela.
Ajudo minha pequena com seus deveres de casa, ela ama pintar e ler, Dani era uma menina muito inteligente e esforçada, eu amava minha bonequinha.
─ Essa palavra é papagaio, não é Ângela? ─ ela pergunta mostrando na atividade. Ela não me chamava de mãe, só às vezes, eu até entendia, ela iria se acostumar uma hora ou outra.
─ Sim, filha ─ digo animada. ─ Por que você não me chama de mamãe?
Ela ergue o olhar, a vejo me encarar durante alguns instantes, logo ela olha pra algo atrás de mim e abaixa a cabeça.
─ Ora, ora, minha filha e minha querida esposa juntas. Que cena agradável.
─ Chegou agora, amor? ─ lhe beijo nos lábios.
─ Agora mesmo ─ ele olha pra Dani. ─ Você não vai beijar o papai, filha?
Dani continua pintando sem se levantar ou erguer a cabeça, consigo ver que Nathan logo fica entristecido.
─ Beija o papai, Dani ─ a encorajo. ─ Ele chegou cansado, merece um abraço e um beijo.
Ela então suspira e se levanta, a vejo caminhar lento pros braços de Nathan e logo eles dois estão se abraçando.
Pego o desenho que ela pintava e encaro, era um rabisco de uma boneca pequena e uma maior, a pequena parecia com a Dani mas a maior... não parecia comigo.
Tinha os cabelos cor marrom e os olhos também.
─ Quem é essa mulher, Dani? ─ pergunto mostrando o desenho, ela está impassível no colo de Nathan.
─ Minha mãe ─ ela diz ríspida.
─ Mas a mamãe tem o cabelo loiro ─ pego nos meus cabelos. ─ Precisa pintar um cabelo amarelo.
Ela fica calada.
─ Vou fazer o jantar ─ me levanto desconfortável. ─ Nathan, você pode ajudar Dani no banho?
─ Claro ─ ele a abraça.
─ Não mamãe, me ajude você... nunca mais você lavou meus cabelos, por favor ─ ela se levanta e vem me abraçar.
─ Tudo bem.
Nathan então se levanta e sai, separo uma roupa pra minha pequena e pego seu roupão de banho.
Dani tem muita vergonha de ficar sem roupa em minha frente, já conversei com ela e disse que sou sua mãe e que sou menina, que homens que não podem a olhar sem roupas.
Ela tira o vestidinho e desamarra os cabelos cacheados.
Noto um roxo em seu braço.
─ Onde se machucou, meu amor? ─ pergunto amavelmente. Ela fica calada. ─ Onde?
─ Brincando, mamãe. No escorregador da escola.
─ Precisa ter mais cuidado.
─ Terei.
Ajudo ela no banho e em seguida a visto, ela gostava de fazer tudo sozinha mas tinha dificuldade de lavar seus cabelos sozinha.
Desço com ela e a coloco sentada no sofá pra ver algum desenho enquanto faço o jantar.
─ Vai fazer o que? ─ Nathan me abraça por trás. ─ O cheiro está incrível.
─ Strogonoff.
─ Minha comida preferida ─ ri amavelmente. ─ Amor, Dani anda muito mal criada... não acha? Sempre que peço carinho ela não me dá.
─ Precisa ter paciência, querido... ela saiu faz pouco tempo do orfanato, está se adaptando.
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Um presente da vida #2
RomanceDois anos se passaram após o nascimento de Miguel, dois anos se passaram desde que Fernanda deixou seu filho pequeno pra ir em busca de novas oportunidades na vida, agora, com vinte anos ela leva uma vida totalmente diferente da que tinha anos atrás...