Uma só família

Capítulo 5: Futebol e Judô

Sim, eu demorei. Sofri um bloqueio criativo, mas estou de volta com esse capítulo que tem mais de 3000 palavras. Espero que gostem.

POV DANIEL

Acordo e já vou direto acordar os meninos, enquanto Lena ficaria com a missão de acordar Ana Júlia e Matheus. Chego no quarto dos dois e acordo Guilherme facilmente. Agora era a hora de acordar o impossível do Gustavo.

- Gusta, acorde.
- Eu quero dormir mais um pouco, papai.
- Você já dormiu muito, Gustavo. Levante.

Por algum motivo desconhecido, ele realmente se levantou. Nunca foi tão fácil acordar Gustavo como hoje.

- Não se atrasem, meninos. Ah, e vocês estão sem televisão até domingo.
- Ah não, papai - Guilherme reclama.

Saio do quarto e encontro Lena que saía do quarto de Matheus. Nós dois vamos juntos até a cozinha. Faço o café enquanto Lena fazia misto quentes. Logo Matheus chega e começa arrumar a mesa. Esse menino é tão incrível que ele faz as coisas sem pedirmos.

- Matheus, você já pensou em fazer algum esporte? - pergunto.
- Eu não tenho tempo - responde.
- Você precisar fazer alguma coisa para relaxar um pouco. Você só estuda. - Matheus não diz nada. - Já pensou em jogar basquete?
- Só por que sou alto e negro acha que sou jogador de basquete?
- Eu jogava basquete quando tinha a sua idade, Matheus, por isso estou perguntando. É um esporte legal, acho que você gostaria.
- Eu passo essa oportunidade, Daniel.
- E futebol, handebol, vôlei?
- Não.
- O que quer fazer? Academia? Algum tipo de luta? Dança?
- Luta e dança pode ser interessante.
- Eu conheço um cara que dá aula de judô se você quiser.
- Obrigado.
- Vou ligar pra ele e perguntar os horários, ok?
- E o preço? Tenho certeza que não é de graça.
- Matheus, deixa que isso eu resolvo, ok?
- Mesmo não gostando de você sei que você está pagando praticamente tudo. O apartamento, móveis, vai pagar nossas mensalidades ano que vem e agora aulas extracurriculares.
- Fica tranquilo. Eu e sua mãe já estamos conversando sobre isso.
- Conversando sobre o que? Ela ganha dois salários mínimos, Daniel.
- Quero montar uma loja pra sua mãe, Matheus. É o sonho dela e possivelmente com o tempo vai ter mais lucro.
- Mas antes de ter lucro vai precisar investir muito, Daniel. Eu posso ter 16 anos, mas não sou burro.
- Matheus, eu tenho noção disso. Não precisa se preocupar com isso, ok? - Matheus não responde, então eu apenas passo a mão em seu cabelo e dou dois tapinhas em sua nuca.

Logo as outras três crianças chegam. Sentamos à mesa para tomar o café da manhã, que foi feito em silêncio praticamente. Depois, sobem para buscar suas mochilas e eu aproveito para esperá-los dentro do carro. Vejo Guilherme e Gustavo se despedindo da Lena e entrando no carro. Os dois conversavam sobre qualquer jogo de futebol no ânimo de sempre. Deixo os dois na porta da escola e eles mal se despedem de mim com vergonha dos colegas enxergarem. Crianças.

POV GUILHERME

Eu e Gusta entramos na escola e ele logo entra na sua sala. Papai me faz ir com ele até a sala dele, sendo que, quando eu tinha a idade dele, eu já ia sozinho. Eu entendo que meu irmão é mais infantil, mas também não é assim, né. Encontro meus amigos e eles estavam falando em jogar futebol numa quadra perto da escola à tarde. Eu queria ir, mas sabia que papai provavelmente não deixaria por causa da briga de ontem. Por falar nisso, meu traseiro ainda doía. Maldita mão do papai! Quando toca o sino, eu e Felipe, meu melhor amigo, saímos conversando só nós dois.

- Eaí, Gui, você vai?
- Ah, não sei, a gente ainda tá fazendo a mudança lá em casa - tento arranjar uma desculpa.
- Mas, Gui, tu é o melhor do time, você precisa ir! Duvido que o tio Dan não deixe tu ir por causa da mudança.
- Meu pai tá bravo comigo, Lipe.
- O que aconteceu?
- Eu briguei com o Gusta.
- Brigou mesmo? Tipo, de sair no soco?
- Sim...
- O tio te bateu? - Felipe sabia como as coisas funcionavam em casa. Éramos melhores amigos desde nossos três anos.
- Aham - sussurro. Mesmo sendo o Lipe, eu sentia muita vergonha de admitir que apanhava do meu pai.
- Quando ele vir te buscar eu peço pra ele te deixar ir. Você sabe que ele vai deixar se eu pedir. - Isso era verdade. Papai amava meu melhor amigo e sempre deixava eu sair com ele.
- Obrigado, mano.