Capítulo 2: Casados

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Primeiramente, quero pedir desculpas por ter colocado o desenho do quarto dos meninos no último capítulo. Aquilo lá eu fiz nas pressas e tals, só porque deu a louca no meu "lado arquiteto". Mas é claro que, se vocês quiserem, posso fazer uma planta do apartamento bem bonitinha e mostrar pra vocês.

POV MARIA HELENA
Estou casada! Nem acredito nisso. Daniel é um homem tão bom comigo e com meus filhos. Infelizmente, Matheus não pensa assim também. Mal nos mudamos ainda e ele já desrespeitou o padrasto. Quem diria que meu filho mais velho, que, normalmente, é tão correto, faria isso? Ele tem sorte do Dan ser a pessoa mais calma que conheço. Ele nasceu pra ser psicólogo e, por que não, pai.

- Tia Lena! - Gustavo entra no meu quarto. - O que está acontecendo?
- Seu pai e o Matheus estão conversando.
- Tá tudo bem? - Agora foi Guilherme que perguntou.
- Está sim. Venham cá. - os chamo e eles se sentam na minha cama comigo. - Estão animados com a mudança?
- Sim! - exclama Gusta. É incrível como esse garoto é animado. - Você viu nosso quarto?
- Eu vi sim, Gusta. Ele é lindo, não é?
- Demais!
- Seu pai vai ficar feliz em saber que vocês gostaram. Como vocês vão decorar ele?
- Eu quero colocar um quadro de heróis! - diz Gui animado.
- E eu quero colocar meus brinquedos na estante! - comenta Gusta.
- Vai ficar mais lindo ainda então! - exclamo. Eu preciso distrair essas crianças enquanto Dan discute com o Matheus.
- Tia, eu quero o papai - Gusta pede.
- Calma, ele já tá vindo aqui.
- Sério? O que ele e o Matheus tão conversando? - Gui pergunta.
- É coisa de gente grande, querido.

POV DANIEL

Saio do quarto e deixo Matheus sozinho. Preciso procurar meus dois pequenos. Passo no quarto deles, mas está vazio. Onde eles estariam? Vou para o meu quarto para perguntar para Lena, mas vejo uma cena que me emociona. Minha esposa conversava animadamente com meus filhos. Eles pareciam tão felizes ali. Deixo de entrar no quarto e fico observando os três ali da porta. Como eu amo eles! Pelo menos algum de nós tinha uma boa relação com os filhos do outro.

- Dan? Desde quando está aí? - Maria Helena nota minha presença.
- Pai! - Gusta pula em meu colo.
- Oi, filho, calma! - Um dia esses dois ainda vão me matar.
- Papai, o que você e o Matheus estavam conversando? - O que eu posso responder pro meu mais velho?
- É coisa de gente grande, Gui. Algum dia vocês vão entender. - Não tinha como eu falar tudo pra eles. Simplesmente não tinha.
- Mas, papai - Gusta reclamou.
- Sem "mas", pequeno. - Coloco meu filho no chão. - Vão pro quarto de vocês, por favor, eu tenho que conversar com a Lena - peço.

Meus filhos obedecem, saindo do quarto, mas antes dando um abraço em mim e em Lena. Eu amo esses dois num nível absurdo. Como dizem todos, Guilherme é um mini Daniel: todo certinho, estudioso, tranquilo... Já Gustavo é o oposto: agitado, brincalhão, divertido... E eu amo cada um deles por causa desses detalhes. São essas características que me fazem amar cada pedacinho deles. Aproveito para fechar a porta do nosso quarto e me sento na cama, ao lado de Lena.

- Estou preocupado com Matheus. - digo sem mais nem menos.
- O que houve lá?
- Ele acha que serei como o pai dele. Eu não o culpo por isso, sabe? Ele tem todos os motivos pra não confiar em homem algum depois de tudo que ele viu.
- Mas ele te desrespeitou, Daniel.
- Lena, eu acho que isso não acontece de novo. Ele pediu para não te contar, mas eu dei uma palmada.
- Uma? Você sabe o quanto Matheus é teimoso.
- Amor, ele falou de um dia que ele foi espancado por tentar te proteger.
- Eu não sabia que ele lembrava disso. Ele era muito pequeno, Daniel. Ele apagou e nunca mais tocou no assunto comigo.
- Acho que ele não queria que você revivesse a cena. Ana Júlia não sabia disso. Ele tenta cuidar de todos, Lena.
- Sim, ele é assim. Se preocupa com o bem de todos. Ele sempre fez tudo pela Ju e faria qualquer coisa que eu pedisse. Na verdade, eu nunca preciso pedir, pois ele sempre quer fazer tudo e eu não deixo.
- Ele é um bom menino, querida, você sabe. Vamos dar tempo pra ele se acostumar.
- Mas ele não vai te desrespeitar mais, amor, isso eu não aceito.
- Eu sei, querida, eu sei. Eu falei que não tolero desrespeito e que ele iria se resolver comigo caso acontecesse de novo.
- Você é maravilhoso. - Lena me beija.
- Você é mais, amor, pode ter certeza. - Retribuo o beijo.

Eu queria ficar ali, com a minha esposa, aproveitando o momento. Experimentar nossa cama nova pela primeira vez e tudo mais. Pena que não podemos fazer isso durante o dia com quatro filhos podendo escutar tudo e abrir a porta do quarto a qualquer momento. Foi falar em interrupções que ouvi uma batida na porta. Lena, que estava em cima de mim, se sentou e arrumou seus cabelos, além de conferir se sua roupa estava no lugar. Já eu, ajeitei a camisa que usava. Não fizemos nada, mas confesso que houve alguns amassos, minhas mãos na bunda de Lena, suas unhas nas minhas costas...

- Entre - falo.

Ana Júlia entra pela porta e a fecha logo em seguida.

- Desculpa se atrapalhei o casalzinho aí. - Ju pula no meio de nós dois.
- Ana Júlia! Isso é jeito de se falar?! - Lena repreende, mas eu percebo que ela queria rir.
- Então, vou direto ao assunto. - O que essa menina vai falar, Deus? - Por que eu não sei nada do que meu pai fez?
- Você era muito pequena, Ju, não se lembra de quase nada e isso é bom ou você acha que eu queria que seu irmão lembrasse tudo aquilo? Ele lembra até mais do que eu pensava que ele sabia.
- Mas não sabendo de nada eu não tenho argumentos! Eu fui defender o Dan e nem pude, pois o Matheus sabia de tudo e eu não.
- Você não precisa saber dessas coisas, Ana Júlia. Quanto menos souber, melhor. Pode ter certeza. - Lena sabe argumentar num nível que me surpreende.
- Mas, mãe, eu quero saber! - choraminga Ju.
- Ana Júlia, pode parar com esses chiliques caso você não queria apanhar.

Ana Júlia se calou, mas fez um bico que a fez parecer ter 6 anos de idade.

- Ju, não precisa tentar me defender do seu irmão. O que a gente menos precisa é de vocês dois brigando. - Eu não vou ser defendido por uma adolescente de 14 anos.
- Mas com ele daquele jeito vai ser difícil não brigarmos, Dan.
- Evite, por favor. Eu e sua mãe agradeceremos muito por isso - peço.
- Vou tentar. Satisfeito? - Essa menina tem uma boca afiada que não sei nem explicar.

Para provocar, começo a fazer cócegas na Ana Julia, que ria, gritava, me chutava e implorava para eu parar. Depois de um tempo, quando eu vejo que ela já estava até cansada, eu paro.

- Acho que vou começar a defender meu irmão, Dan. Você é muito chato!
- Eu sou chato, é? - Ameaço a voltar a fazer cócegas.
- Não, não! Você é super legal! - O que cócegas não fazem, né?
- Fico feliz em saber, Ana Júlia. - Provocar essa menina é uma coisa muito divertida, podem ter certeza.
- Fui traída pelo meu marido e pela minha filha, é isso mesmo? - Lena comenta.
- Você quer cócegas também, querida? - Eu sou muito sacana, me perdoem.
- Eu? Não, não. Tô bem aqui no meu canto.

Ficamos ali, um do lado do outro, num silêncio completo por muito tempo. Não falávamos nada, mas apenas a presença um do outro já nos fazia bem. Era incrível. Nunca pensei que poderia amar tanto uma mulher depois de me divorciar com Daniela, muito menos que amaria filhos que não eram meus. Mas aconteceu. E eu amo isso.

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